Livro conta caso de formigas condenadas por roubar farinha
Milhares de formigas acusadas de retirar farinha sorrateiramente da despensa de frades capuchinhos, em São Luís (MA), foram processadas por furto e danos ao edifício.
Segundo a acusação, os túneis subterrâneos escavados pelos insetos poderiam colocar em risco a estrutura do convento. Os frades queriam a expulsão das formigas.
O julgamento -que ocorreu há mais de 300 anos, em 1706, em um tribunal eclesiástico na província do Maranhão- é narrado agora pelo juiz maranhense José Eulálio Figueiredo de Almeida no livro "O Processo das Formigas", lançado nesta semana.
Almeida conta que escreveu o livro para mostrar as mudanças no direito e nas igrejas em 300 anos. "Antigamente, era comum animais ou objetos serem processados. E a igreja era a que mais processava animais", diz.
Na época, não havia o entendimento de que os animais não tinham consciência do certo ou errado, e, como criaturas de Deus, os bichos eram submetidos à igreja.
Na história, há casos de ratos excomungados e animais venenosos banidos por ordem de bispos, diz o juiz.
Ele lembra que a serpente que convenceu Eva a comer a maçã foi condenada por Deus a rastejar para sempre. Para escrever o livro, Almeida pesquisou em documentos que citavam o processo, já que o próprio desapareceu.
O tribunal eclesiástico chegou a nomear um defensor para as formigas, que argumentou que elas não eram malditas, como dizia o processo, nem ladras, pois agiam pela sobrevivência.
Não adiantou: foram condenadas. Segundo o juiz, não se sabe se a sentença foi cumprida.
O PROCESSO DAS FORMIGAS
AUTOR José Eulálio Figueiredo de Almeida
EDITORA Lithograf
QUANTO R$ 20
ONDE COMPRAR Livraria do Advogado (Shopping Tropical), em S. Luís
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