Elenco de 'Desalma' narra situações sobrenaturais nos bastidores: 'Foi esquisitíssimo'
Nova série do Globoplay mostra cidade envolta em mistérios
Nova série do Globoplay mostra cidade envolta em mistérios
Cassia Kis como a Haia de 'Desalma' Estevam Avellar/Globo
Não é só na trama que os elementos sobrenaturais dão a cara na série "Desalma", que estreia nesta quinta-feira (22) no Globoplay. Os bastidores, segundo revelaram o elenco e a equipe, também foram recheados de situações assustadoras e inexplicáveis.
"Acredito realmente no sobrenatural, escrevo porque acredito nessas manifestações da natureza", diz a autora Ana Paula Maia durante conversa com a imprensa para apresentar a série, da qual o F5 participou. "A gente mexe com coisas que são muito delicadas."
Ela dá o exemplo de uma cena em que Haia, personagem interpretada por Cassia Kis, invoca Veles (o deus eslavo da abundância e da sabedoria, entre outras coisas). A roteirista relata que quando essa entidade aparece, a temperatura costuma baixar. Durante a gravação, no Rio Grande do Sul, nevou na locação, o que não ocorria há mais de uma década. Também houve cenas rodadas no Paraná e em Santa Catarina.
A trama se passa na fictícia cidade de Brígida. Nela, uma comunidade de descendentes de ucranianos mostra a preparação para a tradicional festa pagã de Ivana Kupala pela primeira vez em 30 anos. Da última vez que foi realizado, o evento marcou a cidade com o desaparecimento da jovem Halyna (Anna Melo), a filha de Haia. A partir daí, diversos mistérios vão se sucedendo na tela, envolvendo desde de possessão até a transmigração de almas.
Cassia Kis, 63, também lembra de algumas situações inusitadas durante as gravações, como um pássaro enorme que quase a atacou em cena e uma ventania exatamente na hora em que ela invocava isso em cena. Simpatizante do budismo, do espiritismo e do cristianismo, a atriz diz que a prova de que algo misterioso estava guiando o projeto foi a reunião de pessoas em torno dele. "Não acho que é por acaso o nosso encontro, tem uma coisa muito forte que comunga a favor disso."
Sobre a personagem, ela define: "É uma mulher só, tem uma história difícil, numa cidade difícil". "Eu gosto de ter a imagem da bruxa como referência para trabalhar [a personagem], isso traz força, solidão, dor... E pode trazer maldade ou não."
Cassia Kis, que perdeu a mãe há dois meses, conta que esse fato a fez mergulhar muito profundamente dentro de si e que já tem uma outra visão da personagem, que também sofreu uma grande perda. "Como nós ficamos amarrados em mágoas e como é importante a nossa evolução", afirma.
"Isso me fez até refletir sobre o aborto que provoquei. Ao todo, tive seis filhos. O primeiro eu provoquei um aborto, o segundo eu tive um aborto espontâneo. Fui buscar evolução nisso e, neste evento que nós estamos vivendo, fui batizar esses dois primeiros filhos, fui incluí-los na minha vida", acrescenta.
Já Claudia Abreu, 50, que interpreta Ignez, melhor amiga de Halyna, lida na série com o filho Anatoli (João Pedro Azevedo). A maternidade é o único sentimento que ela partilha com a personagem. "Esse paralelo entre a maternidade na ficção e na vida real sempre vai existir", diz. "Quando você precisa defender um filho, você vira um bicho."
Para a atriz, Ignez é "uma panela de pressão". "Teve um grande trauma na família dela, ela nunca mais se recuperou, até hoje se trata, é afastada do trabalho e é medicada. E essa medicação faz com que ela fique meio abafada nas sensações dela. Contudo, ocasionalmente, alguma coisa escapa."
Na trama, ela encara a estranha mudança de comportamento de Anatoli. O menino que interpreta o personagem foi muito elogiado pela atriz. "Ele é mais velho do que eu, é um gênio", conta. "É absolutamente estranho no sentido bom da palavra, de ter um entendimento muito superior à idade dele. Tivemos uma troca de igual para igual."
Claudia Abreu lembra ainda que algumas correntes religiosas acreditam que crianças recordam de coisas que viveram em vidas passadas, e diz que esse pode ser o caso. "Não tenho religião, mas acredito no mistério", explica. "Acredito no metafísico, mas não escolhi um dogma. Sou aberta a qualquer coisa, tudo é possível. Só não gosto quando o dogma é imposto, principalmente politicamente."
A atriz rememora um incêndio que ocorreu em uma das gravações. "Foi esquisitíssimo", afirma. "Mas também pode ser que não tenha nada a ver, que tenha tido um curto-circuito."
Ana Paula Maia tem certeza de que o fogo tem a ver com as energias que eles movimentaram. "A cabana pegou fogo e ao redor estava cheio de folhas secas, mas o fogo não se alastrou, ficou só ali", diz. Ela também afirma que o fato ocorreu exatamente uma semana depois de eles terem invocado o deus Veles, mas sem terem feito uma oração para ele —Cássia Kis gravou a prece depois e ela foi inserida na série.
Enquanto isso, Maria Ribeiro, 44, vive a personagem mais cética da trama, a forasteira Giovana. Ela se muda com as filhas para a cidade depois que o marido, que é primo de Ignez, se suicida sem explicações. Ela diz que se identifica um pouco com a personagem.
"Sempre fui cética", afirma. "Fui criada muito católica. Depois que os meus pais se separaram, a minha mãe não podia mais comungar e eu fiquei meio com bode [do catolicismo]. Mas adoro o papa Francisco. Agora eu acredito no mistério, nos sinais, na energia... e estou acreditando em bruxas geral!"
Ribeiro, porém, diz que mais do que cenas com sangue, perseguições ou sustos, o que a deixa sem dormir são as questões existenciais, como de onde viemos e para aonde vamos ou por que existe tudo e não nada. "Essas coisas são bem mais amedrontadoras."
Isso é justamente o terror que a série explora, de acordo com o diretor Carlos Manga Jr. "É um subgênero do terror, é mais complexo", explica. "É um drama sobrenatural, um thriller. A série não é para que você leve sustos. Criamos uma atmosfera que incomoda. O público, mais do que temer, vai se identificar com aquela angústia e ter medo de passar por aquela situação."
Ele diz que tentou trazer a atmosfera de diretores do leste europeu, como o russo Andrei Tarkovsky, o polonês Krzysztof Kieślowski e o austríaco Michael Haneke. Para criar o clima durante as gravações, ele trabalhou com uma compositora que tocava as peças da trilha enquanto os atores faziam suas cenas. "Meu processo criativo é com a música o tempo todo", explica. Já o design de som foi feito pelo alemão Alexander Wurz, o mesmo da série "Dark" (Netflix).
Ana Paula, que é fã de terror desde criança e diz que a série "Arquivo X" foi um divisor de águas em sua vida, concorda que não há sustos gratuitos, mas avalia que não é por isso que os telespectadores sentirão menos medo. "Há sequências assustadoras, sim. Para quem gosta do gênero, 'Desalma' é um prato cheio", avisa. "É uma história envolvente que te leva para lugares sombrios e assustadores também."
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