O brasileiro e o fenômeno dos fetos influenciadores
Lua, filha de Viih Tube, já tem 1 milhão de seguidores antes de nascer
Em matéria de redes sociais os gringos perdem feio para nós, brasileiros. A gente já nasce bacharel em fofoca de Twitter e antes de virar adolescente já tem mestrado em vida alheia com especialidade em celebridade de Instagram. Daí para fazer um doutorado em stories, TikTok e YouTube é um passo.
Aqui a gente não só segue todo mundo, posta tudo o que vê, comenta em qualquer post de famoso, como também fiscalizamos likes e supervisionamos unfollow. E tudo voluntariamente. Somos os melhores até em criatividade e eu posso provar.
Pega o tema "bebês famosos que nem nasceram". Gringos choram. Sim, porque em 2018, um casal da Califórnia, ambos ex-participantes do reality show The Bachelor, se casaram, engravidaram e criaram um perfil no Instagram para o futuro filho. Viraram notícia porque o bebê tinha 11 mil seguidores, como se isso fosse um acontecimento! Isso não é nada perto, por exemplo, do bebê de Viih Tube e Eliezer.
Assim que os ex-BBBs souberam da gravidez abriram uma conta no Instagram para a herdeira. Resultado: em 30 minutos, a bebê já tinha 150 mil seguidores. Pouco tempo depois, 600 mil. Agora, a @pequenalua já conta com bem mais de 1 milhão de fãs. E ela só nasce no ano que vem. Com uma mãe que tem 25 milhões de seguidores, a pequena Lua ainda vai ter uma base muito maior.
Os britânicos também não podem competir com a gente. Em 2019, o Daily Mail noticiou que uma influenciadora de beleza havia sido criticada por "explorar a gravidez para ganhar dinheiro", porque também tinha criado uma conta para o bebê que estava em sua barriga. Mal sabem eles, o tanto que isso é normal por aqui.
Veja o caso de Virginia Fonseca e Zé Felipe. Zé Felipe, como cantor super conhecido, é uma potência no Instagram, com 25 milhões de seguidores. Mas o que dizer de Virginia, então? Além de 11 milhões no YouTube, 35 milhões no TikTok, 40 milhões de pessoas a seguem no Instagram. Quer saber quanto ela fatura com publis? Pois o site Notícias da TV já deu essa resposta. Segundo um especialista em marketing de influência que o site consultou, uma sequência de três stories pode render R$ 300 mil a Virginia. Ela mesma contou para revista Forbes em agosto que, em três meses, faturou R$ 17,4 milhões só com a venda de perfumes de sua própria marca.
Claro que o casal não ia deixar de aproveitar esse poder no caso de suas duas meninas, Maria Alice e Maria Flor. A caçula nasceu no último sábado (22). No dia seguinte Virginia lançou a marca Maria's Baby. Teve gente criticando por ela ter planejado o lançamento 24 horas depois do parto, mas Virgina respondeu que ela não está fazendo nada de errado, até porque a família é dela e, afinal, as pessoas gostam deles e querem saber de suas vidas. E querem mesmo. Maria's baby já tem quase 8 milhões de seguidores.
O mesmo fenômeno aconteceu com o casal Julio Cocielo e Tata Estaniecki. Quando anunciaram a gravidez, os fãs apelidaram o bebê de @tacielobaby. Eles abriram um perfil no Instagram, mas mudaram o nome depois que a menina Bia veio ao mundo. O perfil @biatacielo conta, hoje, com uma base de 1,8 milhões de fãs.
E por que contas de bebês fazem tanto sucesso? Porque o brasileiro gosta de acompanhar a vida real de seus ídolos, como se fosse uma novela. Casos de amor, casamento, traições, separações, filhos, tudo interessa nessas histórias que são expostas nas redes para os olhos de todos nós.
Basta ver o tanto de gente que segue Gabi Brandt e Saulo Pôncio, que são pais de dois meninos e estão separados desde dezembro do ano passado. Nesta quarta (26), depois de acusações sérias contra Saulo, Gabi se pronunciou dizendo que não tem mais nada com ele e quem tem que resolver o caso é a Justiça.
Talvez um dia a gente se canse de viver a vida dos outros mais do que a nossa, talvez a gente se vicie cada vez mais. Mas isso só vamos saber no futuro, porque hoje vivemos num tempo em que bebês como a pequena Lua nascerão com dezenas de milhões de fãs, antes mesmo de abrirem os olhinhos.
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