Gabrielle Joie é primeira musa trans em camarote da Marquês de Sapucaí após fazer 'Bom Sucesso'
Deborah Secco e Mariana Rios estarão no camarote Allegria
Gabrielle Joie mal se despediu de “Bom Sucesso”, sua novela de estreia, e já encara um novo desafio, agora no camarote Allegria, na Marquês de Sapucaí. A atriz de 21 anos, que interpretou a personagem Michelly na novela da Globo, agora ocupará o posto de musa do camarote no Rio.
Segundo Diógenes Queiroz, sócio do espaço VIP ao lado de Gabriel Lobo e Guilherme Viana, esta é a primeira vez que uma mulher trans é escolhida como musa de camarote no Carnaval. Joie estará ao lado de Deborah Secco, que vem como rainha, e de Mariana Rios, que também ocupa posto de musa.
“Jamais tinha imaginado receber um convite como esse. Gosto de aproveitar as oportunidades e não tenho limites para a diversão. Quando esse momento chegar, serei feliz sem pudor. Estou muito realizada. É uma questão também de representatividade”, afirma ela ao F5.
Natural de Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, a atriz revela que vai curtir um Carnaval pela primeira vez. “Eu só assistia pela TV. Lá na minha cidade não tinha muita comemoração, só um bloquinho ou outro. Eu via a Globeleza e aquelas rainhas de bateria... Sempre quis vivenciar isso. Achava lindo.”
A morena, que viveu no Rio durante um ano e agora mora em São Paulo, diz que aprendeu a sambar durante suas idas às quadras de agremiações cariocas. “O samba vem do chão, da vibe, da música. Vai muito da energia. Senti isso e o samba no pé veio naturalmente. Não tem muita receita. Ainda estou aprendendo, claro.”
Para Joie, “ousar” é a palavra chave para uma pessoa se destacar das outras. “Eu adoro chamar a atenção, não nego. Sempre faço minha maquiagem. Desde os meus 14 anos a maquiagem sempre foi imprescindível para o meu processo artístico”, conta.
BUSCA PELA IDENTIDADE
Em recente entrevista ao F5, Gabrielle Joie afirmou que desde os 13 anos começou a sentir angústia em relação a sua identidade de gênero, mas que naquela época não sabia o que era transexualidade. Hoje, esclarecida e segura quanto a isso, ela diz que tem vontade de ser uma referência.
“Não por ser melhor do que os outros, mas para mostrar para as meninas que são como eu, ou para os meninos que fazem parte de um grupo de minoria, que é possível alcançar lugares que a gente nunca tinha imaginado”, explica.
“O Carnaval é um momento de diversão, óbvio, mas quando se fala de representatividade é um assunto que me toca. Ocupar esses espaços, para mim, é uma meta de vida. Quero estar em todo lugar, ser quem eu sou, independentemente da transexualidade”, completa.
A atriz conta que sentiu falta de referências durante sua adolescência, e diz que é importante que os jovens tenham com quem se identificar.
“Quando somos adolescentes, a gente busca a nossa identidade. Eu não era muito antenada em nomes na época da minha transição. Eu sabia que eu era assim, que eu precisava fazer esse processo. E a gente precisa, para a nossa trajetória e maturidade, ter boas referências (...) Eu ficava meio sem saber se eu era alguém aceitável para os meus pais.”
Passada a fase mais difícil de mostrar para a família, aos poucos, que é transexual, Gabrielle Joie diz que consegue entender a preocupação dos pais. Ela diz ainda que hoje em dia a mãe é sua fã número um: “Percebi que uma das coisas mais importantes quando se fala de família é a preocupação. Esse assunto às vezes é tratado de maneira muito exótica, e o medo deles era que eu não fosse bem tratada, que eu não arranjasse emprego. Hoje em dia, como conquistei muita coisa e consigo me sustentar, eles se sentem mais aliviados.”
“Acho que é bom normalizar as coisas. Tudo o que conquistei, foi por ser atriz, e não uma atriz trans, apesar de isso ser dito na maioria dos lugares. Acho que isso ajudou no processo deles de me olhar e ver que busco meu sucesso”, acrescenta.
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