MIS conta bastidores dos filmes do cineasta inglês Alfred Hitchcock
Exposição começa nesta sexta e mostra o diretor atrás da câmeras
O cineasta inglês Alfred Hitchcock (1899-1980) não passava suas mensagens apenas nas cenas de seus filmes. Ele também dizia, e muito, nas estrelinhas dos longas e durante os bastidores.
Esses e outros aspectos ganharão luz com a exposição "Hitchcock - Bastidores do Suspense", que começa no MIS (Museu da Imagem e do Som) e vai até outubro. A mostra, que teve organização total do museu, tem fotos, vídeos, material de divulgação dos filmes e manuscritos do inglês.
"O bacana é entender a mecânica dele de fazer os filmes e quais eram as suas motivações. Contamos curiosidades, mas não estragamos as surpresas", explica André Sturm, curador da exposição.
A data de início, sexta-feira 13, vai ganhar ainda mais tons interessantes. A mostra ficará aberta durante a madrugada de hoje para amanhã. Haverá também a exibição de três filmes de Hitchcock, com ingressos já esgotados.
Fã do cineasta, Sturm ressalta que ele tinha a habilidade de passar sensações sem mostrar imagens. “O cinema dele dá medo sem precisar ser explícito, o que é muito mais desafiador e interessante.” “Hitchcock - Bastidores do Suspense" revela também o lado detalhista do inglês. “Ele planejava os filmes nos mínimos detalhes. Não tem truques vazios nem nada mostrado gratuitamente”, fala Sturm.
Ele dá o exemplo de "Psicose", lançado em 1960 nos Estados Unidos e em 1961 no Brasil. Na época, a técnica de filmagem a cores já estava consagrada, mas Hitchcock, mesmo com toda a resistência da equipe de produção, fez questão de gravá-lo em preto e branco. Isso por conta de apenas uma parte.
"O auge do longa está na famosa cena em que a personagem Marion é atacada durante o banho. Como iria mostrar muito sangue, ele não queria que todo aquele vermelho assustasse o público", detalha o curador.
Não raro, Hitchcock ia para o meio do cenário mostrar como deveriam ser os movimentos dos atores. Na exposição, há fotos que mostram como era esse tipo de encenação. Outra característica do cineasta inglês é que ele costumava aparecer, bem discretamente, em alguns de seus longas. Outros diretores, como o americano Martin Scorsese, aderiram à brincadeira.
Não é à toa que o inglês Alfred Hitchcock continua sendo um dos nomes mais fortes da história do cinema mundial. Especialistas na área apontam diversas influências dele nessa arte. “Ele é único e tem um jeito de filmar bastante característico. Eu ouso afirmar que ele é o único cineasta que virou adjetivo”, conta André Sturm.
O crítico Marcelo Lyra lembra outras marcas dos trabalhos do inglês. "Ele era extremamente hábil em manipular o público e saber o que poderia surpreender. Além disso, ele foi um dos primeiros cineastas a mostrar personagens femininas fortes e decididas, com personalidade."
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