Tony Goes

"Game of Thrones": sexo, intrigas e dragões

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Nunca fui muito fã do gênero que os americanos chamam de "fantasia": dragões, castelos, feiticeiros, tudo isto sempre me pareceu uma bobagem sem tamanho.

Minha opinião começou a mudar quando vi os filmes da série "O Senhor dos Anéis". Nunca li os livros originais, mas me deixei capturar pela trilogia do diretor Peter Jackson. Ainda assim, uma parte de mim continuava achando meio ridículos aqueles personagens de nomes como Boromir ou Galadriel.

Nada como um dia depois do outro. Hoje sou fã ardoroso da série "Game of Thrones", cuja segunda temporada estreou semana passada na HBO. Mas a verdade é que o aspecto fantástico do programa é o que menos me interessa. Gosto mesmo é da intriga política, do jogo de traições, dos personagens que surpeendem por sua coragem ou covardia --e do sexo, claro.

E como tem sexo em "Game of Thrones". Houve um momento no episódio de ontem em que achei que tinha mudado de canal sem querer e caído no pornô "soft" que o Multishow costuma exibir de madrugada: nudez, gemidos, posições várias, uma esbórnia generalizada. Mas nada gratuita, porque todas essas cenas eróticas serviram para avançar a história.

Que, para falar a verdade, não é das mais fáceis de se acompanhar. Um espectador que comece a assistir agora ao seriado vai precisar de um mapa e de algumas árvores genealógicas para entender o que se passa.

Em linhas gerais, o que está sendo disputado é o Trono de Ferro, que dá a seu ocupante o poder sobre os sete reinos do continente fictício de Westeros. Há muitas casas reais lutando entre si, e as relações entre elas são complexas.

Ninguém é bonzinho no universo criado pelo escritor George Martin, autor da séie de livros "As Crônicas de Gelo e Fogo" que deram origem ao programa. Aqui não há puros de coração, como o hobbit Frodo de "O Senhor dos Anéis". Nem as crianças escapam: aliás, uma das piores pestes de "Game of Thrones" é o rei Joffrey, um adolescente mimado e cruel.

Mas pelo menos temos por quem torcer. Neste momento minha lealdade se divide entre Tyrion Lannister e Daenerys Targaryen. O primeiro é um guerreiro anão, que compensa com astúcia a falta de força física. O ator Peter Dinklage, que o interpreta, ganhou ano passado o prêmio Emmy de melhor coadjuvante em série dramática. Este ano ele periga concorrer a melhor ator principal: Tyrion está no centro da ação nesta segunda temporada.

A segunda era uma princesinha destronada, casada por seu irmão ambicioso com um dos líderes de uma violenta tribo nômade, os Dothraki. Daenerys (ou Dany, a não-queimada, para os íntimos) acaba se revelando uma mulher de fibra. Quando seu marido morre, ela se atira na pira fúnebre dele, junto com os ovos de dragão que a tribo carrega como um tesouro. Tudo se reduz a cinzas, menos ela - e os ovos chocaram, dando à luz alguns dragõezinhos.

Não tenho espaço para explicar mais meandros da série, e nem vou me arriscar a enfurecer os fanáticos se cometer algum erro. Só garanto que "Game of Thrones" é uma espécie de "Família Soprano" na Idade Média: uma mistura irresistível de sexo, luta pelo poder e monstros fabulosos. Vai ver que é por isto que até a presidente Dilma Rousseff se declarou fã do programa

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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