Colo de Mãe

Tatá Werneck deu resposta à altura sobre seu corpo três meses após ter Clara Maria

Nosso corpo precisa ser respeitado; usemos a hashtag 'minha barriga, minhas regras'

Tata Werneck com a filha Clara Maria. 'Minha filha é a quarta pessoa bonita que nasce na minha família. Isso para nós é motivo de muito orgulho.' - Instagram/tatawerneck
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Descrição de chapéu Agora

Faz a Tatá. É o novo conselho que tenho dado para as mães, “recém-paridas” ou não, sobre seus corpos. Também serve para mim ao me olhar no espelho. 

Explico para quem não acompanhou o Twitter nos últimos dias (ou acompanhou e perdeu essa, porque as declarações de Paulo Guedes sobre as domésticas dominaram a rede): ao ser questionada por uma seguidora se estava grávida, a humorista, atriz e apresentadora Tatá Werneck, que teve uma filha há três meses, deu uma resposta irreverente e brincalhona, mas à altura.

“Não, amor. Eu tive bebê há três meses, engordei 22 kg e tenho direito de ter uma barriga imensa se eu quiser sem estar grávida. Essa barriga é de comida e talvez cocô, te digo em meia hora”, esclareceu.

Clara Maria
Clara Maria, filha de Tata Werneck e do Rafa Vitti - Instagram/@tatawerneck

Após a repercussão, vieram reportagens explicando sobre o que acomete a apresentadora (90% das mulheres que têm filhos). É a chamada diástase, ou afastamento dos músculos abdominais no pós-parto. Aqui faço um novo adendo: mulheres que sofrem abortos com algum tempo de gestação também podem ter o problema. É uma mãe sem bebê, mas com barriga distendida.

A diástase só é corrigida com cirurgia plástica. Mesmo que a mulher emagreça, sobra aquela barriguinha. Cirurgias do tipo não saem por menos de R$ 10 mil, segundo pesquisa informal com mulheres —conhecidas minhas— que fizeram esse tipo de plástica. Além disso, o pós-operatório é bem complicado e doído.

Está mais do que na hora de naturalizarmos a barriga pós-parto. É preciso encarar que, passados três meses, seis meses, um ano ou cinco anos, muitas de nós ainda teremos esse “inconveniente”. Algumas terão pela vida toda. São nossas marcas. Por que escondê-las ou ter vergonha?

A vergonha do corpo ocorre porque, em uma sociedade da imagem e cada vez mais espetacularizada, a cobrança pela forma dita ideal é imensa.

E muito desse pensamento opressor acaba ganhando força com aval da imprensa. São comuns reportagens que começam com “X meses após dar à luz, fulana de tal apareceu deslumbrante, mostrando a ótima forma”, como se a única coisa que interessasse fosse o corpo da mulher no pós-parto, resumindo a maternidade daquela nova mãe a algo ligado apenas à capacidade de perder a barriga da gravidez em pouco tempo. 

Está mais do que na hora de nos respeitarmos. Por isso, proponho aqui utilizar a coragem das mais novas, que bradam nas redes “meu corpo, minhas regras”, em uma hashtag materna: “minha barriga, minhas regras”.

Mães e mulheres, libertem-se dos padrões! O que não quer dizer que não se pode cuidar do corpo. Cada uma faz o que quiser. Só não podemos aceitar que ditem as regras de nossa aparência.
Eu tive duas gravidezes. Na última, engordei 19 kg, que resultaram em uma bebê de 4,5 kg. Até hoje, não voltei ao corpo de antes.

E quer saber? Está tudo bem. O corpo de antes não me pertence mais, porque eu sou outra. O corpo de antes não é mais o corpo de uma mulher de 30 anos, porque já cheguei aos 40. Com muito orgulho e com amor por mim.

Quem não gosta da minha barriga que debata com o meu cérebro. Quero voltar a fazer atividade física, mas com a rotina da vida profissional, da maternidade e das responsabilidades como dona da casa não tenho o mínimo de ânimo para me movimentar com o intuito de emagrecer.

Tenho duas filhas meninas e, juntas, brincamos sobre a minha forma e os motivos de eu ser como sou. É preciso ter leveza. Eu espero que a geração das minhas filhas se respeite muito mais do que a nossa. Estamos juntas, Tatá!

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem