O show que virou o álbum "O Bom Samba Continua - Ao Vivo" segue rendendo frutos para o Revelação. As músicas gravadas em 2015 em um estúdio com plateia e que não entraram no trabalho original foram agora reunidas em um segundo volume do disco, já disponível na internet na página oficial do álbum. A versão em CD chega às lojas a partir desta semana. São, ao todo, 15 faixas.

"Sempre que vamos selecionar repertório para algum álbum, nós recebemos composições legais de parceiros ou mesmo de artistas que não conhecemos. Nunca há espaço para todos em um disco só. Já virou quase uma tradição nossa gravar um álbum e sobrar músicas para o próximo trabalho. Desta vez, não foi diferente”, conta Mauro Junior, que toca banjo no grupo e também é compositor.

Essas composições, então, entraram em "O Bom Samba Continua - Ao Vivo, Vol.2”. O repertório mantém o modelo do primeiro CD, com canções inéditas e versões de outros artistas. Tiveram espaço até músicas já gravadas pelo Revelação com outras formações.

Entre os pagodes inéditos estão "Entrego a Deus", "Meu Samba Pegou Você" e "Não Deu pra Notar”. “A Vida É Pedreira”, que esteve entre as faixas do volume um, ganha versão de estúdio, com participação especial do cantor Péricles.

O Revelação também interpreta “Ainda É Tempo pra Ser Feliz”, escrita pela dupla Arlindo Cruz, que recebeu alta hospitalar nesta segunda (2), e Sombrinha. "São nomes indiscutíveis do samba, e nos inspiramos muito neles. É raro um show ou um disco nosso que não tenha nada do Arlindo”, destaca Junior.

Algumas canções foram reunidas na mesma faixa. "Beleza que É Você Mulher", de Benito Di Paula, "Mel na Boca”, consagrada na voz de Almir Guineto (1946-2017), e “Meiguice Descarada”, que já ganhou versões do próprio Guineto e do cantor Reinaldo, formam uma delas. O mesmo acontece com “Favo de Mel”, de Dudu Nobre, e “Ilusão” e “Chuva de Verão”, gravadas em 1997 pelo grupo Soweto.

Sobre as interpretações, Junior diz que todas surgiram durante a apresentação. “As únicas canções que ensaiamos foram as inéditas. As regravações saíram intuitivamente. Tocamos o que vinha na nossa cabeça”, completa o músico.

“O Bom Samba Continua -Ao Vivo, Vol.2” é o segundo trabalho do cantor Davi como vocalista do Revelação. Ele começou a fazer parte do grupo no segundo semestre de 2015, substituindo o cantor Almirzinho, que segue carreira solo.

"Davi entrou bem no Revelação. Ele já tinha uma boa experiência de outros conjuntos, além de talento e carisma. Esse CD vai ajudar com que o grupo tenha um bom repertório formado apenas com a voz dele”, explica Mauro Junior, um dos integrantes do Revelação.

O repertório do grupo de samba é formado por músicas que foram cantadas por Almirzinho e por Xande de Pilares, que foi vocalista por 13 anos. O novo álbum do conjunto também marca o retorno do músico Artur Luís ao grupo. Ele estava afastado dos colegas desde 2015.

RODAS DE SAMBA

Além de terem sido gravados no mesmo show, os dois volumes do grupo Revelação, têm em comum a intenção de reproduzir o clima das rodas de samba encontradas nas periferias. "Tirando o equipamento profissional para a captação do som, os álbuns são reflexo puro do tipo de apresentação que o grupo faz quando toca informalmente”, lembra Bira Haway, produtor do trabalho.

“Os músicos ficaram à vontade, assim como o público que assistiu ao show. Procuramos levar ao máximo esse clima gostoso de liberdade para o som."

Haway firma que não teve muito trabalho na produção. "Todos os integrantes do Revelação vieram desse mundo das rodas de samba, de juntar a galera e tocar sem compromisso. O Davi, que entrou depois no conjunto, também foi musicalmente formado participando desse tipo de apresentação”, explica. Mauro Junior, que toca banjo, ainda ressalta o clima de descontração. “Foi como se estivéssemos nos nossos bairros, tocando para os amigos de infância."

Em breve, o Revelação pretende levar esse clima aos palcos. Ainda sem data definida, o grupo fará turnê com a união das faixas dos dois álbuns “O Bom Samba Continua”. A primeira parte do trabalho, lançada em abril de 2016, teve canções inéditas e regravações, como “Segredos”, do cantor e músico Roberto Frejat, “Já É” e “Meu Amor É um Vício”, de Jorge Aragão, e “Pedaço de Ilusão” e “Bar da Neguinha”, consagradas na voz da sambista Beth Carvalho.