Final do "The Voice Brasil" foi emocionante, porém previsível
Soube que Ellen Oléria venceria o "The Voice Brasil" desde que a vi pela primeira vez, no programa de estreia. Uma pista fortíssima foi o fato dos quatro jurados terem se virado ao ouvir a voz poderosa da moça. Outra foi sua imagem: uma negra grandiosa em todos os sentidos, com atitude e carisma. E ainda com um toque de intelectualidade, sugerido pelos óculos que às vezes ela usava em cena.
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Teoricamente, imagem e personalidade não deveriam contar num "reality" musical que se diz interessado apenas na voz dos concorrentes. Mas estamos na TV, não no rádio. É claro que o pacote inteiro conta, e muito.
E ainda teve o envolvimento emocional dos jurados com seus times. Era divertido e constrangedor vê-los obrigados a se decidir por um dos pupilos em detrimento do outro: "Fulano, eu te amo, eu quero ter um filho com você, mas hoje eu vou ficar com Beltrano".
Lulu Santos e Carlinhos Brown foram os que mais renderam. O primeiro só não soltou mais a franga porque ela nunca esteve de fato presa. O segundo destilava saber musical em seus discursos quilométricos. Para o discreto desespero do apresentador Thiago Leifert, cobrado no ponto eletrônico pelo diretor Boninho para não estourar demais o tempo.
Cláudia Leitte foi menos exuberante em seus apartes, mas ainda assim mandou bem. Não digo o mesmo de Daniel: muito mais contido que seus colegas, ele se deixou ofuscar muitas vezes. Se coubesse a mim, eu o substituiria na próxima temporada por alguém mais desenvolto - como Preta Gil, por exemplo.
A finalíssima teve grandes performances, e bem menos gritadas que as das eliminatórias. Houve um momento nesta última fase em que parecia que o programa tinha despirocado de vez, com o público aclamando não quem cantasse melhor, mas quem berrasse mais. Por pouco o nome do concurso não precisou ser mudado para "The Scream Brasil". Ainda bem que os decibéis baixaram na reta final.
Também foi simpática a ideia de fazer os jurados se apresentarem com alguns eliminados de seus próprios times. Havia realmente um excesso de gente talentosa competindo. Como bem lembrou Thiago Leifert antes de anunciar a vencedora, o sambista Thiaguinho foi derrotado no extinto "Fama", da própria Globo, e nem por isto deixou de seguir uma carreira de sucesso.
Aliás, Thiago Leifert também foi um dos vencedores do "The Voice". Ele se saiu a contento em seu primeiro desafio longe da seara esportiva, apesar dos momentos de nervosismo aqui e ali. Para o ano que vem, precisa estar mais solto - foram seus momentos espontâneos no "Globo Esporte" que lhe deram notoriedade. Tomara que Boninho deixe-o improvisar mais.
No mais, que bom perceber que a orientação sexual de algumas candidatas não prejudicou-as em nada. Maria Cristina se declarou lésbica desde que apareceu (e nem poderia esconder, por causa de seu visual). Ontem a Globo identificou uma moça na plateia como a namorada de Ellen Oléria. Ambas chegaram entre as quatro finalistas, num sinal de que o público não está preocupado com essas coisas.
"The Voice Brasil" terminou incorporado ao ritual do almoço de domingo de muitas famílias brasileiras. Claro que há mil detalhes que podem ser aperfeiçoados em 2013, mas teve muitos momentos emocionantes e divertidos. Que venha a segunda temporada - com menos gritos, se possível.
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