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Celebridades

Elke Maravilha, Roque, Pablo, Aracy de Almeida: relembre estrelas do programa Silvio Santos

Diversos artistas, de estilos e personalidades distintas, trabalharam com o apresentador no SBT e ajudaram a imprimir marca própria aos programas do canal

Elke Maravilha, Pablo e Aracy de Almeida - Folhapress/Divulgação
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Rio de Janeiro

Ao longo de pouco mais de seis décadas de carreira, centenas de artistas trabalharam com Silvio Santos em vários programas apresentados pelo comunicador, morto neste sábado (17), aos 93 anos. Uma das atrações mais longevas foi o Show de Calouros. Criado em 1977, ainda na TV Tupi, trazia candidatos exibindo suas habilidades artísticas, geralmente cantores, diante de jurados de personalidades distintas.

Fizeram parte desse time, nos anos 1970, nomes como o maestro José Fernandes (conhecido por dar nota zero sempre), Décio Piccinini, a cantora Aracy de Almeida, Pedro de Lara, a atriz Consuelo Leandro, a vedete Wilza Carla e outros famosos.

A partir do início dos anos 1980, já como SBT, Silvio incluiu mais nomes ao júri: Sônia Lima, Sergio Malandro, Flor, Wagner Montes, Nelson Rubens, Luis Ricardo, Jacinto Figueira Junior, Mara Maravilha, Sônia Abraão, Elke Maravilha, Leão Lobo, e vários outros artistas e jornalistas. O programa vespertino foi pioneiro também ao exibir concursos de transformistas, onde elas dublavam músicas conhecidas. Extinto em 1996, na ocasião chamava-se Novo Show de Calouros. Confira algumas celebridades que participaram da atração em diferentes fases:

Aracy de Almeida [1914-1988]

Dentre tantas figuras notáveis, algumas se destacavam pela versatilidade. Com uma extensa carreira musical, a cantora de samba, Aracy de Almeida ficou mais conhecida como a jurada mal-humorada do programa. Ela e Pedro de Lara eram uma espécie de contraponto aos outros integrantes do júri, adotando uma postura ranzinza —e ao mesmo tempo engraçada.

Aracy gongava sem dó os aspirantes a cantores, muitas vezes usando seu bordão: "Não gostei; dez pau!" e "Quem canta de graça é galo". Ela foi uma das poucas juradas a fazer parte da atração nos anos 1970 e 1980. Araca, como era conhecida entre os amigos, faleceu aos 73 anos de embolia pulmonar.

Elke Maravilha [1945-2016]

Elke era modelo e atriz quando, nos anos 1980, virou jurada no Cassino do Chacrinha. Após a morte do velho guerreiro em 1988, ela foi para o SBT integrar o júri do Show. Dona de um figurino extravagante e frases vanguardistas, ela era adorada pela comunidade LGBTQIA+, e sempre atenciosa com os candidatos a artistas, mesmo quando eles eram desprovidos de talento.

No início dos anos 1990, Silvio deu a ela um talk show onde recebeu figuras como Carlos Alberto de Nóbrega, Jorge Lafond, Angélica e outros, mas o programa foi retirado do ar em menos de seis meses após divergências com o apresentador. Em uma entrevista ao programa Agora é Tarde em 2014, comandado na época por Rafinha Bastos, ela expôs: "O Silvio Santos era um patrão, já o Chacrinha era como um pai".

Pedro de Lara [1925-2007]

Pedro é um dos jurados mais lembrados do SBT, embora tivesse desempenhado a mesma função anos antes, na Buzina do Chacrinha, na TV Tupi, no fim dos anos 1960. Na década seguinte foi trabalhar com Silvio Santos no Show de Calouros, conquistando ainda mais popularidade. Ele fez parte da atração até seu encerramento, em 1996. Depois, participou de diversos programas na mesma emissora nos anos 2000. Pedro era também ator, colunista e radialista, e apesar do personagem ranzinza diante das câmeras, era uma pessoa muito gentil nos bastidores, segundo seus colegas, como Elke.

Em uma entrevista concedida à Folha, em 1999, comentou de forma sarcástica: "Comecei a trabalhar com o Silvio em 1970. O conheço há tanto tempo... Como é a vida, né? Agora ele é um dos homens mais ricos do mundo e eu, um dos mais pobres da classe artística".

Sônia Lima

Antes de se tornar jurada fixa da atração, em 1982, ela foi modelo e também ajudante de palco em quase todos os programas do SBT, exceto o Domingo no Parque. Espontânea e sorridente, Sônia fez parte do Show de Calouros por 14 anos, onde conheceu o também jurado e repórter Wagner Montes [1954-2019]. Em 1987, eles se casaram. Em algumas entrevistas ela descreveu Silvio como um segundo pai. "Ele é meu pai da arte, meu pai da TV, quem me fez tornar a ‘Sônia Lima’".

Mara Maravilha

Silvio Santos não era apenas empresário e comunicador, mas também um descobridor de talentos; foi ele quem notou o carisma da apresentadora Mara, quando ela ainda era uma adolescente. A morena sempre rasgou elogios ao patrão em várias entrevistas: "Ele é um capítulo mais do que especial na minha vida, ele foi a primeira pessoa que me chamou de Maravilha, falar sobre o Silvio Santos não cabe em respostas".

Em outra ocasião, questionada sobre a fama de puxa-saco, rebateu: "Isso não é puxar saco, é gratidão; são valores que, infelizmente, nem todo mundo tem". Mara apresentou vários programas na emissora, como Show Maravilha, TV Powww, Fofocalizando, Jogo dos Pontinhos (quadro), além de fazer parte do júri no Show de Calouros.

Flor Fernandez

Ela fazia jus ao nome e era uma das juradas mais simpáticas e gentis com os calouros. Flor conheceu Silvio quando ainda era criança, entre 1967 e 1968, ao acompanhar o avô ao programa do apresentador para receber um prêmio do Baú da Felicidade. Sua estreia no SBT ocorreu em 1982, com a personagem Bozolinda no Programa do Bozo.

Somente em 1987, ela virou jurada do Show, onde permaneceu até 1996. Após um longo período afastada da mídia, ela voltou à emissora em 2011, no Programa Silvio Santos e, depois, no Fofocalizando. Indagada sobre sua amizade com Silvio, ela respondeu ao UOL: "A minha relação com ele sempre foi de pai televisivo e filha, ele cuidava de mim como uma filha".

Mariette

Ela foi uma das assistentes de palco mais famosas dos anos 1980, quando a expressão sequer existia, na época era ‘telemoça’. Mariette trabalhou com Silvio no início da década no programa homônimo, e logo depois se tornou a primeira auxiliar de palco do apresentador Augusto Liberato ‘Gugu’ [1959-2019] no Viva a Noite. Em 1989, ela trocou o SBT pela Globo, onde atuou em Os Trapalhões. Ao procurar Silvio para informar sobre sua mudança, ouviu do apresentador, "O sonho de todo artista é ir para a Globo, não perca essa oportunidade".

Após dois anos trabalhando com o quarteto, a ‘queridinha do patrão’ como era chamada pelos colegas, retornou ao SBT, onde participou de A Praça é Nossa e Escolinha do Golias. Há 25 anos, Mariette mora em Miami, na Flórida, e além de dar aulas em uma academia de ginástica, é também pintora e se dedica à causa animal.

Ivo Holanda

O rei das pegadinhas começou no SBT em 1981, mas a popularidade veio quando se tornou um dos atores principais das brincadeiras com "câmera escondida" na década de 1990. Apelidado de ‘saco de pancadas do SBT’ pelo patrão, Ivo sobressaía-se pela cara de pau ao botar anônimos em situações constrangedoras pelas ruas.

Ele tem contrato vitalício com a emissora e, assim como os seus colegas, elogiou o empresário em uma entrevista ao UOL em 2016: "Para mim, Silvio é um herói, para chegar nele, eu tremia os olhos, a cabeça, os braços; todo telespectador acha que tenho contato com ele toda hora pela maneira como ele me trata na televisão", disse.

Lombardi [1940-2009]

Luiz Lombardi Netto era a voz inconfundível que anunciava os quadros dos programas e também os produtos em ações comerciais. Foram mais de 40 anos trabalhando com o comunicador, sem mostrar o rosto: o público conhecia (e muito) a sua voz, mas não o dono dela. No início de 2000, algumas raras imagens do locutor vazaram e o público pôde saciar a curiosidade. Em 2009, Lombardi sofreu um infarto agudo em casa e não resistiu. Ele atuava como locutor de rádio e TV desde 1965.

Pablo, do ‘Qual é a música’

Em 1977, sob a alcunha de Pablo, o espanhol Augusto Rodriguez foi o primeiro dublador das canções femininas e masculinas do Qual é a Música. O personagem andrógino criado por ele usava uma pintura facial brilhante, vasta cabeleira loira e fazia muitas caras e bocas. Tornou-se uma figura marcante do programa. Após dez anos no posto, ele deixou a disputa musical entre artistas para se dedicar a outros projetos na Europa, mas a força de seu nome era tão grande que seus substitutos foram apelidados de ‘Pablo’.

Em meados de 2000, um jornal publicou que ele havia falecido, logo ‘Pablo’ esclareceu que se tratava de um boato, e a publicação impressa fez uma retratação. Durante uma entrevista ao portal R7 em 2018, ele declarou, "trabalhar com SS foi uma das melhores coisas da minha vida; um grande homem, um profissional magnífico e bastante a frente da sua época". Aos 67 anos, Augusto vive entre a Espanha e o Reino Unido.

Virginia Lago (A Pablo feminina)

No palco do Qual é a Música, Pablo não estava sozinho. Sua colega Virginia Lago dividia com ele algumas canções. Ela foi descoberta por acaso, quando participou do Show de Calouros, em 1981. Em meados da década de 1980, ela abriu mão da carreira para viver nos Estados Unidos com o marido norte-americano. Aos 61 anos, ela mora no estado da Geórgia, e atualmente se dedica à pintura.

Roque

Gonçalo Roque ou simplesmente Roque, 87, é o fiel escudeiro de palco dos programas Silvio Santos e Topa Tudo por Dinheiro, com a proeza de ter sido o primeiro funcionário contratado pelo SBT. Além de assistente, ele também era animador e diretor do auditório exclusivamente feminino. Em 2019, em uma entrevista concedida ao portal Na Telinha, ele afirmou: "Silvio se tornou um dos homens mais queridos do Brasil, no dia em que esse homem for embora, o Brasil para".

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