Dom Paulo Evaristo Arns ganha exposição no Centro Cultural dos Correios
Religioso foi militante na batalha contra a pobreza e a favor da democracia
Frade franciscano que gostava de ser lembrado como “amigo do povo”, o arcebispo emérito de São Paulo e cardeal dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), além de pregar a mensagem católica, foi um incansável militante pelos direitos humanos. Essa e outras facetas suas estarão na exposição “Dom Paulo Evaristo Arns: 95 Anos”, que o Centro Cultural dos Correios inaugura no próximo sábado (21).
A curadoria foi dividida entre Maria Angela Borsoi, Paulo Pedrini, Evanize Sydow e Marilda Ferri: as duas últimas, autoras de “Dom Paulo Evaristo Arns: Um Homem Amado e Perseguido”, biografia do religioso. “Pensamos em apresentá-lo, sobretudo às gerações mais novas, de uma forma mais lúdica e com elementos que o livro não permite mostrar”, conta Marilda.
A exposição, que fica aberta até setembro e é gratuita, tem fotos, vídeos e instalações que passam por diferentes momentos da vida de Arns.
Suas lutas pela igualdade social e pela democracia são evidenciadas. A mostra reproduz, por exemplo, como eram as celas das prisões do governo militar, regime combatido por Arns. Outra montagem faz uma reprodução da famosa vala do cemitério de Perus, onde foram encontradas ossadas de desaparecidos políticos. Haverá também sessões da peça “Lembrar É Resistir”, sobre as prisões na época da ditadura.
Outro aspecto conta as ideias de Arns. “Nós percebemos como seus pensamentos eram avançados para a época. Ele falava bastante da dignidade das condições humanas, assunto que ainda precisa de discussão nos dias atuais”, explica Marilda.
A mostra ainda passa por outros temas da vida de Arns, como sua paixão pelo Corinthians, e possui um espaço dedicado a são Francisco, cujos ensinamentos ele seguiu fielmente. “Posso dizer que é uma exposição bem completa, que tem como objetivo atingir o visitante em diferentes sentidos”, completa Marilda.
‘Dom Paulo era bem-humorado e decidido’
A exposição trata também do lado pessoal de um dos católicos brasileiros mais importantes dos últimos tempos. “Ele era calmo e tinha um excelente humor. Mas era firme e convicto de suas decisões”, conta Marilda Ferri, uma das curadoras da mostra e sua biógrafa.
Antonio Funari Filho, presidente da comissão da Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, lembra da preocupação dele com o ser humano. “Na época da ditadura, quando os perseguidos não tinham a quem recorrer, ele marcava presença, mesmo quando colocava a si em perigo.”
Funari também se recorda da lado ecumênico de Arns. “Ele ajudava pessoas de todas as crenças. Ele não queria saber de onde a pessoa vinha. Se precisasse, ele daria o apoio necessário.”
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