Público gay masculino é pioneiro em apps de paquera
Apesar da oferta de um atalho para o sexo, como propõem os apps Tinder e Bang with Friends, o "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, em que as relações sexuais ocorrem livremente na sociedade, está longe de virar realidade.
Segundo Ailton Amélio, professor do Instituto de Psicologia da USP e especialista em relacionamentos amorosos, raríssimas mulheres aceitam convites diretos para sexo. "Para elas, tem que ter sentimento, contexto, e o medo também atrapalha".
Amélio afirma que esse tipo de app faz mais sucesso entre homens gays porque a "negociação entre eles é mais fácil".
"Historicamente, o custo do sexo para as mulheres era muito alto", diz o professor, citando fatores como a gravidez e a repressão sexual.
Existem apps específicos para o público gay, como o Grindr, que tem 162 mil usuários no Brasil e 6 milhões no mundo. O produtor de vídeos Daniel Pires usa o aplicativo há quase um ano e ficou com três pessoas que conheceu lá.
"Já fiquei até com um cara que estava bem perto de casa, indo buscar a namorada, mas conseguiu se encontrar comigo antes de pegá-la na faculdade", afirma Pires. "Os apps são bons para os gays, porém eles são melhores para os gays não assumidos."
Entre as mulheres homossexuais, isso já não acontece com a mesma frequência. "Muitas ainda têm um discurso antigo de que o sexo puramente pelo sexo é algo ruim. Ruim é miséria, criança na rua. Sexo é ótimo", afirma Regina Navarro Lins, psicanalista e autora de 11 livros sobre relacionamentos amorosos.
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