Nelson Freitas revela que cresceu longe do pai igual ao drama familiar em 'O Tempo Não Para'
'Tem ideia da quantidade de dinheiro que gastei com analista?'
Entre choros e risadas, Nelson Freitas contou que cresceu longe do pai e que só aprendeu o que era amor de verdade quando foi avô. O drama familiar do ator é similar ao que acontece com Samuca (Nicolas Prattes), filho de Livaldo, interpretado por Freitas, em "O Tempo Não Para", trama das 19h da Globo.
"Meu pai era o Livaldo, porra! Um fio desencapado, um cara que vivia fora do tempo dele, louco, louco, louco. Mas um louco do bem, que só podia fazer mal a ele mesmo. Mas a minha mãe adotou essa técnica carmeniana de ser e me afastou”, afirmou ele, referindo-se à personagem Carmen (Christiane Torloni), que exigiu que Livaldo se afastasse da família por considerá-lo má influência para Samuca.
Freitas ressalta que Livaldo sempre teve afeto por Samuca, mas que as circunstâncias da vida fizeram com que ele aceitasse o negócio proposto por Carmem. “Ele estava precisando”, diz. Na trama, por mais que tenha errado, o personagem deve terminar bem. Já Samuca será feliz para sempre com Marocas (Juliana Paiva).
O ator diz ter ficado extremamente emocionado na primeira cena que gravou ao lado de Prattes, por conta das lembranças do passado que vieram à tona. Afinal, ele passou exatamente pela mesma situação de Samuca quando era criança.
“Tenho uma vivência disso muito forte, muito definitiva na minha vida e na minha personalidade. Minha mãe me afastou do meu pai [também chamado Nelson] propositalmente. Ela não queria que eu o visse mais. Ela foi me afastando e brigava comigo quando eu me encontrava com ele. Ela sentia o cheiro do meu pai em mim. Olha que doideira. Eu vivi isso", lembra o ator.
Nelson Freitas diz que quando grava, essa lembrança volta a sua mente. "Imagina como eu queria abraçar meu pai. Mas hoje, não sei se seria legal, se eu queria ter ele por perto hoje, porque ele poderia ser uma desgraça na minha vida.”
Criado de forma rígida pela mãe –com uma educação que incluía algumas “porradas”, segundo ele–, Freitas recorda que chegou a pensar que filho não era uma coisa bacana e que só servia para atrapalhar a relação dos pais.
Ele recorda que a mãe não tinha o hábito de conversas com os filhos de forma acolhedora. “Ela falava que a gente só fazia merda, que a culpa era nossa. A gente achava que a culpa dos meus pais não estarem legal era nossa.”
Ao longo da vida, Freitas precisou recorrer à psicologia para assimilar melhor o drama familiar. “Tem ideia da quantidade de dinheiro que gastei com analista para poder entender isso?”
Hoje, aos 56 anos, ele consegue rir um pouco da situação: “Até hoje minha mãe acha legal isso. Regininha toda pura, roliça rebelde [risos]. Ela continua firme. Acha tudo o que ela fez era certo. E ela não está de todo errada, mas também não está toda certa. A vida não é assim”.
E emenda: “Todos nós tivemos úlceras, problemas no aparelho digestivo que é o primeiro que segura a onda. Meu irmão, Régis, morreu de câncer no intestino, de reincidência, de culpas…”
ENFIM, O AMOR
Nelson Freitas ganhou uma família inteira desde que se casou com a procuradora da república Maria Cristina Cordeiro, 52, em 2001. Ele adotou Paula e Gabriela, filhas biológicas da mulher, e ganhou o neto Felipe, herdeiro de Gabi. "Ele já tem 14 anos e virou o amor da minha vida. Foi com ele que entendi qual era o significado da palavra amor", disse, chorando de emoção.
Freitas conta que Felipe foi diagnosticado com espectro autista quando tinha quatro anos, e que junto com a mulher, ele se empenhou em estimular o neto ao máximo para reverter o quadro. Em dois anos morando com os avós, a criança estava curada. O difícil, segundo Nelson, foi devolver Felipe aos pais.
“Você acha que eu não queria que ele ficasse comigo? Mas não é o lugar dele... O lugar dele é com o pai e com a mãe, independentemente de quem sejam", diz o ator.
Vovô coruja, Freitas lembra que ficou receoso de contar ao neto que não era seu avô biológico, mas que Gabriela, mãe do menino, o fez antes do ator. "Outro dia eu estava no shopping, e fomos comer um negócio. Felipe olhou para mim e disse: ‘Que bom que a minha avó te escolheu’. Me quebrou."
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