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Cena da série

Cena da série "Walker" com Jared Padalecki Divulgação

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Max Gao
The New York Times

ATENÇÃO: Esse texto contém spoilers da primeira temporada da série "Walker'

Mais de um ano depois do assassinato de sua mulher na fronteira entre o México e os Estados Unidos, Cordell Walker (Jared Padalecki) voltou à cena do crime com sua família e com o homem responsável por apertar o gatilho final: Stan Morrison (Jeffrey Nordling), velho amigo da família Walker, secretário do Departamento de Segurança Pública do Texas e recentemente eleito secretário de Justiça do Estado.

Essa reviravolta na trama era um segredo que Padalecki —o astro e produtor executivo de “Walker”, uma versão moderna e repaginada de “Walker Texas Ranger”, série de ação da década de 1990 estrelada por Chuck Norris— vinha guardando desde que a produção do programa começou, no fim do ano passado.

“A grande dificuldade para mim foi ter de enganar meus amigos e família, e meus colegas de equipe e elenco”, disse Padalecki em uma entrevista recente. “Não era uma sensação agradável, mas estou aprendendo a ver essa divisão entre amigo e colega de elenco”.

O episódio final da temporada, exibido no último dia 12 de agosto nos EUA, revelou os acontecimentos que conduziram à morte de Emily Walker (interpretada por Genevieve Padalecki, mulher de Jared) —no Brasil, a série vai entrar no catálogo do Globoplay nesta quinta-feira (26).

Emily estava entregando água a um grupo de imigrantes certa noite, ouve o barulho de uma picape caindo em um buraco, e descobre um grupo de pessoas contrabandeando drogas em uma estradinha de terra na fronteira.

Embora Cali (Katrina Begin) tenha atirado e ferido Emily, foi Stan, com medo da ira de uma poderosa organização criminosa chamada Northside Nation, que disparou o tiro fatal. Dois dias depois do assassinato, Stan e Cali pagaram um homem moribundo, Carlos Mendoza (Joe Perez), para que ele assumisse a responsabilidade pelo crime —até que ele termina inocentado por Cordell, em sua busca dedicada da verdade.

Em uma entrevista por telefone de sua casa em Austin, Texas, Jared Padalecki falou sobre a cena de confissão que tem papel central no último episódio da temporada, sobre a evolução de Cordell Walker, os efeitos de seus 15 anos interpretando Sam Winchester em “Supernatural”, e o breve faniquito que surgiu na internet depois que ele falou sobre sua reação à sequência da série de fantasia, que está em desenvolvimento. Abaixo, trechos editados da conversa.

O que você acha que motivou Cordell a forçar Stan a confessar seus crimes diante de toda a família Walker?
A primeira temporada viu Cordell Walker abalado pelo assassinato de sua mulher, e se esforçando para fingir que tudo estava bem e para se comportar como um bom profissional, mas na verdade passando por um grande abalo, por trás de tudo. Creio que ele compreendeu que a única coisa que poderia convencê-lo a não executar Stan de primeira seria forçá-lo a confessar. Por ser advogado e chefe do departamento de segurança pública, Stan conhecia todos os atalhos, todas as maneiras de escapar. Walker tinha de manter os olhos no objetivo, e foi isso que passava pela minha cabeça [como ator] no final do [episódio] 17 e ao longo de todo o 18: eu precisava pegar aquece cara e forçá-lo a dizer a verdade, e em público.

Eu acrescentei uma linha, no dia da rodagem, ao diálogo em que digo “conte à minha família o que aconteceu”. Na hora, me ocorreu dizer: “Conte à família de Emily”. [Nordling] fez um trabalho muito forte na última cena, como se procurando um meio-termo entre estar envergonhado mas ao tempo aliviado por poder abrir a válvula e deixar escapar toda a pressão que sentia.

Como descobrir a verdade sobre a morte de sua mulher ajuda Cordell a ir adiante?
Ele precisava respirar, e agora está em uma situação melhor. Agora percebe que precisa estar lá para seus filhos, para seus pais, para seu irmão, seus parceiros de trabalho, e para ele mesmo. Veremos na segunda temporada que Walker encontrou algum alívio.

Que influência as histórias sobre famílias separadas na fronteira entre México e Estados Unidos tiveram na série?
Li um artigo de opinião escrito por um policial texano sobre como eles se sentiam compelidos a cumprir seu dever e obedecer a lei, mas que ao mesmo tempo era impossível colocar uma criança de três anos de idade em uma jaula. As pessoas sempre falam sobre a moeda ter dois lados. Mas na verdade ela tem três: cara, coroa e a borda. Queríamos encontrar a borda, a área cinzenta, e realmente explorar isso, falando de alguém que encara o trabalho com a maior seriedade, que coloca a vida em risco para proteger vidas alheias, mas que ainda assim tem um código moral profundo.

Desenvolvemos a série antes da pandemia, e as coisas começaram a fervilhar entre as comunidades e a polícia em diferentes partes do país. E os Estados Unidos no momento não têm grande apetite por policiais brancos, altos e brutos chutando minorias na cara —e nós tampouco, o que facilitou as coisas. [Risos.] Estamos mais interessados na história de um pai ou mãe, de um ser humano, que se vê forçado a fazer escolhas impossíveis.

Como você começou a transformação de Sam Winchester a Cordell Walker, em meio à pandemia, no ano passado?
Já estávamos desenvolvendo “Walker”, e por isso pude dedicar algum tempo a descobrir como o personagem seria. E àquela altura, acredito que Anne [Fricke, a produtora da série] e o pessoal já tinham proposto cinco ou seis histórias. Eu usei aquele tempo de um jeito egoísta, para tentar desenvolver Cordell Walker ainda mais, porque sabia que ia receber a qualquer minuto aquele telefonema para voltar a Vancouver e concluir “Supernatural”.

Fiz 327 episódios daquela série, ou seja, basicamente 2.500 dias completos de filmagem, e todos os outros dias de preparação, de esforço para descobrir quem Sam era, e, por isso, voltar a interpretá-lo não é difícil. Francamente, porque eu sabia o que aconteceria nos episódios finais de “Supernatural”, eu não queria viver como Sam a cada dia, porque era muito triste. [Risos.]

Você ainda se apanha lamentando pelo final de “Supernatural”? Que mudanças a série trouxe para sua vida?
Nós, as pessoas que trabalhavam em e assistiam a “Supernatural”, tivemos sorte por dispor daquele tempo para nos prepararmos para a perda. Mas a perda ainda assim foi trágica, e dramática. Mas, em outro sentido, “Supernatural” não morreu. Continuo a conversar com Jensen [Ackles], Misha [Collins] e o resto do pessoal. Trabalhei em “Supernatural” dos 22 aos 38 anos, e jamais vou negar que meu tempo e minhas experiências na série são parte de quem sou hoje. O personagem continua a ser parte de mim. Eu provavelmente poderia filmar uma cena como Sam Winchester já, porque ele vive em mim, e tenho certeza de que sempre viverá.

Estou sentado em meu escritório agora, e por trás de mim há um quadro com minha última marca de cena. No dia final de rodagem, quando filmamos naquela ponte, a última tomada da série, nossas marcas estavam lá no asfalto. Meu querido amigo [o ator e dublê] Jason Cecchini recolheu as duas marcas —a fita vermelha da minha marca, a fita azul de Jensen— e as colou sobre os cronogramas de filmagem daquele dia, e mandou emoldurar. No dia da despedida, ele nos deu aquelas marcas de presente. Tenho muitas lembranças. Conheci a mãe dos meus filhos trabalhando na série, na temporada quatro, e temos três filhos, agora! Penso tanto sobre “Supernatural” que nem consigo começar a explicar como a série me mudou.

Em junho, você tuitou que estava “arrasado” por descobrir que seu colega de série, Jensen Ackles, e a mulher dele, Danneel, estavam trabalhando em uma sequência de “Supernatural” sem que você soubesse. O que exatamente aconteceu naquela noite?
Eu não sabia do projeto, e eu e ele conversamos, [na manhã seguinte], e ele explicou: “Cara, não temos nada assinado ainda. Não está nem escrito”. Ele sabe e eu sei o quanto “Supernatural” significa para nós dois, e aquilo não era um segredo que ele estivesse tentando guardar, necessariamente. Era algo que ele sentia que ainda nem existia direito. Mas ele me disse depois que me informaria sobre qualquer coisa que acontecesse.

Eu amo Jensen, de verdade. Ele é meu irmão —foi, por anos, e sempre será, não importa o que aconteça. Ele passou mais tempo ao meu lado diante das câmeras do que qualquer outra pessoa provavelmente passará, e conhece meus pontos fortes e fracos mais do que eu, e vice-versa. Respeito sua opinião.

Foi uma dessas coisas que acontecem. Quando a história surgiu online, as pessoas achavam que eu estava participando do projeto. O que eu queria dizer, de verdade, era “ei, não estou guardando qualquer segredo. Não sei coisa alguma sobre isso”. E eu deveria ter tido mais juízo em lugar de declarar alguma coisa e esperar que as pessoas entendessem. É difícil tuitar um tom específico. Quando você escreve online, as pessoas logo acham, “oh, ele não sabia! Os dois vão quebrar o pau! O mundo vai acabar!” E eu: “Não, não, não”. [Risos.] Tento evitar a mídia social ao máximo, por causa disso.

Texto traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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