Aline Dias volta à TV após gravidez: 'Cresci como mulher e como ser humano'
Em 'O Tempo Não Para', atriz interpreta a ex-escrava Damásia
Aline Dias, 27, estava na reta final das gravações de “Malhação - Pro Dia Nascer Feliz” (Globo, 2016-2017) quando descobriu que estava grávida do namorado, Rafael Cupello, 23. Após o fim da novela teen, resolveu dedicar-se à maternidade. Ela voltou à TV em “O Tempo Não Para”, como Damásia, e diz que o papel veio em ótima hora.
“Eu estava com muita vontade de voltar para seguir o meu caminho, por mim, pelo meu filho [Bernardo, 11 meses], para poder dar tudo de bom e do melhor pra ele, e também pela arte, pelo que eu vinha construindo”, diz.
Dias afirma que, na verdade, vive atualmente dois papeis: o de mãe e o da ex-escrava congelada da novela das 19h da Globo.
“Apesar da maternidade exigir responsabilidade, ela vem com um aprendizado muito grande. Vem para um crescimento pessoal, crescimento como mulher e como ser humano. Estou vivendo a melhor época da minha vida.”
Mãe coruja, ela diz que aprende muito mais do que ensina a Bernardo. “Acho que rola mais uma troca. Tem muitas descobertas que me fizeram crescer”, diz.
A atriz ressalta que filho não estraga a vida de ninguém: “Vem para acrescentar. Eu tive uma gravidez bem tranquila, não fiquei neurótica. Tudo tem o tempo certo, o tempo de Deus. Estudei muito para estar aqui, então não é porque engravidei que estragaria minha carreira”.
REPRESENTATIVIDADE
Aline Dias foi a primeira protagonista negra de “Malhação”, chamada Joana. Agora, faz parte do elenco fixo de “O Tempo Não Para”, que aborda, entre outros assuntos, a abolição da escravatura.
“Quando estava em Malhação, tive um retorno muito positivo do público. Mães me paravam nas ruas para dizer que a filha parou de alisar o cabelo para deixá-lo cacheado. Tive noção da importância dessa personagem com esse feedback. Por muitos anos não fomos representadas. Foi uma evolução lenta, mas estamos evoluindo. Conseguimos podendo dar voz a outras pessoas, inclusive em ‘O Tempo Não Para’, que é uma novela com o maior elenco negro escalado.”
A atriz acredita que o folhetim de Mário Teixeira veio em um momento interessante para a abordagem da desigualdade social, do racismo e dos usos da tecnologia.
Damásia, que foi dama de companhia de Marocas (Juliana Paiva) no século 19, foi uma das últimas pessoas a serem descongeladas na trama. Ela chegou a trabalhar como cozinheira para a Coronela (Solange Couto).
“A gente vê um novo século, mas muita coisa está de cabeça para baixo. Valores se perderam, há uma escravidão velada... O medo dela é estar nesse século e não conseguir avançar. Ela se descobre como mulher, como ser humano, e vai se adaptando a outras pessoas. Está sendo uma construção muito bacana”, afirma Dias.
Os dotes culinários da personagem renderam-lhe um envolvimento com Elmo, personagem de Felipe Simas.
“Ela o conquistou pela boca [risos]. Está sendo uma coisa muito verdadeira, porque ela vem de outro século e não tem essa maldade que outra mulher talvez tivesse. Ela vai se sentindo especial. Tem um momento em que ela se olha como mulher, experimenta uma nova roupa, se olha no espelho de calcinha e sutiã e vê o que é uma mulher bonita. E aí ela tem esse contato com ele, que é o primeiro homem no século atual com quem ela se envolve.”
Além de precisar lidar com uma nova configuração de mundo em 2018, Damásia, que agora é livre, também sofre por ser analfabeta. A cozinheira fica com vergonha por não saber ler e nem escrever.
“As pessoas que são analfabetas têm outras coisas a serem admiradas e elogiadas. Na minha família a gente tem uma cobrança de ter uma formação, por exemplo. Agora você imagina para um analfabeto, de ter que começar do zero [...] É legal representar e ver que existem outros valores e assim que o Elmo se apaixona.”
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