'Amigas de Sorte' aposta em trio de protagonistas já na maturidade
Filme é estrelado por Susana Vieira, Arlete Salles e Rosi Campos
Filme é estrelado por Susana Vieira, Arlete Salles e Rosi Campos
A falta de bons papéis para mulheres maduras na TV e no cinema costuma figurar entre as maiores reclamações de quem atua nessa área. O filme "Amigas de Sorte", que estreia neste sábado (21) direto no Globoplay, vai na direção contrária, colocando em primeiro plano três mulheres na faixa dos 70 anos.
"A história é divertida, positiva e mostra que independentemente da idade, o importante é ir atrás da felicidade e de seus desejos", conta Susana Vieira, 78, que vive Nelita, uma das protagonistas. "Eu coloquei na Nelita, minha personagem, parte da minha alegria de viver e aproveitar cada minuto da vida."
Já Arlete Salles, 79, que interpreta Nina, lembra que a vida não acaba após os 60. "A vida também se conta dentro da maturidade, a vida não para porque atingimos a maturidade", avalia. "Continuamos com conflitos, com alegrias, com tristezas, paixões, sonhos, a vida não para."
"Então é possível contar a vida através de personagens idosos", afirma. "Almodóvar, por exemplo, gosta das suas protagonistas já com mais idade, assim como o Miguel Falabella que também prefere as suas intérpretes com mais idade."
Rosi Campos, 67, que completa o trio principal como a personagem Rita, também ficou feliz com a possibilidade de mostrar que idade não quer dizer nada. "Eu acho super legal porque são pessoas que têm histórias incríveis de vida", conta.
"Eu acho que o nosso país não dá muito valor para essas pessoas", avalia. "No Japão, por exemplo, eles têm esse culto às pessoas mais velhas, existe um respeito muito grande com essas pessoas, então acho que o Brasil fica devendo um pouco nesse caso."
Na trama, as três personagens são amigas de infância que levam uma vida simples no Bexiga, em São Paulo, mas sonham em ficar ricas ganhando na loteria há 30 anos. Um dia, elas finalmente acertam os números sorteados e decidem fazer uma viagem juntas antes de contar para as respectivas famílias.
O roteiro é assinado por Lusa Silvestre, baseado em um argumento de Fernanda Young (1970-2019) e Alexandre Machado. A direção ficou a cargo de Homero Olivetto, de "Reza a Lenda" (2016). Completam o elenco Otávio Augusto, Klebber Toledo, Julio Rocha, Bruno Fagundes e Luana Piovani.
Em vez de ir para o Pantanal pescar, como contam para as pessoas próximas, as amigas vão parar em Punta del Este, no Uruguai. As filmagens se dividiram entre a capital paulista e a cidade litorânea e cheia de cassinos no país vizinho.
Susana diz que, por lá, as personagens colocam em prática "todo tipo de loucura que lhes vem à cabeça". A atriz diz que identificou com Nelita. "A personagem tem a minha alegria", adianta. "Ela é descontraída, positiva. Ela motiva as amigas que se sentem acomodadas."
"Ela quer usufruir da vida, independente da fase em que está", comemora. "O tempo para ela não passou. Ela segue viva, ativa, feliz, namorando, beijando na boca, aproveitando a vida ao máximo."
Aliás, a atriz considera que o filme foi "a cereja do bolo" da carreira dela, por ter feito pouco cinema ao longo de sua trajetória. E fica feliz da comédia chegar ao público neste momento. ]'Fazer alguém sorrir é uma grande virtude!", afirma. "Estamos vivendo tempos difíceis e poder levar alegria para o público é um privilégio. Fico feliz com essa oportunidade."
Por sua vez, Arlete conta que ela e Susana têm uma relação também fora das telas. "Nos conhecemos há muitos anos, somos amigas, já fizemos vários trabalhos juntas, estive presente na vida pessoal dela e ela na minha", revela. "Então, o convívio em cinema com ela é intenso."
Ao contrário das personagens, ela diz não ter mais amigas do tempo de infância. "Infelizmente não, ficaram tão distantes, tão longe, lá na Usina Mussurepe, no interior de Pernambuco", diz. "Se tornaram apenas nomes, faces já meio desfocadas pelo tempo. Enfim, a vida me trouxe para muito distante delas."
Porém, a personagem se aproxima dela de outras formas. "É uma mulher que enfrenta uma vida de muito trabalho, ficou comandando aquele restaurante lá no Bexiga porque o marido dela é mais acomodado, mais preguiçoso, aquele casamento já velho, sem graça, mas ela não perdeu a capacidade de sonhar e se aventurar", adianta.
"Quando teve a oportunidade saiu daquele lugar e foi para outro, mas por um curto período, não transgrediu as leis matrimoniais", diz. "Ela saiu fora, tirou aquele avental, colocou um vestido bonito e foi viver um pouco, foi se divertir, foi sonhar, foi conhecer outros lugares. É uma mulher corajosa."
Já Rosi diz que ainda tem um grupo de amigas do colégio. "Essa turma se reúne até hoje, antes da pandemia nos encontrávamos sempre para jantar e conversar", afirma. "Também tem um grupo bem forte do colegial, aqui de São Paulo. É importante ver esses grupos, são muito carinhosos e é legal lembrar tudo, altas histórias incríveis de juventude e passeios."
Para ela, Rita é "uma pessoa muito simples, com umas dificuldades normais". "Mas que sempre gostou do que fez, se divertia muito com as outras duas", completa.
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