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Zapping - Cristina Padiglione

Série sobre caso Nardoni terá abordagem mais humana que policial, diz roteirista

Criminóloga, Ilana Casoy acompanhou as investigações de perto

Os roteiristas Raphael Montes e Ilana Casoy
Série sobre o caso Nardoni tem criação e texto de Raphael Montes e Ilana Casoy, autores dos filmes sobre o crime Richtofen e da série 'Bom Dia, Verônica' - Leandro Pagliaro/Darkside
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Criminóloga com larga experiência no segmento de true crime na vida real, Ilana Casoy trabalha com o roteirista Raphael Montes na criação de uma nova série dramatúrgica baseada no caso Nardoni. Serão seis episódios, ainda negociados com uma grande plataforma de streaming.

Os dois também assinam "Bom Dia, Verônica", série ficcional que grava no momento a sua 2ª temporada, protagonizada por Tainá Muller, e são ainda a dupla dos filmes "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais", ambos protagonizados por Carla Diaz, sobre o caso Von Richtofen, que chegam à Amazon Prime Video no dia 24 de setembro, sexta-feira.

Ilana sublinha que ela fez o caminho do crime para o roteiro, enquanto Montes trilhou a direção contrária, levando seu conhecimento sobre escrita para narrar crimes. A parceria tem sido bem-sucedida, dando aos dois um terceiro rumo na conclusão das séries criadas até aqui.

Como criminóloga, ela acompanhou cada passo da investigação sobre a morte de Isabella Nardoni, em 2008. E embora a série sobre os Nardoni seja de ficção, ela promete ser fiel ao processo, sem no entanto priorizar o aspecto científico da investigação. O que lhe interessa é promover uma abordagem humana, de modo a contar essa história de uma forma como ela nunca foi vista.

"É como contar e não o que contar", explica à coluna.

"Esse é um drama pertinente à sociedade, é uma série dramática, aos moldes do caso Richtofen, com 6 episódios. É uma visão nova, não é documentário. E não é 'fetichiziar' a violência, é tratar de um assunto que afeta todo mundo, e entender como isso foi acontecer a partir da história de pais separados que dividiam o tempo de convivência com uma filha, como isso ganhou contornos trágicos."

Ilana lembra que a visão extremamente explorada do caso que resultou com a prisão do pai de Isabella, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, é a do olhar policial e de toda a perícia.

E conta que os filmes sobre a morte dos pais de Suzane von Richtofen também buscam uma visão de quem acompanhou as investigações de dentro dos trabalhos policiais.

"A menina e o menino, que estreiam dia 24, também trazem uma visão mais sensível. Acompanhar um caso pela imprensa é uma coisa, acompanhar de dentro, é bem outra", fala.

Em razão de seu trabalho como criminóloga, Ilana Casoy tem um livro que reúne as investigações sobre os casos Richtofen e Nardoni: sobre o caso Nardoni, "Casos de Família: Arquivos Richtofen e Arquivos Nardoni: Abra os Arquivos Policiais".

"Não tem nada inventado. É tudo o que está no processo. Pode ter licença poética? Pode, mas licença poética não é mentir. Não vale enganar", avisa. Concordamos que diálogos inventados não devem inverter os fatos de uma história, "ou então, invente a sua história" e não se apoie em uma história real", completa.

É possível criar situações e falas que não se tornaram pública, como fazem os roteiristas de "The Crown", para ficar num exemplo global sobre série que ficciona a realidade.

"É uma responsabilidade de quem cria e escreve porque um veículo de arte imprime mais opinião do que um veículo de notícia", avisa ela, notando que a forma de narrativa impacta as pessoas pela emoção.

Quando se viu interessada por histórias baseadas em fatos reais, "lá atrás", lembra ela, gostava de pensar e de pesquisar sobre o que era real e o que era ficção, uma divisão que também motiva a maioria da plateia interessada em casos semelhantes.

Fascinada pelo gênero batizado na ficção como "True Crime", a roteirista conhece a atração que esse gênero desperta no mundo todo, e até acredita que a obsessão pelo segmento demorou a cair no gosto dos brasileiros, como se vê de alguns anos para cá.

"Quando você revisita um caso para o que você quer abordar, você abre a sua escuta. Coisas que já estão ditas mal foram notadas."

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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