Eliana fora do SBT é o fim de uma era
Não sabemos o que ela fará, mas todo mundo quer ser dono do próprio nariz
Silvio Santos, o maior animador de programas de auditório, não está mais no ar. E, ao que tudo indica, não vai mais voltar.
Raul Gil, um dos mais longevos apresentadores do mesmo formato de programa, anunciou sua aposentadoria no Domingão do Huck. O Domingão, aliás, que passou a ser do Huck, um dia foi de Faustão, que está se recuperando de uma recente cirurgia (e a ele desejo breve recuperação, grande Faustão!).
Sua prioridade agora é cuidar da saúde, ficar com a família. Nada de programa de TV. Gugu, que foi um dos expoentes dos programas desse gênero, nos deixou prematuramente e nunca foi substituído.
Já o excelente Serginho Groisman mantém o Altas Horas, sempre com grande sucesso. O fato dele interagir com a plateia, que circunda e compõe o programa num cenário especial, faz com que o formato seja tão único que nem é comparado ao tradicional programa de auditório gravado em teatros. Mion também representa a categoria com seu Caldeirão, que parece ter encontrado seu estilo, que já é uma renovação do que esse tipo de show foi um dia.
A TV, de fato, vem sofrendo muitas mudanças: apresentadores se renovam e plateias que servem mais como cenografia.
E agora, Eliana anuncia que deixa o SBT.
Não sabemos ainda o que ela vai fazer a seguir, qual será seu novo projeto, mas podemos concluir que estamos vendo o fim de uma era.
Hoje, quando cinco bilhões de pessoas ao redor do mundo estão em redes sociais com seus próprios canais emissores, é compreensível que o poder da televisão, tal qual a conhecemos antes, chegue ao fim. Com todos os canais por assinatura, os canais alternativos em plataformas de esporte, as grandes empresas de streaming e até os serviços de streaming individual, todo mundo é estrela, todo mundo é apresentador.
Sem contar os aplicativos de vídeo como o poderoso TikTok, em que cada um se exibe, seja dançando, falando ou fazendo a curadoria de outras fontes para suas audiências, suas plateias. Somos todos animadores de auditório, realizando o sonho acalentado durante décadas. Ninguém precisa nos convidar para ir à TV, nossos celulares são nossas emissoras.
O sonho hoje é, talvez, ir a um reality show, porque a exposição não é apenas diária, mas constante em várias plataformas. E além do prêmio, tem os fandoms que são como auditórios de milhões. De lá, os participantes que se destacam podem sair contratados e fazer publicidade, fonte do verdadeiro 'dinheiro' que todos buscamos. Não é só a Inteligência Artificial que está mudando o mundo, nós é que estamos.
Todo mundo quer ser dono do seu nariz, ninguém quer ser obrigado a aplaudir e gritar quando levantam uma plaquinha. O auditório passivo que dorme de tédio nos programas matinais tem que acabar.
Agora todo mundo quer brilhar. Porque cada um de nós, do nosso jeito, é uma estrela.
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