Filme de Wagner Moura impulsiona buscas por Bolsonaro e Carlos Marighella na internet
Ator afirmou que longa não é resposta ao novo governo
O guerrilheiro brasileiro Carlos Marighella (1911-1969) e o presidente Jair Bolsonaro tiveram os nomes mais buscados na internet na última semana no Brasil devido ao lançamento do filme "Marighella", dirigido por Wagner Moura, no Festival de Berlim.
A associação na busca do Google dos dois nomes em conjunto se deve a uma declaração de Moura à revista americana The Hollywood Reporter na qual ele afirma que o longa não faz menção ao governo Bolsonaro nem a nenhuma outra gestão. Segundo o diretor, reduzir a cinebiografia de Marighella a uma mera resposta ao novo presidente é um erro, embora seja impossível desassociá-la da atual conjuntura política do país.
Além de Bolsonaro, nomes do ator e diretor Seu Jorge, intérprete do guerrilheiro no filme; de Clara Charf, viúva de Marighella; de Carlos Lamarca (1937-1971), militar desertor e guerrilheiro; e de Mano Brown, do Racionais MC's e autor da música "Marighella", também aparecem associados no sistema de buscas do Google.
As buscas por Carlos Marighella atingiram seu nível mais alto dos últimos dois anos em fevereiro, com crescimento de 156% na comparação com janeiro. Entre as principais perguntas feitas na plataforma estão "Quem foi Marighella?" e "Marighella era branco?"
Inspirado na biografia escrita pelo jornalista Mário Magalhães, a produção de R$ 10 milhões acompanha os últimos cinco anos de vida do protagonista. O enredo tem início com as consequências imediatas do golpe militar, em 1964, e prossegue até o assassinato do guerrilheiro, em 1969, numa operação da polícia que é um dos marcos do fim da guerrilha urbana durante a ditadura.
Em exibição para a imprensa no Festival de Berlim, o filme foi recebido sob aplausos. “Marighella” ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Em conversa com os jornalistas na capital alemã, a produtora Andrea Barata Ribeiro afirmou ter ouvido de responsáveis pela distribuição do título, que “o momento não é adequado”. “Mas a gente acha que é totalmente adequado. E se necessário, faremos um lançamento independente”, disse.
Procurado pela Folha, o dono da distribuidora Paris Filmes, Márcio Fraccaroli descartou que o temor político explique essa indefinição. Segundo disse, via assessoria, o calendário de lançamentos “por ora está muito competitivo”. “Tal qual diversos outros filmes ainda sem data de estreia definida, decidiremos o melhor momento”.
Moura crê que vá “enfrentar muita merda” quando voltar ao Brasil, disse, citando a polarização política.
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