Duda Beat se diz mais 'pé no chão' e lança 2º álbum 'para alegrar pessoas'
'Te Amo Lá Fora' segue sucesso da cantora em 'Amor de Mãe'
'Te Amo Lá Fora' segue sucesso da cantora em 'Amor de Mãe'
Madura, sóbria e por vezes debochada. É assim que Duda Beat, 33, se descreve em seu segundo álbum de estúdio, “Te Amo Lá Fora”, que será lançado nesta terça-feira (27), às 20h30 --exatamente três anos após seu primeiro disco. “A narrativa ainda é a mesma do primeiro álbum. Mas antes eu era mais romântica e iludida. Agora estou mais pé no chão”, conta a pernambucana em entrevista online ao F5.
Com 11 faixas, todas assinadas por Duda, o disco ainda traz algumas letras do pop-sofrência característico da cantora, mas experimenta novos sentimentos e ritmos. O primeiro single, “Meu Pisêro”, por exemplo, teve seus arranjos criados antes da letra, de forma a honrar o ritmo dançante e nordestino chamado piseiro, com o qual ela cresceu. A música foi lançada com um videoclipe mais soturno, que mescla cenas clássicas de terror e suspense, como as da saga "Poltergeist" (1982) e "O Bebê de Rosemary" (1968).
“Nessa música eu sofro, luto contra esse assombro que é o amor. Ao final, caio em mim, perdoo e entendo que ninguém é obrigado a me amar. É uma amostra muito boa do que está por vir no álbum”, conta. Segundo ela, as mangas bufantes e looks coloridos também acabam ficando de lado, abrindo espaço para uma estética mais dark e sóbria, muito focada nos anos 1980, uma década mais sensual e dramática.
O nome do disco demonstra esse amadurecimento e foi definido com base em uma apresentação da cantora mexicana Thalia (de quem Duda é fã) no programa Domingo Legal (SBT) em 1997. Nele, Gugu Liberato (1959-2019) diz que os fãs "lá de fora" do estúdio amam a artista, que responde: “Te amo, lá fuera”. “O amor não morre; ele muda”, explica Duda. "O álbum é sobre isso: amar, mas querer distante. Amar lá fora".
Outras composições do novo disco já são mais amorosas, como “≈(♡ω♡)”, um interlúdio de transição que sucede “A Decisão de Te Amar”, música escrita para o companheiro Tomás Tróia, quem Duda namora há mais de quatro anos e ainda deseja planejar um casamento, após a pandemia da Covid-19.
No hiato de três anos desde seu primeiro álbum, Duda participou de feats com Anavitória (“Não Passa Vontade”), Tiago Iorc (“Tangerina”), Gabi Amarantos (“Xanalá”), Mateus Carrilho e Jaloo (“Chega”), além de lançar um EP em parceria com Nando Reis ("Duda Beat e Nando Reis"). No novo álbum, não foi diferente: em “Tu e Eu”, faixa que abre o disco, ela canta com um sample (montagens de melodias já gravadas) a pernambucana Cila do Coco; e em “Nem um Poquinho”, com feat o rapper baiano Trevo.
Estes dois artistas entram na lista de referências da cantora, que ainda cita Caetano, Gilberto Gil, Djavan, Ivete Sangalo, Pabllo Vittar, Kali Uchis, Caribou (cujo álbum “Suddenly” tem sido seu favorito nos últimos tempos) e Lady Gaga --seu “sonho de parceria”. Duda, inclusive, ainda considera lançar músicas em inglês e tem conversado com Tomás sobre um possível EP na língua estrangeira, que ela tem estudado nos últimos anos.
Com o reconhecimento que tem tido, o sonho não está longe de ser realizado. Depois de vencer os prêmios de revelação no Troféu APCA (2018) e Prêmio Multishow (2019), a artista entrou para a trilha sonora oficial da novela “Amor de Mãe” com a música “Bixinho”, e foi mencionada diversas vezes pelos participantes do Big Brother Brasil 2021 --incluindo seus favoritos, Gilberto Nogueira, 29, João Luiz Pedrosa, 24, Camilla de Lucas, 26, e Juliette Freire, 31, esta última quem ela mais se identifica por ser “muito humana, real e sensível”, e já disse também que gravaria uma música em conjunto.
“Isso tudo tem um impacto muito grande. Saber que essas pessoas curtem meu trabalho é uma honra, pois eu as admiro. ‘Bixinho’ é superimportante, pois sei que muita gente conheceu meu trabalho através dessa música, e devo tocá-la a minha vida inteira”, diz.
“Te Amo Lá Fora” começou a surgir já na pandemia da Covid-19, mas sem que Duda Beat tivesse dado conta. Isso porque o primeiro single, “Meu Pisêro”, nasceu de uma imersão no interior do Rio de Janeiro, que ela fez com Lux Ferreira e Tomás Tróia, seus produtores, em março de 2020, logo após o último show que realizou, em João Pessoa.
“Descobrimos a pandemia quando estávamos lá, isolados”, lembra. "Confesso que tive momentos de muita tristeza, porque o mundo passa por uma situação muito difícil e o Brasil ainda mais. Com o passar do tempo, me perguntava se o álbum seria suficiente, tamanha a dor no mundo. O que me motivou a seguir compondo foi a tentativa de alegrar as pessoas com a música, com conteúdos e mensagens novas”.
A cantora diz que o retrato do Brasil atual é “triste e vergonhoso”, e que o país tornou-se uma “piada mundial”. “Se em outros governos éramos líderes em campanhas de vacinação, agora estamos a passos de tartaruga, acompanhados de muitas mortes e descaso com a vida. Não consigo entender o egoísmo das pessoas que vão para festas clandestinas se aglomerarem", diz. "Espero que saiamos dessa e aprendamos uma lição sobre empatia com o próximo. E que o presidente caia, para que tenhamos alguém que cuide de verdade da população, que se preocupe com saúde e educação."
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