Hoje em dia é chique ser caipira, diz sertanejo Luan Pereira, sucesso no streaming
Cantor diz se orgulhar de encabeçar o agronejo e emplaca ao menos seis hits no top 200
Já aos três ou quatro anos, Luan Pereira vestia bota e chapéu, bem maiores do que ele, e dançava à frente da TV ao assistir apresentações de ícones sertanejos como Gino e Geno e Rionegro e Solimões. Agora, aos 20 anos, o cantor faz sucesso assim como seus ídolos, e conseguiu o feitor de emplacar ao menos seis hits no top 200 do Spotify.
Além disso, é hoje o cantor solo sertanejo com maior número de ouvintes mensais na mesma plataforma, com quase 16 milhões. Como se não bastasse, seu canal no YouTube, onde disponibiliza suas músicas, ultrapassa a marca de 870 milhões de visualizações.
"Sempre fui um ambicioso com fé", afirma o artista, bastante religioso, natural de Suzano (SP), mas que cresceu na cidade de Rosana, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul e Paraná. Hoje, mora em Londrina (PR).
"Fui criado na roça e foi lá que descobri minha essência", reforça. Pereira se define um sertanejo nato, mas com uma diferença: ele quer ser a "bandeira branca" do segmento. Segundo ele, há muita gente que diz que cantores deste estilo não podem se misturar a outros. Ele discorda. Afinal, seus maiores hits têm parceria com artistas do funk, pop e trap, dentre eles MC Ryan, em "Ela Pirou na Dodge Ram", e Ana Castela e Zé Felipe com "Roça em Mim".
Ao longo dos últimos anos, o sertanejo e o universo do agronegócio ficaram muito atrelados à direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas Luan afirma que não tem o interesse em deixar claro para que lado ele prefere seguir, sobretudo num país tão polarizado.
"Claro que tenho minhas opiniões, meus partidos, mas eu estou aqui para fazer música. Entrar nesse assunto poderia até atrapalhar minha carreira. Não me exponho".
O paulista diz se considerar uma das cabeças do chamado agronejo, assim como Ana Castela, uma de suas melhores amigas. "Antigamente, ser caipira era brega, agora é chique e quebra barreiras. Conseguimos furar bolhas e é lindo ver tanta criança com chapéu na cabeça. Nós, do agronejo, exaltamos os trabalhadores que levam alimento para a nossa mesa", diz.
Apesar de cantar muito sobre mulherada e ostentação, como nas faixas "Dentro da Hilux" e "Botadona Bruta", Luan não costuma mostrar seus carrões na rede social, pelo menos não com tanta frequência quanto outros artistas que hoje são milionários. E quando o faz, diz que usa o espaço para servir de referência. "Gosto de mostrar que o caubói também pode sonhar."
O artista afirma que nunca teve muitas dificuldades, embora também não tenha desfrutado de uma vida repleta de privilégios. Sua mãe, que trabalhava com salão de beleza (e foi recentemente presenteada por ele com uma Hilux, como a de seu hit), era quem dizia a ele desde criança que o garoto teria aquilo que ela pudesse comprar. O pai era gerente de padaria. Mas Luan aposentou os dois. "Ninguém mais trabalha na família. Não tenho dúvidas de que sempre farei isso por eles."
Para se manter no sucesso, o cantor parece já ter a fórmula. Neste ano, Pereira afirma que vai preparar mais músicas e um DVD com participações. "Quero atingir todo mundo, plantar bem para ter uma boa colheita no futuro", completa.
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