De uso obrigatório e essencial, máscaras ganham cores e estampas e viram peças de moda
'Além de proteger, elas podem ser uma maneira de você se expressar', diz Lilian Pacce
'Além de proteger, elas podem ser uma maneira de você se expressar', diz Lilian Pacce
As máscaras faciais se tornaram um item obrigatório para proteger a própria saúde e a dos outros, em meio à pandemia do novo coronavírus. É difícil, atualmente, imaginar sair de casa sem a peça. E se a máscara está no guarda-roupa de todos, naturalmente aqueles que se interessam pelo universo fashion a tratam como mais um artigo de moda.
Na avaliação da jornalista Lilian Pacce, 58, consultora e curadora de moda, as máscaras são as novas camisetas e um bom outdoor de estilo e mensagens. "Além de proteger, elas podem ser uma maneira de você se expressar", diz ela, para quem o item continuará sendo essencial por pelo menos mais um ano. "A moda se mobilizou desde o começo, no sentido de colaborar mesmo. E acho bacana que muitas pessoas começaram a produzir e isso virou um negócio."
Diversos modelos, cores e estampas estão aí para provar que é possível manter o estilo mesmo em tempos difíceis.
O exagero nas cores e nos acessórios é uma marca do estilo da artista plástica Elisa Stecca, 54, que trabalha no segmento de joalheria e se diz apaixonada por moda. Agora, ela tenta se divertir ao integrar a máscara ao visual.
"Torna um pouco mais leve esse novo hábito. Para mim, é legal ter diversas possibilidades. É mais um item para você pensar, porque a máscara é também uma maneira de passar mensagens, com frases, desenhos, estampas", diz Stecca.
"Existem duas maneiras de usar a máscara de uma forma estilosa. Ou você vai para uma linha mais 'clean' ou para um lado maximalista. Na minha opinião, mais é sempre mais", acrescenta a artista plástica, aos risos.
Stecca cita a marca "Ask the Mask", idealizada por Marcia Santos, como uma das suas preferidas. Ela explica que o tecido especial e de alta costura é o diferencial do produto. "Eu vejo essa dualidade, entre ter uma máscara bastante funcional, tecnológica, industrial, e essa super artesanal."
Assim como qualquer outro item, a máscara ideal é aquela que atende ao estilo de quem a usa. "Você tem a opção de ficar invisível com uma máscara neutra ou de fazer uma afirmação muito individual", diz Stecca.
Há três meses confeccionando o artigo, a artesã Fabiana Madeira, 47, diz que tem percebido uma mudança na preferência dos clientes. "As mais discretas estão sendo o pedido do momento, mas tem de tudo", conta. Ela avalia que o retorno gradual das atividades e do trabalho presencial têm feito com que as pessoas –mesmo aquelas que não são tão ligadas à moda– deem atenção especial à máscara.
"O pessoal está preferindo coisas que combinem mais com as roupas, com o dia a dia", conta Madeira. Há cinco anos ela tem uma marca de acessórios artesanais, a Bellaluna. Ela começou a fazer máscaras para o marido e os filhos e acabou redescobrindo a paixão pela costura.
"Quando vi já estava cheia de pedidos de amigos, familiares e conhecidos", diz a artesã, que atualmente transita entre Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e Barra do Una, litoral norte do estado. Madeira tem investido na chamada "máscara 3D", com tecido de algodão, modelo que, segundo ela, é o mais pedido e dos clientes.
"É mais confortável. Tem um formato mais largo, com duas costuras no meio, que faz com que o tecido fique um pouco mais afastado do nariz e da boca. Quem usa geralmente fala que dá para respirar melhor", afirma Madeira, que também aposta na produção de máscaras combinadas para mãe e filha, com estampas iguais, e diz que a ideia tem feito sucesso. "As mães também podem acompanhar os pequenos, sem precisar usar estampas de bichinhos ou desenho."
A bancária Vanessa Fosenca, 37, comprou o modelo 3D para usar com a filha, Manuela, de 4 anos, e aprovou as peças. "Foi o único modelo que a minha filha conseguiu colocar e retirar sozinha devido aos elásticos ajustáveis."
Engana-se quem pensa que homens não ligam para estilo. A artesã Fabiana Madeira explica que os pedidos por máscaras masculinas vêm sempre acompanhados de ressalvas. "Eles pedem estilos mais discretos e cores escuras, como preto e azul-marinho. Essas saem bastante."
Para o empreendedor e professor de marketing Higor Felipe Batista, 33, além da praticidade, as peças discretas são mais fáceis de combinar com as roupas. "Mesclar as roupas com as máscaras, para mim, não é um problema. A máscara tem a função primária de proteção da saúde, que é o seu real objetivo. Mas, por que não aliar proteção e estilo? Uma coisa, necessariamente, não invalida a outra", diz Batista, que sempre gostou de se vestir bem desde pequeno.
"Minha mãe costuma falar que eu, apesar de muito novo, criança ainda, era mega exigente [risos]. Ela diz que eu me recusava a vestir o que não gostava. Não considero estilo uma trivialidade, superficialidade, como muitos dizem por aí", reforça o empreendedor paulista, que diz buscar sempre transparecer seu bom gosto até quando está de máscara.
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