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Tony Goes

Defante e Adnet que se cuidem: Eduardo Bolsonaro é o melhor humorista da Copa

Filho do presidente disse que levou pen drives ao Qatar e fez o Brasil inteiro rir

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em um dos momentos em que não estava ocupado, 'fazendo comunicação internacional e mostrando a situação do Brasil' - Reproduçao
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A Copa do Mundo é muito mais do que um campeonato de futebol. Para o país anfitrião, é a oportunidade de promover sua imagem no resto do planeta. Para ativistas de diversas causas, um palco para serem ouvidos. Para celebridades, mais uma passarela para desfilar.

Como a Copa atrai um público muito maior do que aquele que acompanha esportes o ano inteiro, a TV e o streaming também preparam atrações mais descontraídas, que vão além das análises técnicas de cada partida. É o que explica Jojo Todynho e Deborah Secco como comentaristas, a primeira na Globo e a segunda no SporTV.

O humor também ocupa um espaço importante na cobertura de qualquer Copa do Mundo. No quadro "Que Doha É Essa?", no portal GE e em alguns programas da Globo, Marcelo Adnet esmerilha com suas imitações de Galvão Bueno, Milton Cunha, Gilberto Gil e por aí vai. Na CazéTV, no YouTube, Diogo Defante faz reportagens tão irreverentes nas ruas do Qatar q ue, alguns apostam, ele pode ser preso a qualquer momento.

Mas esses comediantes profissionais não são páreo para um jovem político, que superou seus concorrentes com uma única piada. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez o Brasil inteiro rir nesta terça (29) ao justificar sua inesperada presença no estádio 974 na segunda (28), assistindo ao jogo entre Brasil e Suíça ao lado de sua mulher, Heloisa.

Criticado por apoiadores de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, por estar curtindo a Copa in loco enquanto manifestantes golpistas tomam chuva na frente de quartéis, Eduardo saiu-se com uma das desculpas mais esfarrapadas de todos os tempos.

"Nesses pen drives aqui têm vídeos, em inglês, explicando a situação do Brasil", diz ele num vídeo divulgado na internet. "Eu espero que você não creia que aqui no Qatar só se fale em Copa do Mundo. Só para lembrar para você que a Fifa tem mais membros do que as Nações Unidas. A imprensa inteira está aqui".

Eduardo não está se dirigindo ao público em geral, mas especificamente a seus críticos na extrema direita. Quer surfar numa teoria maluca surgida entre alguns de seus defensores: sua viagem ao Qatar teria um "objetivo estratégico" - angariar apoio internacional para um golpe de estado, talvez?

Mas tudo o que o deputado conseguiu até agora foi uma avalanche de memes e gozações, na imprensa e nas redes sociais. Pen drives eram usados para armazenar e transportar arquivos até uns 10 anos atrás, mas foram superados por tecnologias mais avançadas. Hoje é possível transmitir online um vídeo de um ponto a outro do mundo com total segurança e rapidez, sem que ninguém precise embarcar num avião.

Mas os integrantes do clã Bolsonaro, assim como sua claque amestrada, vivem num passado ainda mais remoto, quando eleições limpas e democráticas podiam ser meladas por intervenções militares. Esse tempo, assim como o dos pen drives, já passou.

É muito triste que tanta gente seja a favor de um golpe de estado, e casos de violência vêm estourando em diversos pontos do país. Mas a insanidade dessa turba também tem um lado engraçado. Episódios como o hino nacional cantado para um pneu ou a comemoração pela prisão do ministro do STF Alexandre de Moraes , que jamais ocorreu, cobrem de ridículo um movimento já fadado ao fracasso.

E agora os golpistas têm seu humorista oficial. Eduardo Bolsonaro, que já carregava o sugestivo apelido de Bananinha, consagrou-se como a figura mais engraçada desta Copa do Mundo. Achou que todo mundo era bobo, menos ele, e conseguiu provar justamente o contrário.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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