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Bate-Papo na Web

Após isolamento, volta ao mundo presencial gera ansiedade e apreensão

Muitos não se sentem prontos para retomar o contato humano

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Bares lotados na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, com fim das restrições impostas pela pandemia - Jardiel Carvalho - 22.ago.21/ Folhapress
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Alessandra Kormann

Com a queda constante no número de mortes por Covid nos últimos tempos, a vida começa a voltar a um estado de quase normalidade. A média móvel de óbitos, que chegou a mais de 3.000 no começo de abril (com mais de 4.000 mortes registradas em um único dia), já está em cerca de 200 –o que ainda equivale à queda de um avião por dia, é sempre bom lembrar.

Em São Paulo, todos os estabelecimentos comerciais já operam sem restrições de público e horário desde segunda-feira –ainda é exigido o uso de máscaras, e por mim continuaríamos assim até zerar o número de mortes. Enfim, aos poucos, vamos saindo de trás da tela dos computadores e celulares e voltando para o mundo presencial, seja no trabalho, na escola/faculdade ou em reencontros com amigos. Mas como está sendo essa experiência para quem ficou mais de um ano e meio confinado?

Coletei impressões pelas redes sociais. Muita gente, claro, está comemorando a possibilidade de se reunir novamente com pessoas queridas ou colegas. "Finalmente este pesadelo está acabando e podemos retomar o que nos dá prazer na vida." "Eu nunca me adaptei às chamadas de vídeo, não é a mesma coisa olhar no olho das pessoas de verdade, estar do lado." "Nada substitui isso o contato humano."

Mas muitos também dizem que não se sentem prontos, não só por ainda ter medo do contágio, mas também pela ansiedade que isso gera. "Não sei mais como agir em grupos." "Não estou preparada para isso."

Vale lembrar que os estudantes ficaram a maior parte de dois anos letivos sem o contato diário com os colegas, numa fase da vida em que dois anos representam uma eternidade, além de ser um período profundamente marcante no desenvolvimento da personalidade. O que esse isolamento provocará nessa geração no futuro, só o tempo dirá.

Há quem esteja sentindo necessidade de ir devagar. "Sendo uma pessoa com depressão, a pandemia mexeu muito comigo num lugar de ‘não sair do ninho’ e evitar todas as inseguranças que envolvem interações sociais. Então tenho feito pequenas coisas em espaços que me sinta segura. Ainda não tenho coragem de fazer programas ‘bombados’ tipo barzinhos, baladas e afins, e acho que tudo bem também. O importante é cada um respeitar seu tempo."

Já para outros o medo do contágio ainda prevalece. "Acho que quem sofreu de Covid grave e teve que ficar internado, como no meu caso, fica com fobia social. Ainda não tive convivência social. Por duas ou três vezes recebi visitas de amigos em casa e fiz questão de ficar ao ar livre, com máscara e distanciamento grande. A única vez que sai de casa para visita foi para ver meus netos em um sítio. E, cá entre nós, o medo foi maior que a alegria…"

O fato é que, depois de uma pandemia que deixou mais de 600 mil mortos no país, a dificuldade de readaptação ao mundo presencial é o menor dos problemas. E, como ainda há gente que espalha mentiras criminosas pela internet, vale registrar: se hoje enxergamos uma luz no fim do túnel, é por causa das vacinas. Está provado que as vacinas funcionam, são seguras e salvam vidas, ponto.

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Alessandra Kormann é jornalista, tradutora e roteirista. Trabalhou sete anos na Folha.
Desde 2005, é colunista do Show!, do jornal Agora.

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