Moda tie dye: Com técnica caseira e divertindo a família, tendência se espalha na web
Veja como esse colorido dos anos 1970 voltou a fazer sucesso
Veja como esse colorido dos anos 1970 voltou a fazer sucesso
Qualquer pessoa que tenha usado as redes sociais nos últimos meses provavelmente foi atingida em algum momento pela febre do tie dye. A tendência de moda que ficou conhecida nos anos 1970 com o movimento hippie norte-americano, voltou com tudo e se tornou a "cara de 2020".
Apesar de ter aparecido também nos anos 1990, segundo conta a consultora de estilo Joice Rossi, 37, o tie dye conseguiu atingir diferentes tipos de públicos desta vez –naquele tempo chamou mais atenção dos jovens. Hoje, não importa a idade: você pode encontrar um tie dye que certamente será do seu gosto. Crianças, adolescentes e adultos aderiram à moda e apostaram nela nos últimos meses.
A especialista em moda aponta a quarentena e o isolamento social, como principais fatores para a ascensão da tendência fashion, que já demonstrava sinais de sucesso ainda no final de 2019. "Devido à pandemia teve esse 'boom'. É uma coisa fácil de se fazer em casa, e as pessoas perceberam que poderiam dar uma nova cara para esse período. Trazer um pouco mais de cor, por isso viralizou totalmente", explica.
Esse foi o casa de Ana Beatriz Cachur, 36, que viu no tie dye a oportunidade perfeita para reutilizar algumas peças de roupas que estavam esquecidas no fundo do guarda-roupa. "Foi bem por acaso, começou a pandemia e eu descobri que tinha muitas roupas com manchas, que eu não conseguia tirar de jeito nenhum. Eram peças de roupa boas, foi quando vi a onda do tie dye e propus fazer", diz Cachur, que usou isso também para entreter as filhas gêmeas Clara e Helena, 6. "Elas adoraram a ideia e começaram a pedir tudo de tie dye, até bolo [risos]."
Cachur conta que tingiu suas roupas –blusa, moletom, bolsa– e as de suas filhas, "com a cara e na coragem". "Não compramos nada, decidi fazer tudo com elas. Acabou se tornando uma atividade super bacana, já que elas estão há seis meses sem aula. Tive que inventar e me virar nos trinta!".
Além da praticidade de produzir sua própria peça tie dye, há também quem opte por comprar as roupas prontas –opção para isso é o que não falta. No mercado há 22 anos, a consultora Marcia Jorge, 42, especialista em moda e comportamento, explica que por isso a tendência está no ponto máximo de saturação, momento conhecido quando atinge o grande público.
"Hoje você encontra peças no valor de R$ 1.200 e de R$ 120, a variedade é ampla", diz ela. Entretanto, a consultora de moda ressalta que o tie dye vive seus últimos momentos de glamour. "Já não é mais novidade. Quem usou no começo da quarentena já não usa mais", comenta.
Estando no seu fim ou não, o tie dye ainda abriu muitas portas para quem tinha o sonho de empreender, como a jovem Letícia Castro, 22, que no final de 2018 se formou em moda. Desde criança apaixonada pelo meio, Castro diz que tinha medo de abrir sua própria marca e não conseguir um bom retorno. Mas a tendência que tomou conta das redes sociais fez com que ela desse um ponta pé para iniciar seu sonho de ser estilista.
"Desde quando eu era mais nova, gostava de vender pulseiras, fazer essas coisas, mas nunca pensei em colocar na mídia social. Fiquei um pouco insegura. Não tanto, porque hoje não dependo 100% disso. Mas consegui um bom retorno", conta ela que criou seu próprio perfil no Instagram e com ele conseguiu produzir mais de 100 peças tie dye.
A ideia de tirar o projeto do papel nasceu quando ela precisou ficar 15 dias em seu quarto após receber diagnóstico positivo de Covid-19. "Eu ficava sem fazer nada praticamente o dia inteiro, mexia muito no celular, vi que muita gente estava comprando e decidi arriscar." Quando se recuperou da doença, Castro não demorou para comprar os materiais e logo começou a produzir.
De indicação em indicação, a jovem, que reside na zona norte de São Paulo, conta que já vendeu suas peças para outros estados, como Rio de Janeiro e Paraná. Hoje, além de calça e blusa de moletom, ela produz meias e até peças infantis. "Deixo aberto para o cliente escolher o que deseja, tanto a técnica como as cores. Às vezes me pedem para fazer com dez tintas e eu sempre alerto o que fica bom. Mas o resultado é sempre uma surpresa [risos]".
A jovem empreendedora explica que a técnica que mais utiliza em suas produções é a do caracol e mesclada (confira abaixo). Mas, segundo ela, existem um "trilhão de jeitos diferentes de se fazer". "É muito pessoal", completa ela que hoje trabalha como assistente de estilo na marca Martha Medeiros. Com a vontade de um dia abrir sua própria loja física, Letícia Castro diz que enquanto isso não acontece vai continuar investindo nas redes sociais e reflete sobre a importância do tie dye em sua trajetória profissional: "Fez eu acreditar mais que eu posso pensar em outras coisas, com certeza foi um empurrão."
Na opinião de Murilo Oliveira, especialista em redes sociais e marketing de influência, as plataformas digitais, se tornaram uma vitrine para quem deseja abrir seu próprio negócio, mas não sabe por onde começar, como no caso de Castro. "Os outros meios não conseguem entregar ao consumidor tanta interação direta e em tempo real. Daí o sucesso em horas de usar durante a quarentena", conta Oliveira.
Com suas versatilidades, o tie dye pode ser uma forma de diversão e passatempo de quem deseja fazê-lo em casa, como Ana Beatriz Cachur e suas filhas, ou também o começo para quem só precisava de uma onda para surfar e finalmente investir em moda, ou simplesmente empreender.
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