Porchat estreia série sobre dilemas de homens sem sexo idealizado: 'A gente tem que mudar'
Produção foi criada e protagonizada por humorista
Produção foi criada e protagonizada por humorista
“Sex and the City” ganhou versão brasileira e masculina para fazer qualquer um duvidar sobre qual é, realmente, o “sexo frágil”. Criada e protagonizada pelo humorista Fábio Porchat, 35, a série “Homens?” estreia nesta segunda-feira (18) e narra o dia a dia do “homem de verdade”.
Com situações que ambos os sexos irão reconhecer, a trama cita os principais medos que orbitam o mundo masculino e fala sobre como o machismo faz mal, inclusive, àqueles que o praticam.
“Os personagens vão apanhar muito para entender que isso está acontecendo”, diz Fábio Porchat. “Os homens estão perdidos porque as coisas estão mudando. Ainda bem.”
Em oito episódios, “Homens?” trará histórias, dilemas e evoluções de quatro protagonistas. O machismo dentro da família, dentro do trabalho e a impotência sexual são alguns dos temas abordados entre eles. Acompanhando Porchat, estão Raphael Logam, Gabriel Louchard e Gabriel Godoy.
Alexandre (Fábio Porchat) é um homem que “brocha” há um ano e não consegue se relacionar sexualmente; Pedro (Gabriel Louchard) descobre que foi traído pela mulher e tenta um relacionamento aberto; Pedrinho (Raphael Logam) aprenderá a lidar com uma chefe mulher, depois que o antigo chefe foi demitido por assédio.
Gustavo (Gabriel Godoy) completa o grupo com frases polêmicas e que, sem trabalhar, ainda mora na casa da mãe. “Eu deixei o personagem bem bobão, ele nem percebe o que está falando. Mas não foi uma tarefa fácil, porque hoje em dia falar essas barbaridades passa por um filtro meu”, diz Godoy.
Um personagem curioso é o de Rafael Portugal, que interpreta o “pênis de Alexandre”. Os dois compartilham alguns dos diálogos mais hilários da série, sendo que um deles foi o que deu origem à série. O personagem inusitado ganha, inclusive, dois spin-off exclusivos e semanais, exibidos no YouTube.
“O homem que chega a um profissional para pedir ajuda já está há cerca de dez anos com o problema”, diz Porchat, que questiona a importância que os homens dão à sua virilidade. “Homem só conta vantagem, não conta derrota [...] Ele não conversa sobre isso, fica tentando resolver sozinho.”
Porchat diz que o nome da série tem um ícone de interrogação justamente para que as pessoas se questionem. “Isso é homem? Esses são os homens de hoje? Ainda não evoluímos?”
O humorista explica que os jovens já entenderam as mudanças no mundo em relação ao machismo, e que as pessoas mais velhas não pretendem mudar, o que deixa os homens com até 45 anos sem saber como reagir às transformações. "Mas está todo mundo mudando, e a gente também tem que mudar".
“Tenho uma filha de 22 anos e é incrível como os amigos dela já entenderam”, diz Johnny Araújo, o diretor do programa. “A gente procurou buscar linguagens estéticas, padrões, brincamos muito com as passagens de cenas e lembranças.”
No entanto, Porchat garante: “A gente não quer ‘lacrar’. Queremos ser engraçados e que os homens e mulheres se identifiquem, descobrindo coisas”. Ele adverte que não quis fazer uma série "certinha" e com clichês, e que por isso retrata as situações de forma " bem louca".
Outro ponto importante trazido pelos personagens é a visibilidade de outras realidades: Louchard, por exemplo, é cadeirante e mostra que, como qualquer pessoa, faz sexo.
Gravada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a série semanal será exibida no canal pago Comedy Central e na Amazon Prime Video. O oitavo e último episódio desta primeira temporada termina com um ganho para a segunda, e Porchat adianta: “Estamos na expectativa. Tem pano para muita temporada ainda, porque machismo tem muito”.
Apesar da história ser centrada nos quatro amigos, a maioria do elenco é composto por mulheres. Miá Mello, Giselle Itié, Lorena Comparato e Gisele Fróes, dentre outras, reforçam o poder feminino frente às atitudes dos homens na série.
“Você assiste a essa série e entende um monte de coisas que passam na cabeça dos homens”, diz Lorena, intérprete da prostituta Tainá, que se tornará conselheira de Alexandre. "Minhas falas são muito didáticas. A gente fala de sexo abertamente”.
Lorena diz que a série buscou desmistificar os corpos padrões de mulheres, fugindo das cenas de sexo idealizadas e mostrando a nudez de ambos os lados. “Você vê facilmente o corpo de uma mulher pelada o tempo inteiro, mas de homem eu não consigo lembrar a última vez que vi”, diz.
Porchat confirma que isso foi pensado, uma vez que “há pouquíssimos nus masculinos no cinema”. “E virou o jogo. Agora a mulher quer gozar também”, brinca o humorista, que diz ter buscado opiniões do sexo oposto para compor as expressões e cenas da série.
"Essa coisa da nudez veio muito da série 'Girls'", ele revela, dentre as inspirações. "Mas em 'Sex and the City' também tem coisas bem fortes, ainda mais para a época".
Mas fazer a pesquisa de personagens não foi fácil, uma vez que as próprias atrizes não encontraram prostíbulos que aceitassem a entrada delas. “Não tem puteiro para mulher (sic)", diz Fróes. “E as mulheres estão meio de saco cheio”.
Miá concorda: “Somos massacradas. Você reflete e vê o quão exposta está, o quanto a sociedade reprime, me oprime e me mata aos poucos. A gente tem uma falsa sensação de que agora está tudo bem, que os homens super respeitam a gente, mas não é assim. É uma mudança que vai com o tempo”.
“Minha personagem, um belo dia, resolve que quer ser feliz e abre a relação. E é legal esse olhar, da mulher propor isso”, diz.
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