Nova temporada de Malhação ainda não pegou fogo, mas promete
Diversos problemas que afligem os adolescentes devem ser abordados
“Malhação: Vidas Brasileiras” estreou na última quarta (7) com uma missão delicada: substituir “Viva a Diferença”, uma das temporadas mais bem-sucedidas da novela juvenil da Globo em todos os tempos.
Sucesso de público e crítica, a trama comandada por Cao Hamburger mostrou a que veio logo no primeiro capítulo. O simples fato da ação ter se transferido para São Paulo, depois de mais de duas décadas no Rio de Janeiro, já deu a “Malhação” um novo alento.
O enredo recheado de lances ousados, defendido com garra por um elenco em sua maioria inexperiente, fez de “Viva a Diferença” um entretenimento de qualidade, sem um pingo de alienação.
“Vidas Brasileiras” devolve o programa ao Rio. E como devolve: o que não faltou nos primeiros episódios foram vistas do mar e das montanhas, como se a direção quisesse deixar bem claro que o cenário mudou.
Mas, pelo menos nesses primeiros dias, a nova fase ainda não desenvolveu personalidade própria. Está tudo meio genérico, parecido com novelas que a gente já se fartou de ver —e, inclusive, com encarnações anteriores da própria “Malhação”.
Não que autores e equipe estejam fazendo algo errado. Pelo contrário: diversos conflitos interessantes já emergiram, ainda que não muito originais.
E é mais do que louvável a iniciativa de situar a história no Brasil atual, com referências à Operação Lava Jato e à violência urbana.
Esta preocupação pode até ter vindo do fato de que “Vidas Brasileiras” é uma adaptação livre de “30 Vies”, uma premiadíssima novela canadense, há anos no ar (e homenageada sutilmente com o nome do bar Le Kebek, ponto de encontro da garotada).
Os releases distribuídos à imprensa diziam que, a cada quinzena, um aluno do fictício colégio Sapiência seria o protagonista da atração. Diversos problemas que afligem os adolescentes seriam abordados, da gordofobia ao vazamento de vídeos íntimos.
Sem nem uma semana no ar, é lógico que essa estrutura —que lembra a que Glória Perez implantou com sucesso em “A Força do Querer”— ainda não está perceptível.
Mas os personagens já ganham contornos nítidos. A professora Gabriela (Camila Morgado) talvez soe idealista demais para quem segue uma rotina estafante e ainda tem três filhos para criar. Mas sua hesitação diante de Rafael (Carmo Dalla Vecchia), um amor do passado, deu a ela um bem-vindo toque de humanidade.
Entre os jovens atores, o destaque vai para Alice Milagres, que faz a interiorana Maria Alice. Sua subtrama lembra um pouco a do filme “Que Horas Ela Volta?” —a filha da empregada que não se comporta de maneira subserviente diante dos patrões da mãe— mas o triângulo amoroso que ela deve formar com Alex (Daniel Rangel) e Pérola (Rayssa Bratillieri) é promissor.
Se o começo não foi propriamente arrebatador, “Vidas Brasileiras” tem o tempo a seu favor. Ao longo dos próximos meses, a nova fase de “Malhação” poderá mostrar que seu formato é mesmo uma inovação. Caso contrário, será um retrocesso e tanto.
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