Sem 'Chaves' na programação, SBT perde uma parte de seu DNA
Emissora anunciou que não irá mais exibir a série mexicana, no ar há 36 anos
Por volta das 13 horas desta sexta-feira (31), um e-mail disparado pela assessoria de imprensa do SBT caiu feito uma bomba nas Redações de todo o país. A notícia logo vazou para a internet, e a comoção foi geral: a partir deste sábado, 1º de agosto, a emissora não exibirá mais nenhum episódio de “Chaves”.
É estranhíssimo imaginar o SBT sem o senhor fantasiado de menino, que frequenta sua grade de programação desde o longínquo ano de 1984. Durante essas quase quatro décadas, “Chaves” foi reprisado à exaustão em todos os horários possíveis, até quase furar as fitas. Conquistou seguidas gerações de crianças brasileiras e influenciou humoristas como Tatá Werneck e Marcelo Adnet. A consternação só seria maior se o próprio Silvio Santos estivesse voltando para a Globo.
Para piorar, o Multishow também acaba de perder a série mexicana. Nos dois anos em que esteve no canal pago, “Chaves” ganhou novas dublagens e ainda teve episódios inéditos no Brasil exibidos pela primeira vez por aqui. Isto significa que a legião de fãs brasileiros do “chavo del ocho” entrará em crise de abstinência, sem ter onde ver seu ídolo. Tudo isto, em plena pandemia!
É sintomático que a rede Televisa e o Grupo Chespirito, detentoras dos direitos de “Chaves”, “Chapolin” e “Chespirito”, tenham removido seus produtos ao mesmo tempo dos dois canais brasileiros que os exibiam. Parece que a intenção é mesmo causar uma gritaria nas redes sociais, para valorizar o passe de um programa com quase meio século de idade. Para onde será que vai o “Chaves” agora? Para a Netflix?
E para onde será que vai o SBT? A emissora de Silvio Santos passa por uma crise brava. Faturamento e audiência despencaram nos últimos meses. O “patrão” anda mais errático do que nunca, criando e matando programas a esmo. Já faltavam novidades; agora, pelo jeito, também vão faltar reprises.
“Chaves” faz parte do DNA do SBT. Além do próprio Silvio, nenhuma outra estrela está na casa há tanto tempo. Várias morreram, outras trocaram de emissora, algumas chegaram há pouco. Nenhuma tem a quilometragem, a bagagem emocional e a versatilidade da turma de Roberto Bolaños, usada como tapa-buraco da programação sem a menor cerimônia.
É bastante possível que todo esse imbróglio seja passageiro. Dentro de uns dias, não será surpresa se o SBT anunciar que renovou contrato por mais 200 anos. “Chaves” ressurgirá feito a fênix: a série, que já desfrutava do status de cult, agora ganhará um sabor de fruto proibido. Como diria o Chapolin Colorado: “não contavam com a minha astúcia”.
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