Astronauta Buzz Aldrin arranca gritos e aplausos em palestra na Campus Party
O falatório e o barulho de videogame, até então incessantes na Campus Party, foram interrompidos por uma pomposa música instrumental digna de filmes de ação, seguida por um caprichado vídeo mostrando a preparação e as dificuldades da viagem à Lua. Centenas de jovens vão ao delírio, gritam e aplaudem de pé. É a deixa para que Buzz Aldrin faça uma entrada triunfal.
Segundo homem a pisar na Lua, em 1969 na missão Apollo 11, Aldrin, 82, não quer saber de parar. Está prestes a lançar um livro sobre a exploração de Marte, percorre o mundo dando palestras e ainda tem tempo de palpitar na política e no programa espacial americanos.
Para a palestra, cuja audiência era composta essencialmente por jovens que já nasceram com a exploração espacial consolidada, ele começou do básico: o quão difícil e distante parecia o objetivo de pousar um homem na Lua, anunciado em 1961 pelo então presidente John Kennedy.
Àquela altura, os grandes pioneiros no espaço eram os soviéticos, com o primeiro satélite, o Sputinik, e o primeiro homem em órbita, Yuri Gagárin.
"O presidente Kennedy não havia nos dado escolha. Falhar não era uma opção. Ou fazíamos isso ou fazíamos", anunciou o astronauta em um tom exaltado.
Não faltaram piadas. "Quando desci da nave para a superfície da Lua, tomei cuidado para não bater a porta. Nós não tínhamos a chave."
De gravata azul com a estampa de um foguete, anel em formato da lua, broche com a bandeira americana e pulseiras de caveirinha, o ex-astronauta parece querer dar muito recados de uma vez só.
Além da missão à Lua, Aldrin explicou brevemente o que ele considera ser a melhor forma de exploração em Marte: não em pequenas missões, mas com a construção de uma base, provavelmente em Phobos, uma das luas do planeta vermelho.
A descrição completa estará em seu novo livro, "Buzz Aldrin: Mission to Mars", que será lançado em maio nos EUA.
"O aniversário de 50 anos das missões Apollo seria uma boa data para anunciar um plano assim", diz o ex-astronauta. "Que governante terá a coragem de fazer isso", indaga ele em tom desafiador.
EXPERIÊNCIA PESSOAL
Além de falar da importância de que os jovens se mantenham curiosos e com coragem de desafiar os limites estabelecidos, o ex-astroanauta aproveitou para falar um pouco de sua experiência fora do trabalho.
"Tive problemas com o álcool, mas me recuperei. Atualmente estou há 34 anos sóbrio", diz ele, arrancando aplausos e gritos de euforia da plateia.
Certamente, Aldrin sabe como atrair os holofotes. Ao contrário do introvertido Neil Armstrong, seu companheiro de missão e o primeiro a tocar a superfície lunar, morto no ano passado, Aldrin não foge de entrevistas ou de aparições públicas.
Além de palestras e consultoria para empresas, ele já dançou na versão americana da "Dança dos Famosos", além de ter dublado a si mesmo para o desenho "Os Simpsons" e de ter feito pequenas participações no cinema.
PATRIOTISMO
Ignorando a rivalidade entre americanos e brasileiros sobre quem construiu o avião, Aldrin falou dos irmãos Wright e do pioneirismo e coragem dos americanos.
Em conversa com jornalistas antes da palestra, Aldrin reiterou seu descontentamento com alguns dos rumos do programa espacial americano e criticou os cortes de verbas pra Nasa. Ainda assim, ele elogiou a participação da iniciativa privada na exploração espacial.
Para tirar o constante sorriso do rosto do veterano, só mesmo uma pergunta sobre as naves russas Soyuz, que atualmente são a única maneira que os americanos têm de chegar à ISS (Estação Espacial Internacional) após a aposentadoria dos ônibus espaciais.
"Nós esta os pagando muito dinheiro para o programa espacial deles. Certamente, as Soyuz não são a maneira mais segura de chegar ao espaço, mas é o que temos por agora."
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