Fabiana Karla revive Lucicreide em filme e diz que personagem é homenagem a nordestinas
Sucesso no Zorra Total, personagem tinha como bordão 'Desenrola, Carretel!'
Sucesso no Zorra Total, personagem tinha como bordão 'Desenrola, Carretel!'
Fabiana Karla, 45, tinha 14 anos quando criou Lucicreide, uma pernambucana arreliada, que trabalha como faxineira, tem cinco filhos e, apesar de toda a irritação e simplicidade, sabe ser muito acolhedora e é dona de uma sabedoria popular. Em 1991, ainda adolescente, a humorista ganhou o prêmio de melhor atriz em um festival de teatro amador do seu colégio no Recife ao interpretar a personagem, que tinha como um de seus bordões "Desenrola, Carretel!".
Foi Lucicreide que alçou Fabiana Karla ao sucesso nacional. Em busca de uma oportunidade na porta do Projac (hoje Estúdios Globo), no Rio de Janeiro, a artista encontrou o diretor Mauricio Sherman (1931-2019) e lhe mostrou a sua criação. Conhecido por descobrir talentos –foi o responsável por lançar Xuxa e Angélica em programas infantis– ele deu uma oportunidade para a humorista.
Lucicreide estreou no Zorra Total (Globo, 1999-2015) em 2004 –foi mais de uma década de sucesso na atração. "Ela é meu pé de coelho", diz a artista. Agora, três décadas depois do primeiro reconhecimento na escola, a atriz leva à pernambucana arretada aos cinemas. E com viagem marcada para um lugar bem distante.
A ideia inicial do longa surgiu de um desafio que Fabiana Karla propôs ao diretor Rodrigo César. A atriz relata que a personagem é "totalmente inocente" e muito real, e a sua vontade era colocá-la em outro contexto, na Lua, por exemplo. "Aí ele me disse: 'Não, vamos tentar em Marte, que é uma viagem sem volta, na Lua já foram e voltaram'". A partir daí, ao lado dos roteiristas Dadá Coelho, Chico Amorim e Cadu Pereiva, a história foi desenvolvida.
Na trama, após ser abandonada pelo marido e ter de lidar com os cinco filhos que falam ao mesmo tempo, não a obedecem e ainda defendem a avó –sua sogra que vai morar na sua casa após ser despejada– Lucicreide se une, por engano, a um grupo de candidatos para uma viagem sem volta para Marte.
Antes, porém, ela vai ter de passar por uma série de testes na Nasa, a agência espacial norte-americana. Para conseguir a vaga e viajar ao planeta, Lucicreide também tem de enfrentar Luana, uma vilã bem atrapalhada vivida por Adriana Birolli, e a comandante Lee, interpretada por Lucy Ramos, que não vai muito com a cara da faxineira. O elenco ainda é composto por Cacau Hygino (Padre João), Ceronha Pontes (Rosa), Bianca Joy (Débora), Renato Chocair (Arnaldo) e Isio Ghelman (Watson).
Parte das gravações de fato aconteceu na sede da agência especial americana –segundo divulgado, é a primeira produção desde o filme "Armaggedon" (1998) a rodar no local. Primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes (que atualmente é ministro da Ciência e Tecnologia) faz uma participação na obra, assim como o influenciador digital Carlinhos Maia.
Uma das sequências é realizada em um avião que simula gravidade zero. A aeronave partiu de Las Vegas e fez acrobacias sobre o deserto de Nevada. Embora fosse possível filmar essas cenas em um simulador, Fabiana Karla fez questão de gravar no avião. "Se não, como teria essa história para contar e levar o público junto?", indaga. Também produtora do filme, a atriz revela que foi um ano de negociação com a Nasa para conseguir a autorização.
E qual é a sensação de estar em lugar sem gravidade? "É como se você fosse à montanha-russa. Não tem aquele negocinho que dá na barriga? Pense naquilo sendo estendido por vários segundos. Você sente aquilo e flutua. E a sensação de voar, de flutuar é incrível."
Uma mistura de mulheres reais e outros tipos da ficção foram a inspiração para Fabiana Karla criar Lucicreide, quando ainda era uma adolescente. Do universo da comédia, uma de suas referências foi o coronel Ludugero, representado pelo humorista Luiz Jacinto da Silva (1929-1970), e que fez muito sucesso nas rádios de Caruaru nos anos 1960.
A atriz afirma que foi seu pai que a apresentou ao personagem. "O coronel Ludugero falava muito parecido com a Lucicreide. Quando eu era criança, isso me chamava muito a atenção", diz. Outra influência foi Soró Sereno, interpretado pelo ator Arnaud Rodrigues (1942-2010) na novela "Pão Pão, Beijo Beijo" (Globo, 1983). "Eu gostava tanto dele, todo mundo queria um Soró em casa, e eu também."
Aos tipos da ficção, Fabiana Karla uniu ainda às memórias das suas tias e de mulheres pernambucanas reais. "Lucicreide é um mix de emoções. Ela é arreliada, tem um afobamento, mas ela tem ternura também, tem essa coisa do afago, de estar sempre por ali, prestes a ajudar", afirma.
Embora diga considerar o humor uma arma potente para qualquer situação –seja como uma ferramenta que pode "colocar o dedo na ferida" de uma forma mais amena ou como "um pancadão"– neste momento em que o Brasil vive um agravamento da crise do coronavírus, ela aponta que a comédia vem como um alento.
"Lucicreide Vai pra Marte" é, de fato, um filme de entretenimento leve e para toda a família. "A Lucicreide é a minha homenagem mais sincera a todas as mulheres nordestinas", diz Karla.
A estreia do filme "Lucicreide Vai pra Marte", prevista para esta quinta (4), foi cancelada devido às novas medidas de endurecimento da quarentena no país para conter disseminação da Covid-19.
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