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Moss cria um novo modelo para jogos de realidade virtual

Game é a nova aposta de realidade virtual do PlayStation VR

Moss, um novo videogame para o PlayStation VR
Moss, um novo jogo para o PlayStation VR - Divulgação
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Christopher Byrd

Qualquer pessoa que tenha tido a sorte de passar a infância ou começo da adolescência lendo livros provavelmente sente alguma nostalgia pela capacidade daquelas histórias para dissolver completamente o mundo em torno dela. "Moss", um novo videogame para o PlayStation VR, é um esforço para recriar essa sensação, por meio de um jogo que se desenrola dentro das páginas de um livro ilustrado.

O mundo de "Moss" é aconchegante e pleno. Parte do formato de um jogo de plataforma e tenta encurtar a distância entre o observador e o observado, ou entre o jogador e o avatar, ao aproveitar a capacidade única da realidade virtual para fazer com que o jogador se sinta parte do mundo do jogo. Jogar "Moss" é como viver dentro de um diorama no qual você tem a capacidade de manipular partes do cenário.

No começo do jogo, você se vê sentado a uma longa mesa de madeira, em uma biblioteca de teto alto. Diante de você está um livro, "Moss", aparentemente o primeiro volume de uma série. Ao abrir o livro, você ouve a voz do narrador, que se dirige a você como "Leitor" e revela o problema de um reino animal sujeito a uma invasão por forças exógenas que incluem uma cobra gigantesca e criaturas de aparência mecânica cujas carapaças são feitas de aço. Depois de derrubar o rei, os invasores provocam a fuga dos habitantes do reino. Sir Argus, um dos defensores do rei assassinado, conduz os refugiados a uma floresta onde eles estabelecem uma comunidade.

Os acontecimentos se aceleram depois que a sobrinha de Sir Argus, uma camundonga com traços humanos chamada Quill, descobre um espelho mágico, em uma aventura na floresta. O espelho faz com que Quill se conscientize do Leitor, que se avulta sobre o ambiente como uma presença espectral. Um dos muitos detalhes atraentes do jogo é que, se você olhar para a água que corre ao longo da pradaria, verá seu reflexo, na forma de uma figura mascarada.

Ao voltar para casa, Quill mostra sua descoberta ao tio, e lhe conta sobre a presença que sente, fazendo um gesto na direção do jogador. Reconhecendo que o espelho é um artefato de grande poder, Argus lamenta que o ônus de controlá-lo caiba a Quill, mas se resigna ao fato de que o Leitor a tenha escolhido como objeto de sua atenção. No entanto, o tio ainda assim pede que ela fique em casa enquanto ele sai para tentar descobrir que problemas podem estar surgindo. Depois de esperar por algum tempo, Quill sente que ele está em perigo, e por isso, com a ajuda de uma criatura com algo de duende que a visita e pede que se apresse, ela sai em busca de Sir Argus. A jornada de Quill a conduz da floresta a cavernas e ruínas, e por fim ao castelo que foi o lar de seus ancestrais.

Guiar Quill requer operar controles e botões, como seria de esperar em um jogo para televisor de tela plana. Mas os criadores do jogo giram vantagem da profundidade adicional do ambiente de realidade virtual, e criam incentivos para que Quill alterne seu posicionamento entre o primeiro plano e o plano de fundo. Apanhei-me olhando em torno de objetos, tentando ver o que aparecia no fundo de um corredor, e, em um momento vívido, curvando o pescoço para trás a fim de acompanhar a escalada de uma encosta rochosa por Quill, para saber se ela chegaria ao topo. A qualidade geral da animação do jogo, acoplada ao seu uso refinado da profundidade de campo me fez sentir como um espectador em um teatro no qual os atores são personagens de animação.

Os ambientes 3D de Moss são distintos, o que significa que quando você sai de uma tela, a próxima demora alguns momentos para ser carregada, E já que os acontecimentos se passam dentro de um livro que ganha vida em uma biblioteca, ouve-se o som de páginas sendo viradas, enquanto as novas telas são carregadas. Outros jogos de plataforma para sistemas de realidade virtual, como "Lucky's Tale" ou "Edge of Nowhere", retiveram minha atenção por no máximo algumas horas. O que me capturou em "Moss", é que, como o Leitor, você pode interferir no mundo e manipular objetos, como portas e plataformas, apontando o controlador na direção apropriada e apertando um gatilho. Assim, virar uma plataforma de forma a posicionar Quill em lugar diferente pode requerer mover o controlador para o lado, como se você estivesse batendo um lençol para desamassá-lo.

Ainda mais interessante é a forma pela qual diversos dos enigmas do jogo requerem que o Leitor tome o controle de inimigos e os posicione sobre botões, ou recorra à sua capacidade de lançar projéteis para atingir outros pontos de controle. Também é conveniente segurar os inimigos em algum lugar para permitir que Quill os elimine com alguns golpes de espada. Caso ela sofra danos, você pode puxar o espelho mágico que ela carrega nas costas e os danos serão curados, depois de algum tempo.

Ao levar o jogador a agir como o Leitor e como Quill, o jogo faz com que a atenção dele se transfira a diversos pontos do ambiente, de maneira hipnótica. (Uma curiosidade é que a voz que narra o jogo também é usada para outros papéis, e por isso a mutabilidade das identidades se espelha tanto na narrativa quanto no gameplay.)

"Moss" cria um novo modelo para um jogo de realidade virtual bem sucedido.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Washington Post

Christopher  Byrd é jornalista e vive em Brooklyn. Já escreveu para a New York Times Book Review, New Yorker e outras publicações. Você pode segui-lo no Twitter em @Chris_Byrd.  

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