Em 'Amsterdam', cachorro com guarda compartilhada é o elo entre ex-casal
Série da HBO Max se passa na Cidade do México, mas teve gravações no Uruguai
Série da HBO Max se passa na Cidade do México, mas teve gravações no Uruguai
A série se chama "Amsterdam", mas nada tem a ver com a capital holandesa. Na produção que estreia neste domingo (20) na HBO e HBO Max, o nome faz referência a um esperto cachorrinho que é encontrado na avenida homônima, na Cidade do México, e adotado por um casal.
Nadia (Naian González Norvind) e Martín (Sebastián Buitrón) moram no bairro de La Condesa, espécie de Vila Madalena local, com muitas ruas arborizadas e cafés hipster. Vale ressaltar ainda que parte da série, rodada durante a pandemia, foi gravada em Montevidéu, no Uruguai, onde as condições sanitárias eram mais favoráveis na época.
Já a criação, o roteiro e a direção são do argentino Gustavo Taretto (do sucesso "Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual", de 2011). Apesar de todo o caldeirão cultural em que a série foi produzida, ele afirma que ela é "100% mexicana".
Ele define os dez episódios de 30 minutos como uma "quase comédia romântica". A trama gira em torno do casal citado acima, que "decide se separar, mas não entram em acordo sobre quem vai ficar com o cachorro".
González Norvind diz que concorda com a definição do autor no que diz respeito ao "quase". "Acho que a série vai se distinguir muito por ser quase um gênero nela mesma", avalia. "É romântica, porque estamos tratando de uma relação de casal, mas ao mesmo tempo é a história de um desencontro, mais do que de um encontro."
Por sua vez, Buitrón explica que o casal Nadia e Martín está em um momento de decisão. "Estão chegando aos 30 anos e chegaram a um ponto de maturidade em que vão morar juntos, algo que não é simples seja qual for a orientação deles", conta.
"Eles chegaram nesse momento em que já estão há algum tempo juntos e começam a pensar se poderiam estar melhor, mas de que forma eles podem aliviar os próprios corações antes de destruir o que construíram?", questiona. "Os dois têm uma alma muito sensível e tranquila, então sabem conversar quando estão com problemas, não têm grandes explosões."
"Tem muito subtexto", concorda a parceira de cena. "Mesmo que aparentemente não haja conflito entre eles, há muitas coisas acontecendo embaixo da superfície. Até que chega esse momento de quebra em que você decide que é o momento de se separar, mesmo que por um tempo, para continuar se dando bem com aquela pessoa."
Taretto elogiou os atores escolhidos para interpretar o casal. "Nadia, a personagem que a Naian faz, é muito melhor do que a que eu escrevi", afirma. "E o mesmo ocorre com o Sebastián. Acho que ele é o Martín, é como se eu sequer tivesse criado o personagem. Acho que os dois entenderam perfeitamente que, de algum modo, estão contando o que acontece na geração deles.
O terceiro protagonista é o cãozinho Amsterdam —na realidade, foram usados 3 cachorros diferentes nas gravações. Os atores dizem que, por mais fofo que ele seja, não é simples gravar com animais.
"No final, você percebe que por mais robotizado que possam parecer no começo as indicações feitas ao cachorro, tem um momento em que isso se dissolve e acabamos conseguindo parecer tudo muito natural", comenta Buitrón.
"Não só na nossa interação com o cachorro, mas também em cenas muito específicas em que ele estava sozinho", lembra o ator. "Ele tem que chegar até uma marca, parar, olhar para o lado, fazer xixi numa árvore e por aí vai. Às vezes eram mais de 20 tomadas para que o bicho entrasse no clima, mas foi muito bonito de ver como sempre houve muita paciência para esperar o tempo dele."
"Tem muita diferença entre a dificuldade de conseguir que o cachorro fizesse certas coisas e o resultado", avalia González Norvind. "Parecia que o cachorro tinha iniciativas próprias, que tinha lido o roteiro (risos)."
Ambos atores lembram que o truque usado pelos donos para fazer os cachorros fazerem algumas cenas era prometer um petisco depois do trabalho realizado. "Era algo que eu não sabia e descobri nas gravações", relata ela.
Outro ponto de destaque na série são os números musicais. Isso porque Martín é músico e tem um certo trânsito na cena local, fazendo inclusive com que alguns artistas mexicanos apareçam como convidados. A música "God Only Knows", dos Beach Boys, é uma das que embalam a relação do casal.
"Muito raras vezes a música é extradiegética na série", diz o ator. "Se você escutar música é porque você vai ver gente tocando. Isso é muito importante para não distanciar o espectador daquele universo."
González Norvind também vê a música como um ponto importante da série. "Acho que a música vai falando muito do que os personagens estão passando internamente e não necessariamente externando", conta. "É como se fosse uma ponte entre o espectador e o personagem, para que eles sejam entendidos."
Para os dois, apesar de reproduzir um cenário muito específico da Cidade do México, a série trata de temas universais e que poderão ser apreciados em qualquer país. "Tivemos a sorte de contar com uma equipe de várias nacionalidades, que acrescentou diferentes perspectivas e experiências à história", diz a atriz. "Tem um pouco de ambas as coisas [local e universal]."
"O universal está nas relações afetivas entre os humanos e também com o mascote deles", concorda Buitrón. "E isso pode ser sentido por um japonês, por um finlandês ou por um mexicano."
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