Brasileiros colaboram em supermapa do coração da Via Láctea
Utilizando um dos mais modernos telescópios de infravermelho do mundo, o Vista (Visible and Infrared Survey Telescope for Astronomy), uma equipe de 12 astrônomos identificou cerca de 173 milhões de objetos na região central da Via Láctea e, entre eles, mais de 84 milhões já foram relacionados como estrelas.
O estudo, liderado pelo astrofísico brasileiro Roberto Saito, consiste na observação de milhares de imagens obtidas pelo aparelho desde o ano de 2010. A partir dessas capturas, os cientistas formaram uma única e gigantesca imagem que permitiu o mapeamento das estrelas, e assim criaram o maior banco de dados do coração da nossa galáxia.
A região central da Via Láctea, também conhecida como bojo galáctico, é de difícil observação devido ao excesso de poeira e gás. Por essa razão, o telescópio Vista foi essencial, já que a visualização na faixa do infravermelho não é tão afetada por essas condições.
UM TERÇO DE BRASILEIROS
Do grupo de 12 astrônomos de diversos países, quatro são brasileiros. Roberto Saito, autor principal da pesquisa, nasceu em Florianópolis, graduou-se e fez seu doutorado na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Além dele, Márcio Catelan e Beatriz Barbuy são doutores em astronomia pela Universidade de São Paulo, além de Bruno Dias, doutorando também pela USP.
Para Saito, cada um na equipe colaborou de maneira única, pois são todos astrônomos especialistas no estudo da Via Láctea e, assim, contribuíram para dar forma ao trabalho.
Denominado "Variáveis 'Vista' na Via Láctea" (VVV), o projeto tem por objetivo investigar o surgimento e a evolução da nossa galáxia, além de desvendar a sua estrutura. Foi aprovado para utilizar o telescópio Vista por aproximadamente 2.000 horas, o que, segundo Saito, estende o VVV até pelo menos o ano de 2014.
"A realização desses estudos é de grande importância para ajudar a entender não só a nossa galáxia mas também outras com as mesmas características", diz o astrônomo.
O telescópio Vista está localizado no Observatório de Cerro Paranal, no norte do Chile, e pertence ao ESO (Observatório Europeu do Sul). Juntamente com o VVV, outros cinco projetos foram aprovados para a utilização do VISTA. Todos são de caráter público, o que permite que os dados obtidos sejam compartilhados por meio do banco de dados do ESO.
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