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Rosana Hermann

BBB 22: Pelos bigodes de Eliezer, não confunda lá dentro com aqui fora!

Não faz sentido arrastar raiva e ódio para a vida aqui fora

Eliezer antes do BBB 22 e durante o programa - Reprodução/Instagram
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Você já tentou imaginar o Eliezer sem bigode, sem harmonização facial e sem o Vyni pendurado nele? Então, espia:

Eliezer - Reprodução

Outra pessoa, não?

OK, eu também não tinha bigode na ocasião. Isso foi em 2018 na gravação do Porta Afora, um programa de viagens apresentado pelo Fabio Porchat. Eliezer participou em um episódio que falava sobre a Tailândia.

Nessa época, Eliezer nem imaginava que um dia estaria dentro da casa da 22ª edição do BBB, assim como Jade nunca imaginou que seria eliminada dessa mesma casa com cerca de 594 milhões de votos (quase 85% do total).

E quem imaginaria também, que essa eliminação seria comemorada em uma escola de samba como se fosse uma final de desfile de Carnaval?

Sério, o brasileiro precisa ser apresentado para o conceito de "limite", porque aparentemente eles não se conhecem.

Ainda dentro do tema, "imaginar", imagine o choque que Jade sentiu ao saber dessa rejeição altíssima por parte do público? Como ela mesma disse, num primeiro momento ela achou que estivesse cancelada aqui fora. Mas, não. Jade fez uma live em seu perfil no Instagram (que teve mais de 4 milhões de views) e recebeu muito afeto dos fãs.

E quer saber? Jade, que ficou com a hashtag "arrogante" tatuada na testa por seu comportamento dentro da casa, estava 100% fofa e amorzinho na live. O que faz todo sentido, porque o BBB é um jogo. Assim como o futebol é um jogo.

Dentro da casa ou do campo, a gente torce contra, torce a favor, vibra, sofre, aplaude, se diverte e xinga, xinga muito. A gente xinga o jogador, o brother, a sister, o juiz, o Boninho, os dummies, o cara que criou a prova besta, o VAR, a torcida. O jogo desperta muitos sentimentos em nós e temos que botar esses sentimentos para fora, seja nas redes ou gritando com a tela como um idiota.

Mas quando a partida de futebol acaba, quando o jogo se encerra, as pessoas civilizadas, mesmo contrariadas com uma derrota, não podem sair quebrando tudo nem atacando os atletas. Quem faz isso precisa se tratar ou ser preso, dependendo da gravidade do caso.

Quem persegue participantes do BBB nas redes sociais depois que eles saem da casa também precisa de ajuda. Porque embora o jogo mexa com nossos instintos e desperte grandes paixões e emoções, elas não podem ser arrastadas pro lado de fora da casa gerando perseguições aos participantes.

Dentro do Big Brother, por mais verdadeiras que as pessoas sejam, por mais que "pareça" vida real (daí nome reality) as pessoas estão em um ambiente totalmente artificial, inseridos em uma "realidade" produzida e controlada para que os participantes vivam situações limite, de escassez, privação, descontrole e confronto. É um jogo onde só um vence e todos os outros são eliminados.

Claro, "old" que você sabe disso. Só que a gente esquece. E acaba misturando as coisas. Basta lembrar que até hoje tem fã que confunde personagem com ator e xinga o coitado do artista que representa um vilão na novela quando o encontra no shopping!

Você pode ter raiva do Arthur, mas talvez cantasse com ele num show. Pode achar Vyni patético, mas fora da casa onde ele tenta fotografar partes íntimas do Eli, ele pode ser um cara engraçado numa excursão. Eslovênia é muito chata na casa, mas quem sabe na vida real seja uma boa amiga.

Porque, enfim, nem você nem eu conhecemos essas pessoas fora da tela e nunca estivemos dentro da casa do Big Brother onde elas estão! O Brasil tem 213 milhões de pessoas e só 349 até hoje participaram do BBB e sabem como é estar lá, com câmeras e microfones monitorando você o tempo todo, durante 100 dias, exposto ao escrutínio e julgamento do Brasil inteiro.

Hoje, por exemplo, eu estava revendo uma cena de Arthur conversando com Scooby e P.A. e ri demais. Arthur estava falando de sua carreira como ator e comentou que fez a novela "Dona Xepa", dizendo que foi um dos melhores trabalhos dele. Na hora eu cai na gargalhada, porque lembrei da cena do Mauricio Mattar que viralizou, quando ele perguntou para uma plateia do Programa da Tarde, na Record, quem assistia "Dona Xepa" e ninguém, mas ninguém, respondeu!!

Inclusive eu nem sabia que Artur tinha feito "Dona Xepa" e que foi protagonista!! É o famoso "morreu ou foi para a Record"!

Em resumo, minha gente, a lição é que não faz sentido arrastar raiva e ódio que a gente sente no jogo dentro da casa, para a vida aqui fora depois os participantes saem. Vale sentir, mas sem perseguir. Vale se irritar, mas sem agredir. O melhor é baixar a bola e ficar de boa. Porque como bem sabemos, aqui fora, no mundo real, a coisa que a gente mais precisa é voltar a viver em paz

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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