Thriller trata de maternidade e psicopatia a partir da crueldade infantil
Livro mostra o que acontece quando uma mãe se vê ameaçada pela figura da própria filha
Uma nova leitura da temática abordada em “Precisamos Falar Sobre o Kevin” (livro que virou filme em 2011 com Tilda Swinton), o livro “O Impulso” (R$ 49,90, 328 págs., Paralela) deixaria minha amiga Cris Gercina, colunista deste site, de cabelos em pé. Isso porque leva as questões da maternidade às últimas circunstâncias ao defrontá-las com uma trama com pitadas de terror e psicopatia.
O próprio título da obra passa a trama pregando uma peça safada no leitor: seria apenas um impulso da mãe achar que há algo de errado com a filha ou só um impulso da filha em fazer mal vez ou outra à própria família?
Seria simples demais dizer que o enredo se desenvolve a partir daí. Na verdade, a história é mais soturna que uma simples dúvida materna e vai amarrando o leitor a cada página. Os capítulos levantam mais questões em vez de sustentar o que já foi dito. Uma boa e acertada característica da autora estreante Ashley Audrain (com tradução de Lígia Azevedo). Daí saem sacadas e paralelos com a obra de Lionel Shriver (Em ‘Precisamos Falar Sobre Kevin’, a mãe narra a história do massacre em uma escola que foi cometido pelo filho).
Em “O Impulso” Blythe Connor não quer ser mãe, mas cede ao desejo do marido e acaba desejando ser o melhor possível. Mesmo assim, ela não deseja a filha, Violet, e atravessa uma depressão pós-parto que só torna piores as relações entre elas.
Ao menos sob o ponto de vista de Blythe, pois o marido, Fox, acredita que tudo não passa de uma fantasia da cabeça da mulher. Mesmo que ele seja o favorito da filha, que nunca escolheu estar com a mãe à companhia dele. Acontece que a menina realmente (ou seria a visão da mãe?) tem lá seus traços de frieza e psicopatia.
A trama tem uma reviravolta quando Blythe tem outro filho, Sam, e percebe que com ele é tudo diferente: da afeição ao retorno do carinho. Só que o garotinho morre antes de completar um ano em um acidente para lá de estranho. E a mãe, claro, tem certeza de que a filha empurrou seu carrinho para cima dos carros. Aí os instintos e impulsos de Blythe ficam à flor da pele e ela adentra as profundezas mais soturnas da maternidade. Aquelas que toda mãe observa, mas nem sempre se atreve a vivenciar.
O livro cumpre a promessa de ser um drama psicológico com pitadas de mistério e é um bom thriller. Além de abordar o universo sempre rico da maternidade, a obra lança luz também à perversidade infantil e à crueldade dentro da própria casa. Ótima dica para começar o ano em boa e envolvente companhia.
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Outro bom livro que se debruça sobre questões feministas é “Mulheres de Minha Alma” (R$ 49,90, 238 págs., Bertrand Brasil). Nele, a escritora best seller Isabel Allende fala da experiência de ser mulher e mostra como o feminismo sempre esteve presente em sua trajetória. “A revolução feminista é, provavelmente, a mais importante da história”, cita ela na obra, na qual relembra as mulheres que foram essenciais em sua vida.
MAIS VENDIDOS
FICÇÃO
1 “Box 1984 + A Revolução dos Bichos”, de George Orwell (Cia. das Letras)
2 “Box - o Essencial Sherlock Holmes”, de Arthur Conan Doyle (Aeroplano)
3 “Box - Nórdicos - Os Melhores Contos e Lendas”, vários (Pandorga)
4 “Box - Edgar Allan Poe - Histórias Extraordinárias”, de Edgar Allan Poe (Pandorga)
5 “Drácula - Edição de Luxo”, de Bram Stocker (Pandorga)
NÃO FICÇÃO
1 “Box - Essencial Conquistadores” (Aeroplano)
2 “Sapiens - Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari (Publibook)
3 “Box - O Essencial da Segunda Guerra Mundial” (Aeroplano)
4 “Box - O Essencial da Política”, de Platão (Aeroplano)
5 “A Arte da Sabedoria”, de Baltasar Gracián (Faro)
AUTOAJUDA
1 “Mais Esperto que o Diabo”, de Napoleon Hill (CDG)
2 “Ansiedade”, de Augusto Cury (Saraiva)
3 “O Milagre da Manhã”, de Hal Elrod (Record)
4 “Quem Pensa Enriquece”, de Napoleon Hill (CDG)
5 “A Sutil Arte de Ligar o Foda-Se”, de Mark Manson (Intrínseca)
Fonte: Livrarias Saraiva (de 25 a 31.jan.2021)
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