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Cinema e Séries
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Atriz de 'The Crown' se diz feliz por deixar papel de Diana em fase sombria

Emma Corrin entrega personagem agora para Elizabeth Debicki

Emma Corrin no papel de princesa Diana na quarta temporada de 'The Crown' - Des Willie/Netflix
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Trish Bendix
The New York Times

Os fãs da série “The Crown”, da Netflix, estavam aguardando a quarta temporada com interesse especial –seria a temporada de Diana. Emma Corrin, 25, conquistou o papel principal e logo se viu, pouco depois de se graduar na Universidade de Cambridge, como estrela de uma das séries mais populares da televisão, no papel da integrante mais popular da família real britânica na era moderna, interpretando Diana Spencer em sua transformação de uma adolescente precoce e brincalhona de 16 anos em princesa de Gales.

A trajetória de Corrin tem alguma coisa em comum com a de Diana –uma jovem em geral desconhecida que de repente se tornou alvo dos holofotes em todo o planeta. Fãs e críticos em geral apreciaram o trabalho de Corrin, que exibiu uma acessibilidade charmosa e bem fundamentada e uma graça que espelham a imagem pública de Diana, oferecendo um retrato positivo de sua vida pessoal ocasionalmente caótica.

Corrin depois disso seguiu o caminho de uma intérprete anterior de “The Crown”, a premiada Claire Foy, cujo trabalho como rainha Elizabeth 2ª em seus anos de juventude lhe valeu dois prêmios da Screen Actors Guild, um Globo de Ouro e um Emmy, antes de ela ser substituída por Olivia Colman para interpretar uma Elizabeth mais madura.

Corrin conquistou um Globo de Ouro em fevereiro e agradeceu seus colegas de elenco e a equipe da série em um discurso por vídeo; agora, ela foi indicada ao Emmy como melhor atriz em uma série dramática. E, da mesma maneira que Foy, Corrin deixará o elenco de “The Crown” quando a série der seu próximo salto no tempo.

A temporada seguinte já está em produção e nela Elizabeth Debicki interpreta Diana, e Corrin lhe deseja tudo de melhor. (Dominic West assume o papel de Charles, substituindo Josh O’Connor, outro indicado ao Emmy.)

Interpretar um genuíno ícone valeu muita atenção a Corrin, mas talvez nem tanto quanto ela teria recebido caso a pandemia não tivesse acontecido. Ela já tinha diversos papéis importantes em filmes acertados, entre os quais “My Policeman!”, cuja filmagem acabou recentemente e no qual ela contracena com Harry Styles.

Corrin também interpretará o principal personagem feminino em uma nova versão de “O Amante de Lady Chatterley”, sob a direção de Laure de Clermont-Tonnerre. Mas porque a produção da temporada de Corrin em “The Crown” terminou cedo por conta da Covid-19 e estreou durante o período em que muita gente estava presa em casa, no final de 2020, seu impacto não pareceu assim tão tangível, ela declarou em uma entrevista recente.

Isso parece ter mudado, mais recentemente, durante uma viagem de férias à Espanha quando ela curtiu muito ser reconhecida por um barco cheio de homens italianos. “Foi muito estranho. Estávamos no meio do mar e aqueles caras apareceram boiando ao meu redor e me chamando de Lady Di”, disse Corrin, rindo. “São momentos que ainda parecem muito estranhos. E talvez eu jamais venha a me acostumar com isso. O que talvez seja bom, porque seria uma situação altamente desconfortável”.

Em uma entrevista por vídeo, Corrin falou sobre se despedir de Diana e sobre a importância de ter uma pessoa “queer” e não binária interpretando uma figura tão amada internacionalmente. Abaixo, trechos editados da conversa.

Sua temporada de “The Crown” foi em geral bem recebida e valeu 24 indicações ao Emmy para a série, o maior número este ano (empatada com “The Mandalorian”). Como você se sente sobre essa recepção? Foi diferente do que você esperava?
É uma coisa estranha, a expectativa. Eu não sei bem o que eu esperava. Estava um pouco ansiosa para descobrir como as coisas seriam e aí chegou a pandemia e a minha impressão foi a de que as coisas de repente ficaram muito diferentes. Não tivemos uma festa de encerramento para celebrar o final da rodagem e, quando a temporada enfim foi lançada, estávamos em isolamento há um ano e obviamente não pudemos ir aos programas de premiação juntos. Por isso tudo, foi muito estranho. Creio que, em circunstâncias normais, teria sido muito difícil compreender tudo aquilo, e a pandemia tornou as coisas ainda mais estranhas. Por isso, nada do que aconteceu pareceu muito real, especialmente as coisas relacionadas a prêmios.

Lembro-me de que, no meio de tudo aquilo, quando a temporada estava sendo lançada e o elenco estava triste porque não podíamos estar juntos, foi estranho não poder viver nada daquilo em tempo real. A pessoa com quem eu moro disse que ‘a coisa mais importante foi o trabalho que você fez –que, neste momento, todo mundo esteja em casa assistindo à série, e isso significa que estão 100% concentrados no seu trabalho e não nas roupas que você está usando em entrevistas ou nos lugares a que você vai’.

A relação entre Diana e a imprensa, os jornais sensacionalistas, é explorada em “The Crown”. Qual foi a sensação de se tornar uma pessoa conhecida? Isso fez com que você se identificasse mais com Diana?
É uma coisa muito estranha com a qual se acostumar. É uma coisa muito invasiva, intrusiva, que acontece em sua vida. Lembro-me de que, quando consegui o papel, o produtor, Benjamin Caron, me disse que "as coisas vão mudar muito para você quando isso sair. E mesmo quando o papel for anunciado, vai haver momentos em que você se sentirá sobrecarregada ou assustada com o que acontece quando você for seguida ou quando sua foto aparecer no jornal e coisas assim. Você precisa aprender a usar tudo isso, porque era exatamente assim que ela estaria se sentindo. Use todas as emoções que surgirem ao redor disso, use a empolgação, use a curiosidade, use o medo". E isso foi muito útil.

Lembro-me de uma cena que filmamos diante do edifício em que ela morava, quando ela está se mudando de lá e se despedindo de seus colegas de apartamento. Havia muitos figurantes interpretando os jornalistas e para além das câmeras deles, havia as câmeras de filmagem e mais além os paparazzi de verdade. Era um estranho mundo duplicado.

Já vimos as fotos dos novos intérpretes de Diana e Charles. Qual foi a sua reação inicial? Você sentiu alguma tristeza por não poder continuar interpretando o papel dela?
Fiquei muito feliz por ter podido interpretar aquela parte de sua vida, mas a sensação para mim era a de um capítulo muito bem encerrado. Já comecei o trabalho sabendo que não levaria o papel adiante. Vi a foto de Elizabeth (Debicki) e acho que ela parece absolutamente brilhante. E havia fotos de nós duas lado a lado, e me senti realmente especial –como que um sentimento de irmandade, de uma semelhança continuada. Ela foi ver a peça que fiz recentemente em Londres porque é amiga do diretor. Não nos conhecíamos e foi maravilhoso encontrá-la. A sensação era, um pouquinho, a de que conhecíamos uma à outra muito bem, embora isso não seja verdade.

É o tipo de relacionamento que poderia levá-las a trocar informações ou dicas?
Na verdade isso não aconteceu. Não fizemos isso e não conversamos a respeito quando nos conhecemos. A iniciativa teria de vir dela, caso ela tenha vontade de fazer isso, e minha suposição é de que ela prefere fazer o trabalho de seu modo, o que é bom. Ela sabe que estou à disposição, se quiser.

Como você se sente por não ter de levar a interpretação de Diana até o fim, ou seja, até a morte dela?
Eu não tinha pensado sobre isso para se honesta, mas não sei –a sensação é de que é trabalho de outra pessoa. Fico agradecida por não ter de fazê-lo porque sei o quanto fiquei ligada à pessoa que interpretei. Tenho um senso muito grande de proteção quanto a ela.

Você recentemente se declarou “queer” e não binária. Qual você acha que é a importância de ter uma pessoa “queer” e não binária interpretando o papel de alguém tão importante, uma princesa, tão amada em todo o planeta?
Acho que é uma imensa alegria. Minha jornada quanto a isso ainda está evoluindo e é recente. É maravilhoso saber que interpretei alguém que foi de tamanha ajuda para tanta gente nessa comunidade e que apoiou tanto essa comunidade. Acho que eu estaria mentindo se dissesse que interpretar Diana não me ajudou em minha jornada para tudo isso. Ela tinha o coração muito aberto a tudo e explorou tantas coisas. Sinto que Diana me ajudou a explorar grandes profundidades de mim mesma e a realizar uma descoberta profunda do que eu estava sentindo sobre todas as coisas, porque ela era uma pessoa muito complexa. A sensação é ótima. Senti-me honrada.

Que papéis estão lhe oferecendo agora? Existe alguma sensação de que você está sendo rotulada ou você só está estudando papéis que sejam completamente diferentes?
Inicialmente, me mandaram muitos papéis do tipo princesa real. Papéis maravilhosos, mas decidimos bem cedo que precisávamos deixar claro que "não vamos fazer esse tipo de coisa". Mas, para ser bem honesta, o que sempre vai importar mais para mim é a história e como me sinto sobre o trabalho.

Lembro-me de ter dito que queria fazer papéis contemporâneos e aí recebi os roteiros de "O Amante de Lady Chatterley", que começo a filmar em algumas semanas e me apanhei pensando: "Meu Deus!" Eu queria demais trabalhar com Laure, e quando vi a visão que ela tinha para o trabalho e o que queria fazer com ele, decidi imediatamente que estava dentro. E é um filme de época; e por isso tive de engolir o que havia declarado. É uma boa lição sobre manter a mente aberta e não me limitar.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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