'Ninguém denuncia por medo': o que dizem dançarinas que processam cantora Lizzo por assédio sexual e gordofobia
Em ação apresentada na terça-feira (1), estrela pop é acusada de assédio sexual e gordofobia, mas ainda não se pronunciou sobre as alegações
Ex-dançarinas que se apresentavam junto com a cantora americana Lizzo decidiram processar a estrela pop por acusações de assédio sexual, religioso e racial, além de discriminação, agressão e cárcere privado.
Arianna Davis e Crystal Williams disseram que entraram com a ação, apresentada na terça-feira (1), na esperança de evitar que outros colegas sofram. Segundo as duas, "ninguém denuncia [a cantora] por medo". Há uma terceira ex-dançarina envolvida na ação, Noelle Rodriguez, que diz ter pedido demissão por conta do tratamento dado a Davis e Williams.
Até o momento, Lizzo não respondeu publicamente às acusações, que ainda não foram julgadas. Ela e outras pessoas de sua equipe foram procuradas pela reportagem, mas não enviaram posicionamento.
Davis e Williams fizeram uma turnê com Lizzo -cujo nome verdadeiro é Melissa Jefferson -depois de participarem de um programa comandado pela cantora na plataforma Amazon Prime, onde dançarinas competiram para fazer parte da equipe da cantora. Depois do programa e da turnê, elas dizem terem sido demitidas.
Na ação, Davis alega que foi pressionada a assistir a shows de sexo durante uma turnê na Europa com Lizzo, mesmo que isso fosse de encontro a suas crenças religiosas. Além disso, Lizzo teria organizado uma festa para as dançarinas em um clube de strip-tease em Amsterdã, onde Davis diz ter se sentido pressionada a tocar os seios nus de uma artista - enquanto a cantora puxava um coro com o nome da dançarina, até que ela o fizesse.
"Sou muito nova nesta indústria", disse Davis à rede CBS. "E é realmente louco que essa tenha sido minha experiência."
Davis acrescentou que "ninguém denuncia porque tem muito medo de [perder] seus trabalhos", o que ela viveu também: "Eu estava apavorada pelo meu trabalho."
A dançarina também afirma que Lizzo insinuou que ela havia ganhado peso. Os documentos do processo dizem que, embora nunca manifestadas explicitamente, os questionamentos feitos "davam à Sra. Davis a impressão de que ela precisava explicar seu ganho de peso e revelar detalhes pessoais íntimos sobre sua vida, de forma a manter seu emprego".
"Minha habilidade para dançar era a mesma, minha energia era a mesma. A única coisa diferente em mim era meu peso", relatou Davis à CBS.
Na acusação legal, a dançarina afirmou também que Lizzo constrangia, nos bastidores, os dançarinos por seu peso.
Davis sentiu que tinha que explicar detalhes íntimos, a fim de manter seu emprego, sobre como a ansiedade a levou a comer compulsivamente.
As dançarinas entraram com uma ação contra Lizzo, a empresa dela e Shirlene Quigley, líder da equipe de dançarinas da cantora, por supostamente criarem um ambiente de trabalho hostil, que incluiria assédio sexual e gordofobia.
As acusadoras afirmam também que Lizzo sugeria que as dançarinas bebiam álcool antes das apresentações, para então demiti-las alguns dias depois. "Esse nunca foi o caso, na verdade, o álcool nunca foi permitido em nosso camarim", disse Davis à CBS.
Williams acrescentou: "Se houver algo que esteja a meu alcance para garantir que dançarinos ou cantores ou quem quer que decida trabalhar com ela não tenham que passar pela mesma experiência, eu farei isso."
Essa semana, uma música cantada por Lizzo, "Pink", entrou nas paradas musicais - impulsionada pelo filme "Barbie", cuja trilha sonora traz a faixa.
A cantora de 35 anos, vencedora de vários prêmios Grammy, também ficou conhecida por celebrar a inclusão e a positividade em relação ao corpo.
Texto publicado originalmente aqui
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