Tony Goes

Vistos da plateia, os Tony Awards são ainda mais fabulosos

Maior premiação do teatro dos EUA é um show de glamour e eficiência

Apresentação durante Tony Awards, mais importante premiação do teatro americano
Apresentação durante Tony Awards, mais importante premiação do teatro americano - Brendan McDermid/ Reuters
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Sou louco por cerimônias de premiação. Assisto à entrega do Oscar desde os 14 anos de idade. Também não perco os Emmys, os Grammys, os Globos de Ouro, e por aí vai.

De uns anos para cá, passei a assistir até aos Tony Awards, que premiam as melhores peças e musicais da Broadway, mesmo sem ter visto nenhum dos indicados. Imagine a minha emoção quando o canal Film & Arts, que desde o ano passado transmite a cerimônia ao vivo para o Brasil, me convidou para viajar a Nova York e comparecer pessoalmente ao Radio City Music Hall, para ver da plateia a premiação de 2019.

A viagem, na verdade, teve muito mais do que isto. Ao lado da jornalista mexicana Susana Moscatel e do vlogueiro brasileiro Igor Saringer, participei de uma mesa-redonda sobre teatro musical na América Latina com o coreógrafo colombiano Sergio Trujillo e o ator mexicano Mauricio Martínez, ambos atuantes nos Estados Unidos. Dois dias depois, Trujillo ganharia o primeiro Tony de sua carreira, pela coreografia do musical “Ain’t Too Proud”.

Também assisti a “Ain’t Too Proud”, além da versão musical do filme “Tootsie”. Finalmente, dediquei o domingo (9) inteiro ao prêmio com que compartilho meu apelido. Fui não só à premiação em si, à noite, como ao ensaio geral, pela manhã, e ainda à festa depois da cerimônia.

O ensaio geral merece alguns parágrafos a mais. Às 9h, a fila para entrar no Radio City já dobrava quarteirões: o público comum pode comprar ingressos para este ensaio. As portas se abriram às 9h30 em ponto, e a função começou um pouco antes das dez.

E que função. Todos os dez números musicais programados foram apresentados na íntegra, com seus devidos elencos, cenários e figurinos. Os inúmeros vídeos que fazem parte da cerimônia entraram nos momentos certos. O apresentador James Corden (conhecido no Brasil pelo quadro “Carpool Karaoke”) fez todas as trocas de roupa previstas, sempre com a corda toda.

Mas o mais interessante foram as premiações “fake”. Os nomes dos indicados nas diversas categorias eram anunciados, e as câmeras mostravam atores anônimos na plateia, contratados para fazerem as vezes dos famosos. O “vencedor” então subia ao palco e dizia um discurso de agradecimento.

O requinte chega ao ponto de, depois da revelação (falsa, é óbvio) do ganhador do Tony de melhor peça ou musical, cerca de vinte pessoas correrem para o palco, como costuma acontecer na vida real. Tudo para as câmeras ensaiarem seus movimentos com precisão.

Quando a cerimônia em si começou, logo mais à noite, eu já sabia tudo o que ia acontecer. Mas o frisson de ver tantos famosos em carne e osso foi tremendo (mesmo já tendo visto alguns de manhã, durante o ensaio).

A lista é enorme, entre apresentadores e premiados: Tina Fey, Jim Parsons, Laura Linney, Bryan Cranston, Regina King, Jane Krakowski, Shirley Jones, Darren Criss, Andrew Rannells, Cynthia Erivo, Samuel L. Jackson, Rosemary Harris, Judith Light, Rachel Brosnahan, Jesse Tyler Ferguson, Abigail Breslin… Alguns eu só consegui ver no telão, como Annette Bening, Warren Beatty, Adam Driver ou Jeff Daniels. Mas só de saber que estávamos todos no mesmo auditório já me causava arrepios.

Depois ainda teve a festa no lendário hotel Plaza. Os gigantescos salões, espalhados por dois andares, abrigavam diversos bares, bufês de comida mexicana, uma pista de dança com música ao vivo e um cabaré onde se apresentavam cantores da noite nova-iorquina.

Sem falar no Food Hall no subsolo do hotel, uma versão sofisticada das praças de alimentação dos shoppings. Cada lojinha ou stand oferecia aos convivas, de graça, alguns exemplos de sua arte culinária: macarons, sanduíches, crepes, sushis, chocolates, massas, pizzas, frozen yogurt. Eu, que já havia me empanturrado de tacos e guacamole, comi tudo de novo, ao ponto de não aguentar mais. Ver tantas delícias disponíveis, e eu sem fome ou capacidade de comer mais, se transformou em um bizarro castigo.

Só estranhei a presença de poucas celebridades no evento. Mais tarde fiquei sabendo que rolou uma festa ainda mais VIP no hotel Carlyle –mas, para esta, eu não ganhei convite.

Não se pode ter tudo.


 

O jornalista viajou a Nova York a convite do canal Film & Arts

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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