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Zapping - Cristina Padiglione

Portiolli endossa papel de discípulo de Silvio Santos no novo Show do Milhão

Mas transferência de dinheiro suprime graça visual do jogo

Celso Portiolli e Gui Telles, diretor de marketing e estratégia do PicPay
Celso Portiolli e Gui Telles, diretor de marketing e estratégia do Pic Pay - Lourival Ribeiro/SBT
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De todos os imitadores de Silvio Santos, ninguém é mais Silvio Santos do que Celso Portiolli, um de seus tantos discípulos. Portiolli dispensa o tom da caricatura e captura apenas a essência das lições do mestre. Ao assumir o comando da nova versão do Show do Milhão, o apresentador é ele mesmo, sem deixar de ser sua grande fonte de inspiração, o próprio Silvio.

Foi Senor Abravanel quem deu fama ao quiz, uma vertente muito próxima do Who Wants to Be a Millionaire (Quem Quer Ser um Milionário), cujo formato foi comprado pela Globo para Luciano Huck.

Portiolli tem o timbre do patrão e se arrisca a prolongar as sílabas quase no mesmo tempo que ele, sem deixar dúvidas no espectador de que é ele mesmo, e não Senor Abravanel, quem está ao microfone. Ao mesmo tempo, é impossível que sua narração não alcance o espectador sem despertar a sua memória afetiva para a voz do próprio Silvio.

Em cenário totalmente entregue ao gosto/cor do patrocinador, todo em verde, a nova versão preserva o time dos universitários e a proximidade de algum conhecido do candidato, sempre pronto a incentivar ou a frear os impulsos do participante na hora de se arriscar em nova resposta.

Mas Portiolli é ligeiro nas respostas. Na contramão de Silvio e até de Huck, não demora a desvendar as alternativas certas, reduzindo, assim, a tensão em torno da exatidão ou não da reação do candidato(a). Devemos imaginar que é também o patrocinador quem determina se ele deverá receber dois, três ou seis participantes em cada programa, o que define a agilidade aqui mencionada.

Outro ponto em que a nova versão fica a dever à original está também diretamente relacionado ao patrocinador do programa. Sempre que alguém do SBT vencer o game, o espectador haverá de se contentar com uma ampliação da tela em que Portiolli digita um Pix para a conta do participante.

Convenhamos, por maior que seja a ampliação da tela do celular do candidato, visualmente, a redução aí vista em relação à distribuição de barras de ouro ou de cédulas de dinheiro é gritante. Dramaturgicamente, a nota ou a barra fazem muito mais efeito. Mas “fazer um Pic Pay é muito mais fácil”, como vende o anunciante.​

Por fim, é preciso notar, e achar graça, no modo como Portiolli, assim como Silvio, não faz qualquer questão de adivinhar as respostas dos participantes, ora confessando sua ignorância, ora fingindo que conhece algumas soluções.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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