Televisão

Antes de ser locutor esportivo, Silvio Luiz deu vida a Julinho na 1ª versão de 'Éramos Seis'

'Naquela época todo o mundo fazia um pouquinho de tudo. E era tudo ao vivo'

Silvio Luiz interpretou Julinho na 1ª versão de "Éramos Seis", papel hoje que é vivido pelo ator André Luiz Frambach, na quinta versão da trama, na Globo
Silvio Luiz interpretou Julinho na 1ª versão de "Éramos Seis", papel hoje que é vivido pelo ator André Luiz Frambach, na quinta versão da trama, na Globo - Instagram/Divulgação
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São Paulo

"Pelas barbas do profeta." Muito antes de se tornar o locutor esportivo conhecido por esse e outros bordões, Silvio Luiz, 85, exerceu seu lado ator. Foi em 1958, na Record, quando ele tinha 24 anos e deu vida a Julinho, o terceiro filho de Lola (Gessy Fonseca) e Júlio (Gilberto Chagas) na primeira versão de "Éramos Seis" para a televisão.

"Naquela época todo o mundo fazia um pouquinho de tudo. Aí eu fui convidado e fui lá fazer. Só lembro que não era gravado, era tudo ao vivo. Como não tinha videotape, a gente tinha que ralar mesmo, era ali que a gente mostrava o que era. Hoje em dia está fácil, porque grava, saiu errado, para e volta. Naquela época, não tinha essa facilidade", conta ele em entrevista ao F5.

A atriz e dubladora Arlete Montenegro, 81, que fez o papel de Isabel, irmã de Julinho, lembra que Silvio Luiz já trabalhava como repórter esportivo. "Quase não tinha elenco na época para montar uma novela, então, o Ciro [Bassini, diretor da novela] pediu para ele fazer o Julinho [risos]."

Ajudou o fato de que a trama não era transmitida diariamente, mas apenas em três dias da semana, recorda Montenegro.

"A gente misturava tudo, sábado e domingo era esporte, segunda, terça e quarta era a novela...E, de vez em quando, ainda apresentava o jornal", diz o locutor.

Montenegro afirma que Maria José Dupré, autora do livro homônimo no qual se baseia a adaptação para a TV, ofereceu um coquetel para o elenco da trama em sua casa, que assim como a de Lola e Júlio na história, ficava na avenida Angélica, em São Paulo. 

Como não foi gravada, não há registros em vídeo da produção e são raras as fotos. A atriz relata que, por conta da falta de recursos, foi muito difícil também retratar a Revolução Constitucionalista de 1932, ponto importante do enredo, nesta primeira versão. "Não sei nem como a gente fez."

Outra curiosidade desta primeira versão da trama é que ela deu início a um concurso, que foi  promovido pela Record com os seus telespectadores, segundo conta o pesquisador Diego Nunes, do site Memória Cinematográficas. 

A emissora passou a sugerir títulos de romances que poderiam ser adaptados para a televisão, assim como estava sendo feito com "Éramos Seis". E o público votava por cartas ou telefone para escolher o que queria ver. Além da indicação, os participantes concorriam a prêmios que, em geral, eram coleções de livros. 

Página da revista Cruzeiro, de 13 de dezembro de 1958, com foto de "Éramos Seis"
Página da revista Cruzeiro, de 13 de dezembro de 1958, com foto de "Éramos Seis" - Reprodução/Memória Cinematográfica

VOLTA ÀS NOVELAS?

Fã da história, Arlete Montenegro afirma que acompanha a versão atual de "Éramos Seis", exibida na faixa das 18h da Globo, e que adoraria fazer uma participação na trama -existiram outras três versões: em 1967 (na Tupi), em 1977 (Tupi), e 1994 (SBT). 

Já Silvio Luiz, que atualmente trabalha na RedeTV! e na Rádio Transamérica, não se vê mais atuando em novelas. Os atores Tony Ramos, Ewerton de Castro e Leonardo Brício viveram o personagem Julinho em outras adaptações da trama. Hoje, o papel é interpretado pelo ator André Luiz Frambach.   

Além de “Éramos Seis”, também em 1958, Silvio Luiz participou do elenco de “Cela da Morte”, outra produção da Record adaptada do livro de Caryl Chessman, americano condenado à morte por vários crimes e que escreveu sobre a sua história de dentro da prisão. 

 
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