Tony Goes

Mesmo disputando artistas, VMB deu um baile no prêmio Multishow

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Esta não é a crítica de um programa de televisão. Não assisti de casa ao Video Music Brasil, a premiação da MTV. Eu estava lá, no meio da muvuca.

Por isto, não posso fazer uma comparação precisa com o prêmio Multishow, que eu acompanhei pela TV. Mas vou fazer de qualquer jeito, porque é irresistível: pela primeira vez, as duas cerimônias aconteceram na mesma semana.

E isto foi ruim para ambas. Apesar das diferenças de estilo - o Multishow investe pesado no sertanejo, que a MTV procura evitar -, muitos dos artistas premiados eram os mesmos. Quem cantou num dos programas não pôde cantar no outro, e isto gerou algumas discrepâncias.

Gaby Amarantos, por exemplo, foi a grande campeã do VMB. Levou os troféus de melhor capa (por seu disco "Treme"), melhor artista feminino e artista do ano. Curiosamente, perdeu, na categoria que, na minha opinião, mais merecia: clipe do ano, onde concorria com seu sensacional "Xirley".

Mas não cantou, porque dois dias antes se apresentou no Multishow. Em contrapartida, Gal Costa, que faturou o prêmio de melhor show na concorrência, cantou mesmo foi no VMB.

Crédito: Julia Chequer/Folhapress Gaby Amarantos foi a grande campeã do VMB
Gaby Amarantos foi a grande campeã do VMB

Seu número, aliás, foi recebido com frieza pelo público presente. "Neguinho", a faixa de trabalho de seu CD eletrônico "Recanto" não é mesmo de levantar multidões. Pelo menos não foi vaiada como a banda Restart.

A aposta mais arriscada do VMB acabou dando certo: a ausência de um mestre de cerimônias. Cada prêmio foi entregue por uma combinação de contratados da casa e celebridades do momento, como Val Marchiori ou Patrícia Abravanel. Só a voz de Marcelo Adnet, camuflada de Faustão ou Silvio Santos, fazia a ligação entre um bloco e outro. Funcionou.

Além de muita galhofa e da periguetagem explícita em números como o do Bonde do Rolê, a noite também teve conotações políticas. Os incêndios nas favelas de São Paulo foram citados duas vezes. Os shows de abertura (Planet Hemp) e encerramento (Racionais MCs) também não foram de bandas que podem ser chamadas de alienadas.

Também houve um assunto incontornável: a suposta venda da MTV pelo grupo Abril, tão comentada na imprensa e negada de pés juntos pela própria emissora. O boato, que rendeu um quadro no "Comédia MTV ao Vivo", foi lembrado algumas vezes na locução de Adnet, que disse que este poderia ser o último VMB.

Saí do Espaço das Américas pensando se teria assistido a uma espécie de Baile da Ilha Fiscal de um canal que marcou tanto as últimas duas décadas. O que seria uma pena: este ano o VMB deu um baile no prêmio Multishow, tanto na parte técnica quanto na empolgação.

E, quanto às diferenças e semelhanças entre os artistas escalados para ambas as premiações, que bom que elas existem: a música brasileira é maior do que o gosto pessoal de cada um. Só torço para que, em 2013, os dois programas não caiam mais na mesma semana.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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