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Colo de Mãe
Descrição de chapéu Agora

Mãe, você deve ser sua principal escolha

Enquanto colocarmos no outro a responsabilidade por nossa felicidade, seguiremos infelizes

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Agora

A vida muda completamente quando se tem um filho. Isso todo mundo sabe, até quem não é mãe. Mas ninguém tem a real dimensão da mudança dentro da gente até que o filho nasça e o tempo passe.

Os primeiros anos da maternidade são pesados, mas não representam quase nada de peso depois de quatro, sete ou dez anos do nascimento.

Filho crescido, preocupações duplicadas. Filho crescido, trabalho duplicado, envolvimento duplicado e amor duplicado.

Mas, mesmo com tanto amor e felicidade pelo pequeno ser humano que criamos, um dia a conta da dedicação materna chega. E isso ninguém te conta.

E isso você não percebe nos primeiros meses nem nos primeiros anos de vida de uma criança. Você descobre só depois, e cada uma tem seu momento de descoberta.

Se já era difícil ser mãe em condições ideais de pressão e temperatura, a coisa fica bem piorada em meio a uma pandemia sem precedentes na historia da humanidade.

E todas estamos sentindo esse peso. Tenho ouvido e falado com muitas mães sobre esse cansaço extremo, que vai além do cansaço normal de quando vivemos para criar nossos filhos.

As queixas são bem parecidas e são todas muito legítimas: as mães se sentem exaustas, sem perspectiva e com medo do futuro. Pudera! Temos sido, além da figura materna da casa, a professora, a enfermeira, a cozinheira e a organizadora pessoal de toda uma família, equilibrando os pratinhos da maternidade com os do mercado de trabalho.

E, muitas vezes, vivemos esperando que o tempo passe. Queremos que o tempo passe e o filho aprenda a ter mais independência, queremos que a pandemia vá embora num piscar de olhos e esperamos o futuro como um presente-surpresa que trará uma caixinha de felicidade capaz de nos livrar do cansaço, das frustrações e de nos fazer sonhar de novo.

O problema é que a felicidade não está lá na frente. Está no caminho. E a única certeza que temos é o hoje. O passado se foi e o amanhã não sabemos como será.

E, quando vivemos de passado e projetamos toda nossa felicidade no futuro, nos perdemos de nós mesmas. Tenho visto e ouvido muitas mães colocarem suas expectativas no outro, lá na frente: quando meu filho crescer tudo vai melhorar; quando meu companheiro for mais participativo e mais amável eu terei mais autoestima; quando os amigos entenderem que também preciso de colo eu me sentirei mais leve.

Ocorre que, quando o futuro chegar, talvez ele não seja como se imagina. E virão novas frustrações. Provavelmente, esse outro que esperamos nos fazer felizes não nos fará, porque se quisesse, companheiro, companheira, amigos e até os filhos já teriam se comportado melhor.

Por isso, o caminho está em andar conosco. De mãos dadas com nossa alma, resgatando nossa essência. A mãe precisa ser, antes de tudo, sua principal escolha. Ninguém vai escolher por ela. Não há fada madrinha que irá garantir ao menos uma noite de felicidade.

Se você for esperar para dormir tranquila só quando o filho crescer, isso não acontecerá. É preciso buscar ter uma boa noite de sono agora —eu sei que com bebês pequenos parece impossível. Se você não sair para dar uma volta no parque, colocar uma roupa bonita, se olhar no espelho e se achar linda, ninguém fará isso por você.

Não perca um dia de sol, não deixe os projetos para trás, não permita que sonhos morram dentro de você. Coloque a sua melhor roupa e dê uma volta. Tome um café, um chá, contemple a beleza da existência.

O tempo de ser feliz é agora, mãe. O tempo de ser dar para si mesma, além de ser o esteio dos filhos, é hoje. Traga para você a responsabilidade da sua felicidade, encare-se como sendo a única responsável pelo seu destino. Resgate sonhos, tire projetos do papel.

Reconecte-se com a mulher que você era antes da vida materna. A maternidade —cansativa em muitos pontos porque é, sim, um trabalho braçal— não é a única coisa que te define. Você é mais, você é uma complexidade de papéis. E precisa viver cada um deles.

Fortaleça-se, pois seu filho merece uma mãe forte e inteira, ainda mais em tempos de pandemia.

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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