'Venderia um rim por boneco do Baby Yoda': a febre por trás do novo personagem de Star Wars
"Eu quero tanto um brinquedo Baby Yoda que venderia até um rim", brinca a fã de Star Wars e a influenciadora do Instagram Jessica Allsop, 26.
Ela se apaixonou pelo personagem The Child (A Criança) — carinhosamente conhecido como Baby Yoda (ou Bebê Yoda em português) nas redes sociais — assim que assistiu ao primeiro episódio da série The Mandalorian, da plataforma de streaming Disney+.
A influenciadora varreu a internet em busca de produtos inspirados na série ligada ao universo da franquia Star Wars, mas sem sucesso.
Para a surpresa de muitos, a Disney demorou a oferecer mercadorias ligadas à atração, esperando até esta semana — um mês após o lançamento do programa — para revelar sua gama de vinil e brinquedos infantis de pelúcia.
Desde que o programa foi lançado em 12 de novembro nos EUA, no novo serviço de streaming da Disney, o personagem Baby Yoda se tornou viral, e não apenas nos Estados Unidos, um dos poucos países em que você pode assistir oficialmente ao programa por enquanto.
O personagem inspirou milhares de memes em que os fãs discutem o quão fofo é o personagem e especulam sobre o que acontecerá na série.
Perda de oportunidade?
Os produtos só estarão disponíveis em meados do ano que vem, perdendo o frenesi da demanda durante o período crucial das compras de Natal.
Mas isso não impede as pessoas de encomendarem maciçamente os brinquedos. A varejista britânica Zavvi, que começou a vender os brinquedos na quarta-feira, diz que o Baby Yoda já é um de seus produtos mais vendidos, "centenas" já na primeira hora.
De acordo com Richard Gottlieb, chefe da consultoria Global Toy Experts, a estratégia da Disney com o Baby Yoda terá um grande impacto na indústria de brinquedos.
"É uma pena. Do lado dos produtos de consumo, há uma receita perdida enorme para a Disney, os licenciados e os varejistas, e muita emoção perdida", diz ele.
Normalmente, são necessários nove meses para que um brinquedo inspirado em um filme ou programa de TV seja produzido, desde o início da ideia até chegar às prateleiras. E pode levar até 15 meses se o brinquedo estiver sendo preparado para lançamento de Natal.
Para produzir um novo produto de brinquedo, os acordos de licenciamento precisam ser acertados, os projetos, ser aprovados e os engenheiros, criar moldes de injeção para fabricar os brinquedos em plástico nas fábricas da China. O produto precisa ser fabricado e entregue na China para varejistas em todo o mundo.
Portanto, não há como a Disney acordar de repente com o hype em torno do Baby Yoda em novembro, diz Gottlieb. Os planos para o brinquedo estavam em andamento desde 2018, pelo menos, afirma.
Estratégia calculada
John Baulch, editor da revista comercial Toy World, concorda, dizendo que adiar o lançamento foi intencional por parte da Disney.
"A Disney saberia que eles tiveram um ataque de surpresa com ao Baby Yoda", diz ele. "Mas o diretor de Mandalorian, Jon Favreau, insistiu bastante em que ele quisesse que o conteúdo da série estivesse à frente, e não a mercadoria. Nesse caso, o diretor venceu a discussão."
Alexander Westwood, 19, ator de TV e cinema de Birmingham, no norte da Inglaterra, acha que a Disney também pode estar tentando evitar que os brinquedos se tornem "spoilers" da série.
No Reino Unido, as pessoas não poderão assistir oficialmente ao The Mandalorian até o lançamento do serviço de streaming Disney+ no final de março de 2020. E enquanto alguns encontrarão soluções alternativas, como a pirataria, muitos outros terão que esperar, deixando-os em risco de encontrar sem querer detalhes da trama e do personagem.
"Eu entendo completamente a decisão da Disney de não comercializar Baby Yoda como um brinquedo até que o Disney+ esteja disponível em mais países", disse Westwood à BBC.
"Muitas empresas de brinquedos hoje em dia, como a linha Marvel da Lego, estragam possíveis cenas e possibilidades. Então para mim isso faz sentido."
Gottlieb concorda, dizendo que a decisão da Disney significa que os fãs de Star Wars terão uma surpresa autêntica pela primeira vez, numa época em que fotos vazadas de produtos muitas vezes estragam as atrações meses antes da estreia.
"É incrível que hoje em dia eles tenham conseguido manter isso em segredo", diz ele. "A intenção deles não era apenas estimular a série The Mandalorian, mas realmente todo o lançamento do Disney+, e isso criou um burburinho".
Ele diz que essa situação mostra que diferentes indústrias não estão mais em seus próprios nichos. Brinquedos, entretenimento, propriedade intelectual e streaming de vídeo têm o poder de se afetar, e isso provavelmente terá um grande impacto na indústria de brinquedos no futuro.
"Foi uma decisão boa ou ruim da parte da Disney? Teremos que esperar até junho de 2020 para ver".
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