Repleto de clichês, último capítulo de 'Pantanal' rendeu todas as emoções esperadas
Nova versão da novela honrou a original e também entrou para a história da TV
O penúltimo capítulo de "Pantanal" terminou com um bom gancho. José Leôncio, o patriarca vivido por Marcos Palmeira, finalmente resolveu colocar em disputa a cobiçada sela de prata entre seus três filhos. A prova para definir o vencedor não era das mais emocionantes: uma corridinha a cavalo, bem curta.
José Leôncio tocou o berrante e dois de seus filhos saíram em disparada. Mas Tadeu, papel de José Loreto, segurou seu cavalo. Parecia que o único dos três rapazes de fato criado pelo pai se recusava a participar de uma competição boba e sem sentido.
Era só impressão. Logo na primeira cena do último capítulo, exibido nesta sexta (7) pela Globo, Tadeu esperou os irmãos ganharem distância para, enfim, entrar na corrida. A galope, ultrapassou-os facilmente e ganhou a sela de prata.
Esta sequência resume, de certo modo, o que foi esta segunda versão de "Pantanal". Em vários momentos, o texto atualizado por Bruno Liperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, o autor da trama original, pareceu que ia escapar do óbvio e desembocar num desfecho original. Novamente, era só impressão.
"Pantanal" usou e abusou dos clichês, e isto não é necessariamente ruim. A novela foi o equivalente televisivo de um bolo da avó: a gente já sabe o que esperar, sem surpresas nem decepções. E é sempre muito gostoso.
Mesmo assim, houve exagero no uso de alguns recursos dramáticos. Por que tantos personagens falando sozinhos, explicando para si mesmos suas próprias emoções? Um olhar ou um gesto não bastariam para o espectador entender o que ele está sentindo?
E por que tantos segredos sendo descobertos, simplesmente porque alguém ouviu uma conversa do outro lado da porta? Até neste episódio final aconteceu isto, com Tadeu escutando à sorrelfa José Leôncio comentando com Filó, interpretada pela divina Dira Paes, que sempre soube que não era o pai biológico do peão. Pelo menos o clichê serviu para desencadear uma sequência emocionante, que levou Tadeu de encontro ao Velho do Rio, feito por Osmar Prado, e à reconciliação com o homem que o criou.
Um problema frequente dos últimos capítulos é o excesso de finais felizes. Todos os casais acertam seus ponteiros ao mesmo tempo, desafiando a lógica e a verossimilhança. "Pantanal" abraçou com gosto mais este clichê, valorizando-o com um animado casamento coletivo. A festa ainda serviu de pretexto para trazer atores que fizeram a primeira versão da novela, como Cristiana de Oli veira, Ingra Liberato e Sérgio Reis, que pagou sua língua e apareceu na tela da Globo.
Soou algo forçada a confraternização de Guta, vivida por Julia Dallavia, com Alcides, o assassino de seu pai, interpretado por Juliano Cazarré. Mas o casório também teve momentos divertidos, como Zaquieu, o peão gay encarnado por Silvero Pereira, finalmente beijando outro homem, logo depois de chamar a personagem de Isabel Teixeira, Maria Bruaca, de "Mary Bru", apelido surgido na internet.
Os dois últimos blocos foram dominados pela anunciada morte de José Leôncio. Todo mundo já sabia que ele assumiria o posto de Velho do Rio, ocupado por seu pai Joventino, e mesmo assim a sequência foi de dar nó na garganta.
Curiosa foi a quase total ausência de Juma, a figura mais icônica da primeira versão, deste final da segunda. É verdade que a personagem não tinha mais conflitos a resolver, mas fez falta.
"Pantanal" terminou com uma bonita declaração em off de Benedito Ruy Barbosa, citando o próprio avô. Com essa homenagem, a novela saiu do ar e entrou para a história da TV. Não vai demorar muito para ser reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo".
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