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De faixa a coroa

Queria tanta coisa, e me realizei como mãe, diz Miss Brasil 10 anos após título

Priscila Machado também foi apresentadora de TV após título

Priscila Machado no concurso Miss Universo 2011 Juca Varella - 08.set.11/Folhapress

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Priscila Machado, 35, ainda era adolescente quando os concursos entraram em sua vida. Primeiro foi o de uma revista, o que a levou à carreira de modelo, depois as disputas de miss, que lhe garantiram o almejado título de Miss Brasil Universo, no ano de 2011.

Nascida em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, ela diz que aprendeu muito com sua jornada, que inclui também o título de Miss Rio de Janeiro (2010), de Miss Rio Grande do Sul (2011), além da oportunidade de disputar o Miss Universo (2011).

“Aprendi que sou muito mais resiliente e forte do que eu poderia imaginar. Aprendi que a vida acontece de uma forma muito surpreendente e com uma força imensa”, contou ela, hoje afastada dos certames, em conversa por e-mail com a coluna.

Há exatos dez anos, Machado representava o Brasil no aclamado Miss Universo, na época realizado pela primeira vez no Brasil, em São Paulo. A gaúcha ficou na terceira colocação, atrás da ucraniana Olesya Stefanko e da angolana Leila Lopes, esta última ganhadora do título.

Apesar de não ganhar a sonhada coroa, ela conquistou a melhor colocação do Brasil desde o segundo lugar da mineira Natália Guimarães em 2007. Depois disso, o Brasil chegou no máximo ao 5º lugar, com Gabriela Markus (2012) e Jakelyne Oliveira (2013).

Além de miss, Machado se destacou ainda na TV nos anos seguintes. Apresentou o programa esportivo Bola Dividida (RedeTV!), em 2013, ao lado do locutor Silvio Luiz, 86, e compôs o elenco do reality Aprendiz Celebridades (Record), apresentado por Roberto Justus, em 2014.

“Eu pensava que queria ser tanta coisa”, afirma a miss ao recordar sua trajetória, “e acabei me descobrindo como esposa e mãe, como parte de uma família”, completa ela, que hoje mora nos Estados Unidos com o marido e a filha Isabella, que nasceu em 18 de janeiro.

Bem diferente de sua jornada no estrelado, hoje Priscila dedica-se com muito amor à sua família. Ela casou-se, mora nos Estados Unidos, e recentemente tornou-se mãe da pequena Isabella, de dois meses. Leia trecho exclusivo da entrevista dela.

Qual o balanço que você faz de sua carreira 10 anos após o título de Miss Brasil?
É muito surreal pensar que já se passaram dez anos. O que para mim soa como muito tempo, mas que hoje vejo que ainda tenho tanto o que viver. Quando eu tinha 25 anos, na época do Miss Brasil, me achava superadulta, mulher e madura. Hoje, com 35, eu olho e me vejo uma menina. Acredito que ainda não sou essa mulher madura que um dia vou ser, mas tenho me permitido viver cada fase da minha vida. Olho para trás sorrindo para o que eu vivi, e miro o futuro cheia de curiosidade pelo que tenho para ser vivido.

Em que momento de vida você se encontra hoje e quais seus planos para o futuro?
Hoje eu moro nos Estados Unidos, sou casada com o Trey e acabei de ser mãe da Isabella, que nasceu no dia 18 de janeiro. Sou mãe em tempo integral e gosto de pensar que me encontrei. Acredito que finalmente estou no caminho que Deus trilhou pra mim. Eu pensava que queria ser tanta coisa e acabei me descobrindo como esposa e mãe, como parte de uma família. Eu e o meu marido queremos ter mais filhos assim que possível. E meus planos daqui pra frente não são mais só meus, são nossos, da nossa família.

O que mais você lembra da noite da sua vitória no Miss Brasil?
Da noite da final eu lembro o quanto foi divertida a preparação no camarim. Uma cena superengraçada que tenho até hoje na memória é o momento em que estávamos eu, Jaque (Miss Tocantins) e Aline (Miss Rondônia) passando base no corpo todo para que as nossas celulites não aparecessem no palco ou no vídeo. Foi uma trabalheira, uma sujeira. Era uma camada de base e uma de spray de cabelo, uma de base e uma de spray... Demos muita risada e estávamos muito felizes de viver aquele momento, que foi muito cansativo e estava chegando ao fim. E olha que o truque funcionou, viu.

Qual foi sua principal motivação para entrar no mundo dos concursos?
Eu queria muito voltar a trabalhar como modelo em São Paulo e acreditava que o concurso poderia me ajudar a ter essa visibilidade, além de me dar uma estrutura financeira para me mudar do Rio Grande do Sul. Infelizmente, o mercado da moda ainda tem muito preconceito com concursos de miss e foi muito difícil conquistar meu espaço.

E sua carreira na televisão?
Essa foi uma porta que os concursos de miss abriram para mim. Trabalhei por seis meses como apresentadora do programa Bola Dividida, mas depois de um tempo vi que não era aquilo que eu queria e decidi sair. Depois participei do Aprendiz Celebridades e ainda gravei um piloto de um programa de beleza em Nova York, que não decolou.

Mas depois dessas experiências eu desencanei de televisão. Vi que não era pra mim, que não me encantava tanto quanto eu imaginava. Então fui estudar e me formei em design de interiores, com especialização em administração de obras, e também em gestão financeira. Percebi que a vida era mais do que estar em frente às câmeras e em meio aos holofotes. Me reconectei com quem eu era e com os meus sonhos de antes dessa loucura toda.

Qual o aprendizado mais legal que você ganhou com seu título? E houve apuro?
Sem dúvida aprendi que sou muito mais resiliente e forte do que imaginava. Vi que a vida acontece de forma surpreendente e com uma força imensa. Claro que tem engraçadinho forçando intimidade também, ou que acha que por eu trabalhar com beleza sou uma boneca à venda. Mas nunca passei por nada pontual ou traumático.

Como foi lidar com a fama de ser Miss Brasil?
Era engraçado quando eu estava em algum evento, pediam para tirar foto comigo e quando saía de perto uma terceira pessoa perguntava discretamente: “quem é essa?”. Aí a pessoa que havia acabado de tirar a foto dizia: “não sei mas está todo mundo tirando foto, então tirei também”. Eu achava isso muito engraçado, e ao mesmo tempo me trazia um senso de realidade. As pessoas queriam uma foto com a Miss Brasil, não com a Priscila.

E como foi representar o Brasil no Miss Universo?
Foi bem interessante. Eu consegui ver que as pessoas ao redor do mundo têm uma imagem meio deturpada do nosso país. Pensam que é verão o ano todo e que tem animal exótico andando pelas ruas, que o país é muito menor e que a Amazônia é logo ali. Várias das meninas do concurso me questionaram sobre coisas desse tipo.

Como você vê o futuro dos concursos de beleza?
Os concursos estão longe de acabar, afinal é uma competição, e quem não gosta de torcer?! Quem não gosta de escolher um time, alguém, uma equipe em uma competição e acompanhar? Eu vejo os concursos dessa forma e com o adicional de ter muita gente bonita envolvida. Concursos são eventos bonitos, profissionais, com espetáculos belos e, quando bem organizados, são um ótimo entretenimento.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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