Com fórmula clássica, 'Amor Sem Igual' conquista público e mantém boa audiência para Record
'Todos os comentários nas redes sociais são sempre muito positivos', diz Sardão
Prestes a completar três meses no ar, "Amor Sem Igual" (Record) vem se utilizando de receitas clássicas da dramaturgia e da concorrência para manter o desempenho de audiência semelhante ou superior ao de sua antecessora "Topíssima", da mesma autora Cristianne Fridman.
A novela tem média de 8 pontos nos 34 primeiros capítulos, segundo dados do PNT (Painel Nacional de TV) do Kantar Ibope –"Topíssima" fechou com média de 9 pontos. A Record ressalta que o bom desempenho da trama em São Paulo e no Rio de Janeiro, com 7,4 pontos e 8,4 pontos de audiência, respectivamente. A emissora destaca ainda que o folhetim já atingiu pico de 15,3 pontos em Salvador, com média em torno de 13 pontos.
Essa resposta positiva não é à toa. Com uma narrativa moderna e contemporânea, a trama sobre o romance entre a garota de programa Poderosa (Day Mesquita) e o agrônomo e bom moço Miguel (Rafael Sardão) consegue dialogar com os telespectadores. Na visão de Valmir Moratelli, pesquisador de teledramaturgia da PUC-Rio, é uma aposta na "cartilha de sucesso" consolidada há bastante tempo pelo público.
"Eu vejo que tanto em 'Topíssima' quanto 'Amor Sem Igual', eles [Record] apostam em fazer o que a emissora concorrente [Globo] já faz. Até brinco dizendo que 'Amor Sem Igual' é a 'Dona do Pedaço' da Record. Consigo fazer esse paralelo de forma clara", afirma Moratelli, que elogia o posicionamento da emissora por ter escolhido uma prostituta como protagonista da obra.
"Ela aposta em uma protagonista que é garota de programa e que você torce. Poderosa está aí na luta, vem de baixo, é guerreira, se apaixona e tenta conquistar seu espaço. Tem todas as nuances de protagonista que poderia ser representada por qualquer outra categoria trabalhadora, como a Juliana Paes de confeiteira [Maria da Paz, em 'A Dona do Pedaço']."
Intérprete de Poderosa, Day Mesquita prefere definir sua personagem como uma "protagonista atípica". Na avaliação da atriz, a Record e a autora conseguiram atingir seus objetivos até o momento: quebrando preconceitos e humanizando a personagem. "As pessoas estão recebendo de uma forma bacana e era isso que a gente queria. Estou aproveitando. É um papel muito marcante na minha carreira."
A boa aceitação do público também é sentida por Rafael Sardão, galã do folhetim. Ele diz que nunca tinha tido uma resposta tão rápida em seus dez anos de carreira na emissora. "É impressionante. Todos os comentários nas redes sociais são sempre muito positivos e entusiasmantes. O reconhecimento do pessoal é algo que eu nunca tinha vivenciado."
Mesquita afirma que o assédio do público à ela aumentou e que até conselhos para Poderosa tem recebido. "Muita gente pede para ela largar essa vida e ficar com o Miguel, mas tem um público nas redes sociais que também torce para ela se dar bem. Para mim isso é um sinal muito positivo não só com o meu trabalho mas com a obra mesmo."
MUDANÇAS QUE DERAM CERTO
Além da estratégia de seguir com trama contemporânea, a Record também acertou em alterar a sua grade de programação. Desde novembro de 2019,0 a emissora adiantou o Jornal da Record e deixou a novela às 20h30 para competir com o Jornal Nacional (Globo) e Roda a Roda Jequiti (SBT). Aos sábados, o folhetim ganha um reprise –no mesmo horário– dos melhores momentos dos capítulos exibidos na semana.
"A troca de horário também ajudou muito porque dá uma opção para quem não quer ficar vendo notícia. É uma válvula de escape", cita o especialista formado pela PUC-Rio.
Para a atriz Michelle Batista (Maria Antônia), a tendência de sucesso da novela é crescente. "Acredito que a novela vai pegar ainda mais com o passar do tempo. A gente trabalha a beça mas vê que está valendo a pena. É algo diferente de tudo que vinha sendo feito aqui na Record."
Apesar de muito ser dito que "Amor Sem Igual" é a continuação do resultado positivo que "Topíssima" trouxe à emissora, a novela procura se diferenciar tanto no formato quanto no conteúdo. Diferentemente da antecessora, ela é gravada e escrita conforme o retorno do público. "As reviravoltas estão pegando a gente de surpresa. Tudo pode acontecer", afirma Day Mesquita.
O folhetim também aposta nas redes sociais como uma forma de dialogar com os telespectadores. Com perfis no Instagram, da Maria Antônia e da agência Bras Esporte (que compõe o enredo da narrativa), os fãs de "Amor Sem Igual" interagem pelos smartphones.
"Tento acompanhar o que acontece. Tem uma equipe que mexe no perfil, mas vejo muito engajamento do público. Eles dão conselhos para a Maria Antônia. É algo bem marcante da personagem, estou gostando da experiência", revela Michelle Batista.
Apesar dos personagens de Poderosa e Rafael Sardão não terem um perfil nas redes sociais, os atores contam que também recebem mensagens através dos perfis pessoais. "Eu meço bastante a reação do público através das redes sociais e eles mandam muitos recados. Alguns criam até perfis fakes sobre a novela", conta Sardão. Já Mesquita diz que "sem dúvidas a personagem é a que mais traz retorno do público nas redes".
Quando se trata de elenco, nomes como Castrinho, Beth Zalchman, Stefany Brito, Selma Egrei e Francoise Forton, se destacam e contribuem com o sucesso da trama, na opinião do protagonista Sardão. "Costumo dizer que esse elenco é um dos mais felizes que a Record conseguiu montar, por ter reunido nomes já conhecidos e uma safra de jovens atores muito boa. É até complicado citar alguns nomes porque vão ficar faltando outros [risos]."
Com gravações marcadas até o mês de abril, "Amor Sem Igual" deve ser exibida até o final deste semestre. Para a próxima novela, a Record ainda não disse se será contemporânea ou bíblica, mas na opinião de Valmir Moratelli, a volta de uma narrativa religiosa não seria nada improvável.
"As novelas bíblicas continuam tendo um público cativo, tanto que a Record não deixou de produzir. Mas essa trama urbana e contemporânea tem uma média de audiência já estabilizada nos últimos anos. Não há alteração muito gritante. Isso é uma coisa que instiga a emissora a pensar fora da caixinha, mas sem abrir mão das outras tramas."
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