Luísa Sonza e Pabllo Vittar comandam busca por trio musical de drags
Reality Queen Stars Brasil começa nesta quinta-feira na HBO Max
Reality Queen Stars Brasil começa nesta quinta-feira na HBO Max
Pabllo Vittar, 28, nunca escondeu que se interessou pela arte drag após descobrir o programa RuPaul's Drag Race, no ar desde 2009 nos Estados Unidos e disponível via streaming no Brasil. Por isso, comandar sua própria competição de drag queens tem um gostinho especial.
Ao lado de Luísa Sonza, 23, ela está à frente do Queen Stars Brasil, que estreia nesta quinta-feira (24) na HBO Max e terá episódios semanais exibidos pelo canal pago TNT a partir de 4 de abril. O reality show procura três integrantes para um trio pop formado por drag queens. Além de um contrato com a Universal Music, as vencedoras receberão R$ 100 mil cada.
"É muito doido porque quando eu olho para a minha história e olho para a história das meninas, eu vejo coisas parecidas", comenta Pabllo durante bate-papo com a imprensa, do qual o F5 participou. "Eu aprendi muito, tive referências e me sinto muito honrada e muito agradecida de poder ser uma dessas referências para tantas outras meninas e meninos do Brasil."
A cantora comemora o fato de que o programa poderá apresentar o universo drag queen para muitas pessoas que ainda não têm familiaridade com ele. "Tem muita gente que não tem muita noção do que é esse movimento queer", avalia. "Justamente acho que a proposta do programa é invadir a casa das pessoas para mostrar diversidade e visibilidade."
Para ela, o programa poderá ser um fator de inclusão e de abertura de diálogos. "É isso que eu quero para o Brasil, que as pessoas se inspirem, saiam das suas bolhas, façam o que realmente querem fazer e do jeito que elas podem", afirma.
"Eu sempre penso nas crianças e nos adolescentes que ainda vivem no escuro, no armário", conta. "Sempre imagino as pessoas assistindo a isso com os pais, com as mães que pensem: 'Isso é massa, isso é pop, é talento, eu vejo tudo isso, meu filho pode ser assim'."
Ela diz que, em casa, teve esse apoio. "Eu tive uma mãe que me falava: 'Você vai ser cantora, e eu te apoio'", lembra. "Acho que o papel fundamental do programa é trazer união nas famílias que não se falam. Eu recebo muitas mensagens de gente que mora com as mães, mas não conversa com elas ou com os pais. Isso me corta o coração."
"Eu acho que é muito bom estar fazendo parte desse projeto que vai levar acalanto para as famílias LGBTQIA+ do Brasil e que vai dar oportunidade para outra geração de drags, que com certeza virá com tudo", comenta.
Sonza, que divide a apresentação com a colega, diz que se sentiu à vontade para aceitar o convite por já saber que Pabllo estaria envolvida. Ela acredita que não será rejeitada por ser uma mulher cisgênero no comando de uma competição de drag queens.
"Desde quando eu tenho medo de recepção de público?", brincou, lembrando os diversos ataques de haters que já sofreu. "Eu sempre me senti confortável, acolhida nesse lugar. Faço parte disso, estou do lado também da Pabllo, que é uma das minhas maiores inspirações e acho que as coisas vão muito além do que os haters podem defender. A nossa união vai além de muita coisa e me sinto sempre muito acolhida por essa turma, então [essa possibilidade] não me assusta muito não."
Falando no assunto, Pabllo diz que conversou com as participantes sobre a possibilidade de elas sofrerem ataques na internet. "Com essa plataforma, elas vão ter o reconhecimento", lembrou. "E isso tem coisas boas e ruins também, como os haters. Então eu tentei passar isso para elas, para que entendessem. Mas ao mesmo tempo me coloquei no lugar de [pensar:] 'Eu ainda passo por isso e eu tento passar por cima disso'."
Sonza também comentou a possibilidade de o programa ser comparado ao Drag Race, por ser a competição de drags mais conhecida do mundo. Ela afirmou que as atrações têm propósitos diferentes.
"Acaba existindo uma inspiração, mas é completamente diferente", comparou. "Tem convivência [entre as participantes, que são confinadas juntas], a avaliação técnica é completamente diferente, muito menos focada em aparência, e mais na voz e na performance. É uma proposta diferente."
As duas apresentadoras encheram as 20 participantes, selecionadas entre quase 500 inscritas de todo o país, de elogios. "As meninas são muito talentosas e eu fiquei muito contente de conhecer as histórias delas, que são tão inspiradoras", disse Pabllo. "A gente aprendeu muito com elas e tenho certeza que as pessoas de casa vão se inspirar também e aprender muito."
Para Diego Timbó, que é um dos jurados da atração (junto com Vanessa da Mata e Tiago Abravanel, o público vai se surpreender com a qualidade das apresentações e com a variedade de histórias de vida. "A gente tem drags do Brasil inteiro", contou. "Tem gente do Norte, do Nordeste. E cada um traz consigo, além da sua história, a sua cultura, que se mistura ali com a cultura pop e com a cultura queer."
"Dentro desse programa, a gente tem todo tipo de sonoridade", adiantou. "Tem gente do samba ao brega, ao sertanejo. Isso enriqueceu muito o nosso projeto. É um projeto que representa o Brasil, representa a arte drag."
Para ele, o fato de o programa alcançar diversos países por meio da plataforma de streaming será um fator importante. "A arte drag brasileira vai ser cada vez mais conhecida como um movimento único", avaliou. "Eu acho que elas [as participantes] vão alcançar o mundo."
"A gente tem figuras extremamente interessantes e acho que elas vão atrair aqueles fãs que admiram, que seguem, que falam da roupa, da maquiagem, o cabelo, o salto", apostou. "Acho que todas as meninas inspiram interesse nosso no comportamento, no talento, na maneira que elas cantam e traduzem a arte delas."
Sobre essa futura geração de drags brasileiras, Pabllo fez uma observação. "Quando eu penso em olhar para o futuro, gosto muito de olhar para o passado", afirmou. "Como era a arte drag há 10 anos no Brasil? Quantas pessoas abriram caminho para que a gente pudesse ser um celeiro de drag queens tão talentosas que estão dominando o mundo?"
"Eu penso muito em Veronika, Marcia Pantera, Silvetti Montilla e tantas outras que vieram aqui quando tudo era mato", disse. "A gente chegou e colheu flores lindas."
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