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Como controlar o tempo de tela dos filhos na pandemia de Covid-19?

Isolamento social expõe filhos a tempo maior de TV, celular e computador

Folhapress
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As pesquisas eram claras sobre o prejuízo da exposição das crianças a telas de TV, celular e computador. A indicação era para que menores de até dois anos nem chegassem perto desses eletrônicos. Já os maiores poderiam até ser expostos, mas com bastante cuidado e controle.

Os danos ao cérebro ainda estavam sendo estudados. Com parcimônia no uso e depois de uma certa idade, havia benefícios. Para os mais novos, a alienação poderia ser fatal. Além disso, há ainda as questões físicas, que envolvem os olhos.

Oftalmologistas alertavam para o excesso de luminosidade e o quanto isso pode fazer mal, provocando a síndrome de olhos secos e, até mesmo, o uso precoce de óculos em casos que o item seria evitado na infância.

Mas veio a pandemia de coronavírus e a exposição das crianças às telas aumentou exponencialmente. E não há muito o que fazer, principalmente no que diz respeito às aulas online. É a única forma de estudar, então, não tem como fugir do computador e do celular.

Além disso, esses equipamentos são os grandes aliados dos pais no home office, quando precisam trabalhar, entrar em uma reunião ou fazer uma ligação importante. É a forma de entreter os filhos, seja de qualquer idade.

Eu mesma sempre fui uma mãe avessa ao uso das telas. Além do controle do tempo de exposição das minhas meninas, as artimanhas utilizadas envolviam passeios ao cinema e ao teatro, idas ao parque, brincadeiras ao ar livre, livros e mais livros, pinturas, brinquedos e algumas viagens.

Mas veio a pandemia e eu não estou dando conta nem de mim, quanto mais de ter energia, criatividade e tempo para encontrar formas de tirá-las da frente do computador, do celular e da TV.

Há muita preocupação e tenho buscado saídas. A primeira providência foi levá-las à oftalmologista que cuida da família há oito anos. Foi a primeira vez que saí de casa para fazer algo que não fosse ir ao supermercado ou à farmácia, três meses após o início do meu confinamento, exatamente no dia do meu aniversário.

Fui ao consultório morrendo de medo, mas deu tudo certo. Nenhuma de nós três foi contaminada pelo coronavírus e os exames de vista mostraram que está tudo em dia. Como elas são maiores e entendem a situação, sempre uso este argumento quando insistem em querer ficar mais um pouquinho ligadas no computador ou no celular: “Está tudo bem porque controlamos o tempo de tela ao qual nossos olhos estão expostos”.

Tenho conversado muito com outras mães e com especialistas para tentar encontrar um caminho que as tire um pouco deste mundo tecnológico, que é tão divertido, mas que pode ser alienante. O consenso tem sido de que parcimônia e controle de horários ainda é a melhor forma para tentar equilibrar o uso dos equipamentos necessários.

E não há que se condenar de todo essa tecnologia que nos cerca. É por meio das telas do celular e do computador que minhas filhas têm contato com o mundo externo, que falam com vó, vô, tios, primo e amiguinhos.

É pela TV que a gente vê lives de shows bacanas e que assistimos filmes e peças teatrais. Dentre os danos da pandemia, o tempo de exposição às telas é só mais um com o qual teremos de lidar no futuro.

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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