Com estreia do Pipoca, Ivete Sangalo mostra que é a nossa mais completa showwoman
Programa ainda precisa de ajustes, mas vai bem de audiência
Chega a ser covardia. Não basta estar, há pelo menos 20 anos, no pódio das cantoras mais populares do Brasil. Nem lotar shows pelo país afora, reinar no Carnaval, exibir talento como atriz. Ivete Sangalo ainda tinha que nos humilhar a todos com mais uma habilidade excepcional: a de animadora de auditório.
Animada ela sempre foi, e sua animação é contagiante. Que já a assistiu ao vivo sabe que Veveta é um dínamo humano, uma usina de energia. Na verdade, seus trabalhos como cantora, atriz ou apresentadora vêm todos do mesmo lugar: a paixão pelo palco, seu habitat natural. Ivete Sangalo é a nossa mais completa showwoman.
Se alguém ainda tinha dúvidas, elas foram dissipadas com a estreia de Pipoca da Ivete, o programa de auditório que estreou neste domingo (24) na Globo.
É a primeira vez que uma atração do gênero leva o nome de Ivete nome no título, mas ela já tem cancha. Substituiu Xuxa Meneghel no comando do Planeta Xuxa durante a licença-maternidade da amiga, em 1996. Mais recentemente, enfrentou com galhardia duas temporadas de The Masked Singer Brasil.
A surpresa, na verdade, é o tempo que levou para Ivete Sangalo ganhar seu próprio programa. Só agora, no esplendor dos 50 anos de idade, é que ela chegou a este marco em sua carreira. E ainda parece que vai conseguir dar sobrevida a um gênero que estava condenado pela falta de renovação.
Pipoca da Ivete é um bom programa, mas claro que ainda pode ser melhorado. Há um certo excesso de competições: em quase todos os quadros, celebridades ou anônimos estão concorrendo entre si e disputando prêmios.
No remake jocoso da novela "Tieta", por exemplo, do qual participaram, em diferentes momentos, Regina Casé e Paolla Oliveira, não havia a menor necessidade de procurar bolinhas pelo cenário para marcar pontos. A ideia já era divertida em si.
Tadeu Schmidt também foi bem no Duelo das Famílias, que abriu a atração, mas as regras do quiz show são um pouco confusas e as respostas, muito óbvias. Já o Iveteokê, que seleciona calouros pelas ruas do país e depois os traz para um confronto no palco, repetiu a velha fórmula do Chacrinha, com a plateia escolhendo seu favorito com palmas e gritos.
Por tudo isto, o quadro Carro Velho chegou a ser um alívio. Nada mais do que a apresentadora, Diogo Nogueira e Jonathan Azevedo mais as já citadas Regina e Paolla num carro cenográfico, falando bobagens.
De fato, não há muito o que inovar num programa de auditório. O formato, surgido no rádio, apresenta sempre variações das mesmas ideias, e lá se vão mais de 70 anos. O diferencial acaba sendo responsabilidade do apresentador. Neste quesito, Ivete Sangalo arrasou.
Os melhores momentos da apresentadora acontecem quando ela sai do script e faz comentários espontâneos (a emissora, acertadamente, exibiu uma seleção de erros de gravação durante os créditos finais).
Uma maneira de deixar o Pipoca ainda mais quente seria transmiti-lo ao vivo. Mas, para isto, Ivete teria que abrir mão dos shows nos finais de semana, uma de suas maiores fontes de renda.
De qualquer forma, foi uma boa estreia. Dados preliminares apontam uma média de 11,7 pontos na Grande São Paulo, excelente para o horário (os números consolidados só saem na segunda-feira).
Alguns sites apontaram que o desempenho do Pipoca da Ivete seria decisivo para a permanência de Boninho na Globo. Por enquanto, o diretor-geral da atração pode respirar aliviado.
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