Tony Goes

"BBB12": será que este é o último?

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Faustão e sua boca grande. O escândalo já estava quase esquecido e o "BBB12" parece finalmente ter engrenado. Mas o apresentador não resistiu a fazer uma declaração populista em seu programa, no último domingo.

Disse que era o público quem devia ter decidido se Daniel permaneceria ou não no "reality show". Animado pelos aplausos da plateia, Fausto Silva emendou que quem manda na TV é o espectador. Foi ovacionado de pé.

Não é maravilhoso como as pessoas mudam fácil de opinião? Há apenas três semanas, Daniel era execrado na internet. A princípio a Globo se fez de morta, mas a comoção foi tamanha que o rapaz acabou expulso do "BBB12".

Nada como um dia depois do outro. O inimigo público no. 1 de alguns dias atrás agora é uma vítima injustiçada, que teve cerceado seu direito de defesa. Essa virada na opinião do público não deixa de ser curiosa, e o auê até faria bem para o "BBB" --não estivesse ela revivendo um fantasma que apavora a Globo.

Como eu disse neste espaço outro dia, não há anunciante na face da Terra que queira associar sua marca a uma suspeita de estupro. Uma matéria publicada ontem no F5 aponta que houve uma queda de mais de 25% nas ações de merchandising no "BBB", comparando os dados deste ano com os do ano passado (a emissora nega e diz que aconteceu exatamente o contrário).

Já começam a circular boatos de que esta seria a derradeira edição do "Big Brother Brasil". Claro que é cedo demais para fazer tal previsão: o programa ainda não chegou nem à metade e muita coisa ainda pode acontecer. Os candidatos deste ano me parecem bastante conscientes de que estão num jogo, bem mais do que os do ano passado, e isto tem rendido bons momentos de TV.

Mas sem patrocinadores o programa não sobrevive, é óbvio. E olha que o "BBB" tem uma produção relativamente barata: a casa já está pronta há anos e sofre apenas algumas reformas de um ano para o outro. Verdade que há uma equipe enorme nos bastidores, mas os custos por episódio nem se comparam aos de uma novela.

Crédito: Zé Paulo Cardeal/TV Globo O apresentador Faustão, que voltou a falar do caso do suposto estupro no "BBB"
O apresentador Faustão, que voltou a falar do caso do suposto estupro no "BBB"

Além disso, os "brothers" recebem um salário irrisório: em 2011 eram apenas 500 reais por semana na casa (não tenho os valores deste ano, mas não devem ser muito diferentes). E, com exceção dos prêmios finais em dinheiro, todos os outros --carros, apartamentos, panelas-- são cortesia dos anunciantes.

O "Big Brother" é um fenômeno global e já foi ao ar em dezenas de países. Também já saiu do ar em quase todos eles. A versão brasileira deve ser a de maior longevidade e sucesso, e até o Boni - pai do diretor Boninho e desafeto confesso do programa --admite que seu filho faz "o melhor "Big Brother" do mundo".

Mas o formato já está no ar há mais de dez anos, e são óbvios os sinais de desgaste. A audiência vem caindo, mas ainda justifica o investimento da emissora. Mas se o mercado publicitário começar a evitar a atração, a queda será inevitável. Como diria o Bial, vamos dar uma espiadinha?

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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